Condenação de Suzane Richthofen pela morte dos pais completa 4 anos

22/07/2010 10h00


Fonte G1

Imagem: Reprodução/TV GloboClique para ampliarSuzane Von Richtofen, condenada pela morte dos pais (Imagem:Reprodução/TV Globo)Suzane Von Richtofen, condenada pela morte dos pais

O julgamento de Suzane von Richthofen e dos irmãos Daniel e Cristian Cravinhos de Paula e Silva terminou na madrugada do dia 22 de julho de 2006. Há quatro anos, eles foram submetidos ao júri popular pelas mortes ocorridas em 2002 dos pais de Suzane, o engenheiro Manfred e a psiquiatra Marísia, pais de Suzane. Depois de cinco dias de julgamento, eles acabaram condenados pelo duplo homicídio. Os três cumprem pena atualmente em presídios de Tremembé, a 147 km da capital paulista.

Os pais de Suzane foram assassinados enquanto dormiam em sua mansão na Rua Zacarias de Góis, no Brooklin, na Zona Sul de São Paulo, na madrugada do dia 31 de outubro de 2002. O casal levou golpes de barras de ferro na cabeça e Marísia ainda foi asfixiada com uma toalha e um saco plástico.

Suzane, Cristian e Daniel conheceram suas penas às 2h do dia 22 de julho, quando o juiz Alberto Anderson Filho leu a sentença que condenou o trio pela morte do casal. Suzane foi condenada a 39 anos de reclusão em regime fechado e seis meses de detenção no semiaberto, além de multa; Daniel, a 39 anos e seis meses, no mesmo regime da ex-namorada e o irmão, Cristian, a 38 anos e seis meses em regime fechado.

A defesa de Suzane tenta desde o ano passado a progressão de regime para que ela possa cumprir o restante da pena em regime semiaberto. O pedido foi negado pela 1ª Vara de Execuções Criminais de Taubaté, no Vale do Paraíba, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) e pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Os advogados dela entraram com um recurso no Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro deste ano. Em fevereiro, o ministro Ricardo Lewandowski determinou o arquivamento do pedido, pois uma súmula impede o STF de julgar liminares que foram negadas em tribunal superior e ainda não tiveram decisão de mérito (definitiva).

'Perfil dissimulado'
Em julho de 2009, o promotor Paulo José de Palma, da Promotoria de Justiça de Execuções Criminais de Taubaté, no interior de São Paulo, deu parecer contrário à concessão de regime semiaberto a Suzane Von Richthofen. Análises psicológicas de Richthofen apontaram que ela tem um "perfil dissimulado".

Segundo o psicólogo Gilberto Rodrigues, a pessoa dissimulada esconde a verdade emocional. “Quando ameaçada, toda essa bondade, esse carinho, ficam em segundo plano e ela age descontroladamente”, afirmou.

As opiniões dos autores do laudo, porém, diferem quanto à periculosidade de Suzane. Os psiquiatras concluíram que a acusada não tem doença mental que ofereça perigo; já a assistente social e os dois psicólogos foram contra a saída dela da prisão. Conforme parecer da penitenciária, Suzanne é considerada uma presa exemplar.

Relembre alguns pontos marcantes do julgamento:

- Logo no primeiro dia, o interrogatório dos irmãos Cravinhos trouxe uma surpresa. Eles desmentiram todos os depoimentos prestados até então e garantiram que apenas Daniel matou o casal. A nova versão sustentava que Cristian tinha ficado paralisado próximo à janela do quarto e não conseguiu desferir os golpes que mataram Marísia von Richthofen. A versão deles, entretanto, foi rejeitada pela perita criminal Jane Marisa Bellucci. “Seria impossível uma pessoa bater em um, dar a volta na cama e bater no outro”, observou. Os promotores alertaram Cristian que, com a mudança de versão, ele poderia perder atenuantes ganhos com a confissão.

- No dia 19 de julho, Cristian pede para prestar um novo depoimento e o caso toma outro rumo: ele volta atrás e admite que matou Marísia a pauladas. Muito emocionado, afirma que prosseguiu com o plano para proteger o irmão. “Eu tinha que ter dado um murro nesse cara (do irmão, para impedir as mortes), com todo amor que eu tenho pelo meu irmão”, desabafou. A Promotoria acredita que Cristian decidiu mudar o depoimento depois de ouvir a mãe testemunhar. Nadja pediu que a Justiça fosse proporcional ao “crime de cada um”. Os irmãos choraram muito durante o depoimento da mãe, que descreveu Daniel como uma pessoa “dócil”.

- Outro depoimento esperado foi o de Andreas von Richthofen, irmão de Suzane. O testemunho praticamente derrubou as versões sustentadas por Suzane, de que os pais conviviam em um ambiente marcado por brigas e álcool. Andreas pediu que a irmã e os réus fossem retirados do plenário e descreveu como era o relacionamento da família. Ele negou que os pais fossem violentos ou alcoólatras. “Meu pai era um homem muito mais digno do que muita gente aqui”, afirmou.

- O ponto alto do julgamento foi o debate entre defesa e acusação, ocorrido na sexta-feira, dia 21 de julho. A equipe comandada por Mauro Nacif, advogado de Suzane, descreveu a jovem como ingênua e manipulável e Daniel como oportunista. Os advogados queriam provar que a estudante fora vítima de “coação moral irresistível”, prevista no artigo 22 do Código Penal, e que poderia livrar a jovem da condenação ou reduzir bastante sua pena. Já Geraldo Jabur, responsável pela defesa dos irmãos Cravinhos, tentou convencer os jurados a condenar cada um por apenas um homicídio. A defesa alegou que a morte de Manfred não influenciou na de Marísia. A Promotoria, por sua vez, pediu a condenação dos três por duplo homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima). A acusação mostrou o saco plástico colocado na cabeça de Marísia e tentou sensibilizar os jurados descrevendo Suzane como uma pessoa fria e cruel.

- O promotor Nadir de Campos Júnior levou Daniel Cravinhos aos prantos. “É nojento matar alguém e dizer no motel que quer a suíte presidencial. O senhor passou mal na reconstituição porque tinha uma arma e poderia ter atirado no Manfred, mas você bateu, bateu (gritando)”, disse. O aeromodelista chorou compulsivamente e precisou ser retirado do plenário, amparado pelo irmão Cristian.

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