Após morte, Hopi Hari não abre por pelo menos 3 dias
01/03/2012 14h04Fonte G1
O parque de diversões Hopi Hari, em Vinhedo, no interior de São Paulo, ficará fechado pelo menos até domingo (4) para que seja feita a perícia em todos os brinquedos do local. Um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) deve ser assinado entre a direção do parque e o Ministério Público (MP) na tarde desta quinta-feira (1º). Em operação normal, o Hopi Hari abre entre sexta-feira e domingo. Na sexta-feira (24), uma adolescente de 14 anos morreu após cair do brinquedo La Tour Eiffel. Segundo o MP e a polícia, a cadeira onde Gabriela Nichimura estava se abriu durante perícia na tarde de quarta-feira (29).A decisão sobre o fechamento temporário do parque foi confirmada pela promotora Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira, pelo advogado do parque, Alberto Zacharias Toron, e pelo delegado titular de Vinhedo, Álvaro Santucci Noventa Júnior, responsável pelas investigações do acidente. A promotora Ana Beatriz Sampaio Silva Vieira divulgou que o local deve ficar fechado por 10 dias, mas o delegado e o advogado do Hopi Hari não confirmam o prazo.
Somente após o laudo oficial da perícia a Promotoria vai analisar se pede que o parque fique fechado por mais tempo. "Se for constatado que o problema se repete em outros brinquedos, podemos pedir a interdição do parque. Nós precisamos ainda de mais testemunhos e o laudo pericial para decidir se vamos tomar essa decisão", explica a promotora Ana Beatriz.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do Hopi Hari para verificar como será feita a devolução do valor pago pelos ingresso no período em que o parque ficará fechado para perícia, mas até a publicação da reportagem, não houve retorno.
Depoimentos
O gerente-geral do Hopi Hari e responsável pela manutenção do parque prestou pela segunda vez depoimento ao delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior e ao MP nesta quinta-feira (1º). O funcionário confirmou que a cadeira que Gabriela Nichimura estava foi desativada há 10 anos e que deve ter sido acionada por outra pessoa de forma manual por algum funcionário, segundo o advogado do Hopi Hari, Alberto Zacharias Toron. No primeiro depoimento, na terça-feira (28), ele informou que era impossível ter havido falha mecânica no equipamento e apontou como falha humana a causa mais provável do acidente.
O gerente de operações do parque seria ouvido na tarde desta quinta-feira, mas o depoimento foi cancelado. O motivo não foi divulgado pela polícia e pelo MP. O engenheiro responsável pelo Hopi Hari, Fábio Ferreira, também deve ser ouvido, mas a data do depoimento não foi marcada, de acordo com o advogado do parque Alberto Zacharias Toron.
Trava se abriu em perícia
O Ministério Público (MP) e a Polícia Civil informaram que a perícia feita na tarde de quarta-feira no brinquedo La Tour Eiffel apontou que a cadeira onde Gabriela Nichimura estava se abre no momento da descida. "A perícia de hoje (quarta-feira) atestou que a cadeira onde ela estava faz movimentos de chicote na descida quando o brinquedo é operado", disse o promotor Rogério Sanches.
Procurado pelo G1, o parque informou via assessoria de imprensa que não vai se manifestar sobre a perícia ou sobre o depoimento dos dos operadores. Em nota divulgada na noite de quarta-feira (29), o Hopi Hari reitera "veementemente a cooperação absoluta com todos os órgãos responsáveis na apuração definitiva do caso".
O delegado que investiga o caso, Álvaro Santucci Noventa Júnior, também confirmou que a cadeira estava com defeito. Ele falou com o perito do Instituto de Criminalística (IC), Nelson Patrocínio da Silva, que esteve no local na quarta-feira. "Quando a atração é colocada em atividade, a trava se levanta e depois dá uma 'chicotada' e abaixa fortemente", explica o delegado. A falha não foi apontada nas perícias feitas na sexta-feira (24), dia do acidente, e na segunda-feira (27).
Imagem: Arquivo pessoal/Reprodução EPTVClique para ampliarFoto mostra Gabriela Nichimura em brinquedo com a família.
Foto mostra onde garota estavaUma foto apresentada pela tia de Gabriela mostra que a garota estava sentada em uma cadeira diferente da apontada por testemunhas. "A investigação estava sendo induzida ao erro. Antes trabalhávamos com a hipótese de que ela teria caído no momento da frenagem. Agora acreditamos que ela se agarrou no colete de proteção. A prima dela disse que ela ficou no nível dos olhos dela, como se ela tivesse 'flutuado' e tentado se segurar no dispostivo de segurança. No momento da frenagem ou até um pouco antes, já sem força para se segurar, ela efetivamente caiu. Ela entrou em uma verdadeira arma. Entrou em um brinquedo fatal", completa o promotor Rogério Sanches.
A Promotoria trabalha com duas frentes de investigações, uma criminal e outra do direito do consumidor, e afirma que houve grau máximo de negligência. Tanto o MP quanto a polícia atestam que o parque sempre afirmou que a cadeira estava inoperante há anos.
"Há uma falha gravísima do parque na medida que ele faltou com o dever da informação. Era dever do parque indicar aos operadores e usuários que aquela cadeira nunca poderia ser utilizada", completa Ana Beatriz. "A constatação muda totalmente o rumo da investigação. Fomos induzidos ao erro", afirmou o delegado Álvaro Santucci Noventa Júnior. A informação incorreta sobre o assento em que a garota estava no momento do acidente foi passada por testemunhas, de acordo com ele.
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