Brasil cria mais de 2 milhões de empregos com carteira assinada em 2021, aponta Caged

30/09/2021 09h00


Fonte folha press


Imagem: ReproduçãoClique para ampliarO país registrou a abertura de 372,2 mil vagas de emprego com carteira assinada em agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdênci(Imagem:Reprodução)

 O país registrou a abertura de 372,2 mil vagas de emprego com carteira assinada em agosto, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdência. No acumulado do ano, são 2,2 milhões de postos criados.

O saldo no mês é resultado de 1,8 milhão de contratações e 1,4 milhão de desligamentos, de acordo com os números mensais apresentados pelo ministério por meio do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).

O saldo positivo em agosto foi influenciado principalmente pelo setor de serviços (que abriu 180,6 mil vagas), que tem sido beneficiado pela vacinação e pela reabertura das atividades. Tiveram destaque segmentos como os de alojamento e alimentação (criação de 33,7 mil vagas) e educação (25 mil).

O setor de serviços é seguido por comércio (77,7 mil), indústria (72,6 mil), construção (32 mil) e agropecuária (9,2 mil).

A abertura de vagas continua a sequência de resultados positivos no mercado de trabalho formal vista ao longo do ano.

No acumulado de janeiro a agosto, o saldo positivo de 2,2 milhões de novas vagas decorre de 13 milhões de admissões e 10,8 milhões desligamentos. O resultado representa uma reversão do registrado no mesmo período de 2020, quando a economia foi mais atingida pela pandemia e houve corte de 849,3 mil vagas.

Bruno Imaizumi, economista da LCA Consultores, afirma que o resultado nos últimos meses está fortemente relacionado ao aumento da mobilidade social, mas que outros fatores devem levar a uma desaceleração nas próximas divulgações.

Um dos fatores para o menor ritmo deve ser o fim de boa parte das garantias do programa de manutenção de empregos (o BEm, ou benefício emergencial, que foi criado durante a pandemia e possibilita à empresa reduzir salário e jornada ou suspender contratos do trabalhador em troca do compromisso de não demitir por um período).

"Teremos novamente uma queda forte, de agosto para setembro, de 700 mil trabalhadores com a garantia provisória de emprego sustentada pelo BEm e pela primeira vez não teremos os efeitos da primeira edição", diz Imaizumi.

Nas contas da LCA, inclusive, o saldo de emprego após ajuste sazonal já tem mostrado um ritmo menor -os números da consultoria apontam que houve desaceleração na criação de postos formais em agosto, de 296,2 mil postos ante 331,6 mil postos em julho.

Outro ponto de atenção é que as sondagens de previsão sobre o emprego feitas pela FGV (Fundação Getulio Vargas) com ajuste sazonal apontam estabilidade ou queda na criação de empregos.

Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia), afirma que a reabertura da economia -em especial, do setor de Serviços- deve ajudar, inclusive, a reduzir a discrepância entre os mercados formal e informal. Mesmo assim, ele diz que a grande questão agora é a continuidade dessa retomada.

"A perspectiva para o fim do ano e para o ano que vem vai ficando menos positiva, com o comércio dando sinais de perda de fôlego", afirma. Segundo ele, a expectativa é de dados positivos, mas mais brandos do que os observados agora.

O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, disse que os indicadores comprovam a recuperação do país. "O Brasil atinge uma marca extremamente importante de 2,2 milhões de empregos formais. Essa recuperação econômica que o Brasil vem fazendo pós-pandemia é extremamente sustentável", afirmou.

Ele afirmou que o programa de manutenção de empregos formais foi o maior do tipo já visto no país, com impacto positivo não só sobre os números do emprego formal como também sobre outros números da economia.

Todas as regiões do país apresentaram abertura de vagas, com a liderança do Sudeste (abertura de 185,9 mil vagas). Em seguida, vieram Nordeste (82,8 mil), Sul (54 mil), Centro-Oeste (29,6 mil) e Norte (19,7 mil).

Onyx aproveitou para defender a flexibilização das regras trabalhistas, que está nos planos do governo desde a campanha eleitoral e que tem a justificativa de formalizar pessoas de renda e qualificação mais baixas. O governo já tentou por duas vezes fazer as mudanças, mas o plano acabou derrubado no Congresso.

"Lamentamos o compreendido por uma parcela do Senado e acreditamos que, no próximo momento de discussão congressual, teremos a aprovação unânime", disse Onyx.

Para o ministro, é preciso criar uma porta de entrada para os trabalhadores menos qualificados em setores como o de Serviços. "Antes de ter uma grande ocupabilidade com carteira assinada, [precisamos] qualificá-las, para que aí sim elas tenham condições de acessar um emprego com carteira assinada", afirmou.

Agora, a equipe do ministério pretende articular para manter a discussão de ao menos parte da MP (medida provisória) 1.045, que fazia flexibilizações na legislação e foi derrubada pelo

Senado, em outra proposta. Mas ainda não está definido como o texto voltaria, se por meio de nova MP ou outro tipo de instrumento legal.

Outros dados, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que a taxa de desemprego recuou para 14,1% no Brasil no segundo trimestre deste ano, mas que o país ainda registra 14,4 milhões de desempregados.

Os números nesse caso são da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), que usa outra metodologia e é mais abrangente ao considerar dados também do mercado de trabalho informal.

Pelas estatísticas oficiais do IBGE, um trabalhador é considerado desocupado quando não está atuando e segue em busca de novas oportunidades, com ou sem carteira assinada. No primeiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego era de 14,7%. Havia 14,8 milhões de desocupados.


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