Transexual nega devolver dinheiro de programa e é agredida por cliente em Teresina

30/07/2014 12h59


Fonte G1 PI

Imagem: Catarina Costa/G1Vítima ainda com o rosto inchado após ser atingida com soco no maxilar.(Imagem:Catarina Costa/G1)Vítima ainda com o rosto inchado após ser atingida com soco no maxilar.

A transexual Brenda Vitória foi agredida na noite dessa terça-feira (29) durante uma discussão com um cliente em frente do Shopping da Cidade, na Avenida Maranhão, Centro de Teresina. Segundo a vítima, a confusão começou após ela negar a devolver o dinheiro do programa e por esta razão foi agredida. O homem também teria lhe ameaçado. Nesta quarta-feira (30), a vítima esteve na Delegacia de Proteção aos Direitos Humanos para prestar depoimento.

"Eu já tinha feito o programa com ele num motel na Zona Norte da cidade e por volta da meia-noite quando retornávamos para o meu ponto no Centro o jovem começou com grosseria comigo dentro do carro, falou que queria o dinheiro de volta. Ao negar, ele deu um soco no meu rosto, tomei o volante e tirei a chave do veículo", relatou.

A vítima relatou ainda ter saído do carro, mas a discussão continuou no meio da rua. "Peguei a chave e joguei no rio. Mesmo com várias pessoas já presenciando o caso, ele não se intimidou e me deu dois chutes na perna, além disso ameaçou fazer comigo a mesma coisa que fez com minha amiga. Nessa hora lembrei da Makelly e sai correndo até o Shopping da Cidade porque lá tinha algumas pessoas", contou a transexual.

Brenda Vitória destacou ainda que o agressor fugiu a pé e após entrar em contato com o Centro de Referência ao Homossexual encaminhou-se até a Central de Flagrantes para registrar a ocorrência, mas não foi atendida.

"Fui mal atendida lá e depois de esperar bastante me informaram que o caso deveria ser registrado no 1º Distrito Policial. Já na delegacia indicada ainda esperei e só consegui fazer o boletim às 3h desta quarta-feira", destacou.

Um estudante que passava pela avenida chegou a ver o momento em que a transexual e o homem discutiam. A testemunha, que não quis ser identificada, disse ter visto o carro estacionado na Avenida Maranhão e logo percebeu que a vítima estava exausta e que o homem batia bastante nela. “Estava dentro do ônibus e o motorista chegou a buzinar para que eles saíssem do meio da pista. Liguei para a polícia, mas ninguém atendeu. Havia pelo menos 10 pessoas dentro do ônibus e algumas ficaram rindo da situação”, comentou.

Sebastião Escócio, titular da Delegacia Especializada de Proteção aos Direitos Humanos, revelou ter identificado o proprietário do carro através da foto feita pela testemunha, mas que não se trata ainda agressor, que aparenta ser mais jovem. “Faremos o exame de corpo de delito na vítima. A princípio esse caso não tem ligação com o assassinato da travesti Makelly e a polícia ainda procura mais testemunhas para o caso”, disse o delegado.

Para Brenda, a violência contra homossexuais e travestis têm aumentado em Teresina principalmente porque ninguém foi punido até o momento. "Nunca tinha sido vítima de agressão, fico assustada com isso. Logo, estes agressores não sentem medo da polícia, mas alguma coisa precisa ser feita porque senão outras pessoas serão vítimas", declarou.

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