Advogado tenta habeas corpus para Mizael, acusado da morte de Mércia

04/08/2010 08h23


Fonte G1

O advogado de Mizael Bispo de Souza, Samir Haddad Junior, entrará nesta quarta-feira (4) com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP).

Mizael é acusado de cometer o assassinato contra sua ex-namorada, Mércia Nakashima, encontrada morta na represa de Nazaré Paulista.

Na tarde de terça-feira (3), a Justiça aceitou a denúncia contra ele e decretou sua prisão preventiva.

Haddad diz que considera a prisão de Mizael “arbitrária” e afirma que seu cliente não irá se apresentar. “Só aceito uma decisão da Justiça de Nazaré Paulista, por isso que ele não vai se apresentar agora”, diz Haddad.

O delegado Antônio de Olim, responsável pelo inquérito da morte de Mércia, diz que com carros caracterizados monitorava Mizael desde domingo e que ele não voltou nem para casa nem para o escritório dele. As buscas estão concentradas em Guarulhos, na Grande São Paulo, onde o acusado mora e trabalha.

Mizael já fugiu uma vez após ter tido a prisão temporária decretada e voltou à sua casa em Guarulhos com a revogação pela Justiça. Ele chegou a afirmar em entrevista ao G1 que planejava se entregar no caso de uma nova decisão.

A Justiça de Guarulhos também aceitou denúncia contra o vigia Evandro Bezerra Silva. O vigilante está preso temporariamente no 1º Distrito Policial, em Guarulhos, e terá sua prisão convertida para preventiva. Ele deverá ser levado para algum Centro de Detenção Provisória. Evandro e Mizael negam o crime.

A decisão pelo acolhimento da denúncia e prisão dos suspeitos foi do juiz Leandro Bittencourt Cano, que fica no Fórum Central de Guarulhos.

"Ante o exposto, atento ao fato de existir prova da materialidade do delito de homicídio qualificado e suficientes indícios de autoria ou participação, pelos denunciados, é que decreto a prisão preventiva de Mizael Bispo de Souza e Evandro Bezerra Silva", afirmou, na decisão.

"Trata-se de um crime hediondo, premeditado, com requintes de crueldade e extrema frieza em seu cometimento. Sob esta ótica, pode-se constatar que a conduta descrita na denúncia deixa transparecer que se trata de pessoas desprovidas de sensibilidade moral e sem um mínimo sentimento de solidariedade com a vida de seus pares", disse o juiz.

Depois de desaparecer em 23 de maio da casa dos avós em Guarulhos, Mércia foi achada morta em 11 de junho na represa em Nazaré Paulista. O veículo onde ela estava havia sido localizado submerso um dia antes. Segundo a perícia, a advogada foi agredida, baleada, desmaiou e morreu afogada dentro do próprio carro no mesmo dia em que sumiu. Ela não sabia nadar.

Um pescador havia dito à polícia ter visto o automóvel dela afundar, além de ver um homem não identificado sair do veículo e ter escutado gritos de mulher.

Ciúmes

Para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), da Polícia Civil, Mizael matou a ex por ciúmes e o vigilante o ajudou na fuga. Evandro, que chegou a acusar o patrão e dizer que o ajudou a fugir, voltou atrás e falou que mentiu e confessou um crime do qual não participou porque foi torturado.

Ainda segundo o relatório do delegado Antônio de Olim, do DHPP, Mizael e Evandro trocaram diversos telefonemas combinando o crime. A polícia chegou a essa informação a partir da quebra dos sigilos telefônicos dos dois. O rastreador do carro do ex também mostrou que ele esteve próximo ao local onde Mércia sumiu e onde ela foi achada no mesmo dia do crime.

Segundo o promotor Merli Antunes, Mizael foi denunciado por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e dificultar a defesa da vítima) e por ocultação de cadáver, como mentor intelectual e executor do crime. O juiz só não aceitou a denúncia por ocultação de cadáver. “Não encontra suporte probatório para a sua subsistência na denúncia", disse. Segundo o magistrado, ao jogar o carro na represa a intenção era matar a vítima, não ocultar o corpo. “A intenção de jogar a vítima na represa não era de ocultar o cadáver, e, sim, de consumar o delito doloso contra a vida”, afirmou, na sentença.

Evandro vai responder pelos mesmos crimes de Mizael, mas com duas qualificadoras (motivo torpe e dificultar a defesa da vítima), sendo citado pelo promotor como partícipe do homícidio.

“Mizael não aceitava o fim do namoro e queria reatar, por isso matou Mércia. Evandro ajudou no crime porque sabia o que iria ser feito, sabia que Mizael iria matar a ex”, disse o promotor. Ele já indicou 16 nomes para serem testemunhas da acusação.

A defesa de Mizael entende que o caso deve ser acompanhado por um promotor e por um juiz de Nazaré Paulista, onde Mércia morreu. Atualmente, o caso pertence à Promotoria e à Justiça de Guarulhos.

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