Apesar de Justiça mandar liberar estradas, bloqueios seguem na sexta
27/02/2015 09h19Fonte G1
Imagem: DivulgaçãoCaminhoneiros protestam contra aumento do diesel e valor do frete.
A Justiça determinou a liberação das rodovias federais em 11 estados, mas caminhoneiros ainda mantêm bloqueios na Bahia, Ceará, em Santa Catarina, no Rio Grande do Sul e no Paraná nesta sexta-feira (27).
Em Três Cachoeiras, no Rio Grande de Sul, o clima é tenso. A polícia usou bombas de gás para liberar trecho da BR-101. (Veja abaixo a situação em cada estado e aqui os pontos de bloqueio)
A categoria critica o aumento do preço do litro do óleo diesel e o valor pago pelos frentes, que considera baixo.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou nesta quinta-feira (26) que determinou às superintendências da Polícia Federal (PF) a abertura de inquéritos para apurar se ocorreram abusos nos protestos.
Cardozo também disse ter mandado a Polícia Rodoviária Federal (PRF) multar os motoristas que estão bloqueando as estradas federais. Segundo ele, as multas serão utilizadas para identificar quem descumpriu as ordens judiciais de desbloqueio.
Os juízes fixaram multas que variam de R$ 1 mil a R$ 50 mil para cada hora que os manifestantes se recusarem a liberar as pistas.
Imagem: Alessandro Castro/PRFClique para ampliarTropa de choque da PRF atua para liberar a BR-101, em Três Cachoeiras.
Negociações
Sindicatos e associações aceitaram a proposta do governo nesta quarta-feira (25) para acabar com os bloqueios. Entre os pontos do acordo, está a sanção integral da Lei do Caminhoneiro, que regulamenta a profissão de motorista, e o compromisso da Petrobras de que o diesel não sofrerá reajuste nos próximos seis meses.
A Associação Brasileira de Concessionárias de Rodovias (ABCR) divulgou, nesta quinta, uma nota criticando a possível sanção sem vetos da Lei dos Caminhoneiros. A entidade critica os aos artigos que aumentam o sobrepeso dos veículos transportadores de carga e que isentam os que estão vazios do pagamento de eixo suspenso.
O acordo com o governo não contou com o apoio de Ivar Luiz Schmidt, que se diz representante do Comando Nacional do Transporte. Segundo ele, o CNT é responsável por cerca de 100 bloqueios nas estradas.
Como a liderança do movimento não é centralizada, há manifestantes que continuam parados alegando que não foram notificados ou que o grupo que negociou com o governo não tem legitimidade.
Uma nova reunião foi marcada entre caminhoneiros e empresários, com mediação do governo, para o dia 10 de março. O encontro servirá para que as duas partes cheguem a um acordo sobre uma tabela que calculará os novos preços dos fretes.
A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta quinta que a proposta do governo teve "boa recepção" da categoria, apesar da continuidade dos bloqueios em alguns estados. "Esse conjunto de propostas foi divulgado, e a gente tem visto que elas têm tido uma boa recepção [dos caminhoneiros]. Agora, aguardamos."
Decisões judiciais
Divulgadas entre terça e quarta-feira, decisões judiciais impedem os motoristas de fecharem todas as rodovias federais de Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, São Paulo e Ceará, e em 14 municípios de outros cinco estados – Paraná, Goiás, Tocantins, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Como as determinações se referem apenas às rodovias federais, em alguns estados os caminhoneiros têm mantido fechados trechos de estradas estaduais.
VEJA COMO ESTÁ A SITUAÇÃO EM CADA ESTADO:
Imagem: Neurisberg Maia/Arquivo PessoalClique para ampliarCaminhoneiros enfileiraram veículos na BR-116.
CE
Cerca de 45 caminhões seguem estacionados no km 213 da BR-116, no município de Tabuleiro do Norte, interior do Ceará. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF-CE), o protesto é pacífico.
Caminhoneiros fecham uma via da BR-116 e só permitem a passagem de veículos pequenos, ônibus, ambulâncias e cargas vivas.
Estradas de terra e terrenos próximos estão sendo usados como pátio de estacionamento para alguns caminhoneiros.
SC
Os caminhoneiros continuam com bloqueios nas rodovias catarinenses no décimo dia de protestos no estado.
Os bloqueios atingem 30 trechos em 26 cidades do estado. O balanço foi divulgado na manhã desta sexta-feira (27), com informações da Polícia Militar Rodoviária (PMR) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Até as 7h, eram nove pontos bloqueados em rodovias estaduais e 21 pontos em rodovias federais. Os protestos ocorrem em 14 rodovias catarinenses.
Na BR-101 em Itajaí, o impacto da greve dos caminhoneiros é sentido no trânsito da região na manhã desta sexta. Com uma faixa e o acostamento interditado no sentido Norte na altura do km 112,1, as filas já chegam a 10 km naquela direção, conforme a PRF.
