Em quatro dias, escola de Realengo tem 20 pedidos de transferência
18/04/2011 11h44Fonte R7
O diretor da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, Luis Marduk, disse nesta segunda-feira (18) que em quatro dias recebeu 20 pedidos de transferência de alunos para outras instituições. Segundo ele, alguns pais chegaram a desistir de tirar os filhos do colégio. O diretor espera que um número grande de alunos retorne na terça-feira (19), dia previsto para a volta de todas as turmas.- Acredito que sejamos surpreendidos amanhã com este retorno. Diante de todas as manifestações que eu vi desde o dia 7 na escola a procura de recomeço é muito grande. Não vamos retardar este processo. Estaremos de braços abertos para quando qualquer aluno quiser voltar. O objetivo é avaliar a resposta psicológica de cada ator deste massacre antes das aulas recomeçarem.
Ainda de acordo com Marduk, ainda não há uma data definida para a volta às aulas.
A mãe de uma das vítimas do massacre, Renata dos Reis Rocha, 35 anos, voltou ao colégio nesta segunda-feira para buscar o histórico da filha Brenda Rocha Tavares, 13 anos, que sobreviveu ao ataque. Ela disse que a adolescente está traumatizada e não quer mais voltar para a escola.
- Minha filha está traumatizada e nervosa. Ela não quer mais nem pegar os cadernos.
Renata perdeu a filha Bianca Rocha Tavares, 13 anos. A gêmea Brenda foi baleada e permanece internada no Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia).
Nesta segunda-feira, quatro turmas de alunos do 9º ano retornarão ao colégio para atividades culturais e artísticas, como oficinas de poesia, de leitura e pintura. De acordo com o diretor, os estudantes selecionarão mensagens de esperança para fortalecer o retorno à escola.
- A partir de 13h, haverá atividades artísticas, de poesia e leitura. Os alunos selecionarão frases de livros com mensagens de paz e esperança para fortalecer nosso retorno.
A secretária municipal de Educação do Rio, Claudia Costin, chegou à escola às 10h10 para uma reunião com a comissão de pais de alunos, estudantes e professores.
Entenda o caso
Por volta das 8h do dia 7 de abril, Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, entrou no colégio após ser reconhecido por uma professora e dizer que faria uma palestra (a escola completava 40 anos e realizava uma série de eventos comemorativos).
Armado com dois revólveres de calibres 32 e 38, ele invadiu duas salas e fez dezenas de disparos contra estudantes que assistiam às aulas. Ao menos 12 morreram e outros 12 ficaram feridos, de acordo com levantamento da Secretaria Estadual de Saúde.
Duas adolescentes, uma delas ferida, conseguiram fugir e correram em busca de socorro. Na rua Piraquara, a 160 m da escola, elas foram amparadas por um bombeiro. O sargento Márcio Alexandre Alves, de 38 anos, lotado no BPRv (Batalhão de Polícia de Trânsito Rodoviário), seguiu rapidamente para a escola e atirou contra a barriga do criminoso, após ter a arma apontada para si. Ao cair na escada, o jovem se matou atirando contra a própria cabeça.
Com ele, havia uma carta em que anunciava que cometeria o suicídio. O ex-aluno fazia referência a questões de natureza religiosa, pedia para ser colocado em um lençol branco na hora do sepultamento, queria ser enterrado ao lado da sepultura da mãe e ainda pedia perdão a Deus.
Os corpos dos estudantes e do atirador foram levados para o IML (Instituto Médico Legal), no centro do Rio de Janeiro, para serem reconhecidos pelas famílias. Onze estudantes foram enterrados no dia 8 e uma foi cremada na manhã do dia 9.
O corpo do atirador permanece no IML. Ele ficará no local por até 15 dias aguardando reconhecimento por parte de um familiar e liberação para enterro. Caso isso não ocorra, o homem pode ser enterrado como indigente a partir do dia 23 de abril.
Veja mais notícias sobre Brasil, clique em florianonews.com/brasil