Diumar Bueno, presidente da CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) participou da reunião de negociação com o governo na quinta-feira e recomendou que os motoristas de Santa Catarina voltem ao trabalho, mas disse não saber se isso aconteceria. “Nós não temos condição de garantir isso [fim dos bloqueios], porque o movimento foi levantado de forma independente pelos caminhoneiros.”
Cirurgias foram canceladas em dois hospitais do oeste do estado por falta de medicamentos, que não chegaram devido à falta de transporte. Segundo o Sindicato dos Postos de Chapecó, também no oeste, falta gasolina em 90% dos postos de combustíveis da região. A coleta de leite foi suspensa e algumas indústrias pararam a produção.
Imagem: Ramon Rosa/Arquivo PessoalClique para ampliarCaminhoneiros fazem paralisação na PR-218, em Astorga.
PR
Os protestos de caminhoneiros nas rodovias do Paraná completam 15 dias nesta sexta-feira.
Na maioria dos trechos fechados, apenas os veículos de carga, com exceção dos com cargas vivas, são impedidos de seguir viagem.
Oito trechos de cinco rodovias federais, bem como 35 trechos de 21 rodovias estaduais seguiam bloqueados na manhã desta sexta-feira.
Nas rodovias federais, os caminhoneiros descumprem uma determinação da Justiça que impõe multa entre R$ 1 mil a R$ 50 mil por hora de bloqueio em rodovias de Curitiba, de Foz do Iguaçu, Toledo, Guarapuava e Londrina.
Com os veículos parados nas estradas, os protestos começam a refletir em vários setores da economia do estado. Os aeroportos de Cascavel e Foz do Iguaçu estão sem conbustível para as aeronaves.
Também falta combustível em várias cidades, além de alimentos e medicamentos. Indústrias e frigoríficos também tiveram que suspender as atividades por falta de matéria-prima e, em alguns casos, de embalagens.
Sem alternativas de desvio para seguir viagem, cargas de alimentos e insumos estão estragando em vários pontos de bloqueio nas estradas do sul do país. Fornecedores de frutas reclamam ainda de saques de cargas nas barreiras.
O porto de Paranaguá, principal terminal de exportação de produtos agrícolas do país, ficou praticamente vazio, e as exportações começaram a ficar comprometidas. Dos 1.600 caminhões previstos para descarregar na quarta, apenas 255 chegaram. Nesta quinta, até as 9h40, havia 28 veículos no pátio.
No oeste e no sudoeste do Paraná, indústrias suspenderam a coleta de leite e o abate de aves.
Em Umuarama, no noroeste do Paraná, a coleta de lixo comum foi suspensa. De acordo com a Secretaria Municipal de Serviços Públicos, os caminhões não conseguem descarregar o lixo coletado no aterro sanitário que fica na rodovia PR-480, pois o trecho está bloqueado.
Imagem: Alessandro Castro/PRFClique para ampliarBombas de gás são usadas para liberar a BR-101, em Três Cachoeiras.
RS
Os caminhoneiros seguem bloqueando rodovias federais e estaduais do Rio Grande do Sul pelo quinto dia consecutivo.
Na manhã desta sexta-feira (27), as interrupções para o tráfego de veículos de carga ocorriam em 73 trechos de 42 estradas em todo o estado.
Os bloqueios podem aumentar ou até diminuir ao longo do dia, segundo as polícias rodoviárias, que acompanham a manifestação dos caminhoneiros. Nos locais onde há protesto, apenas carros de passeio, ônibus e veículos com cargas vivas são autorizados a seguir viagem.
A BR-101, em Três Cachoeiras, tem um dos pontos mais críticos, com milhares de motoristas parados e onde um caminhoneiro foi preso nesta quinta-feira (26). Nesta manhã, a polícia jogou bombas de gás lacrimogênio e manifestantes começam a se dissipar nesse trecho da rodovia. Segundo a PRF, crianças foram levadas pelos próprios pais para a manifestação. Após ação da polícia, a rodovia foi liberada.
SIGA em tempo real a situação no Rio Grande do Sul
A paralisação dos caminhoneiros já afeta diversos setores produtivos no estado. Indústrias de laticínios e frigoríficos, por exemplo, estão com produção reduzida por falta de matéria-prima e já contabilizam prejuízos. Caso a circulação de mercadorias não seja normalizada, os supermercados afirmam que podem faltar produtos nas prateleiras.
BA
Há pontos de bloqueio na BR-020 e na BR -242, em Luís Eduardo Magalhães, região oeste da Bahia. Os caminhoneiros interceptam os motoristas e, quem quiser aderir ao movimento, é direcionado ao pátio de um posto de combustível.
Segundo a PRF, os manifestantes colocaram faixas, pedras e madeira para fechar a rodovia. Ainda não há informações sobre congestionamento na região.
Em outro trecho da BR-242 (km-870), na saída para Barreiras, a mobilização dos caminhoneiros continua, mas não há bloqueio de pista. Já na BR-020 (km-200), na saída para Brasília, a PRF informou que a situação foi normalizada desde as 5h desta sexta-feira e os caminhões seguem viagem normalmente.
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