'Lindemberg é mentiroso e manipulador', diz promotora
16/02/2012 12h51Fonte G1
A promotora Daniela Hashimoto disse durante o debate deste quarto dia de julgamento de Lindemberg Alves, acusado de matar Eloá Pimentel em outubro de 2008, que o réu é “mentiroso, manipulador e dissimulado”. Daniela falou por uma hora e meia na manhã desta quinta-feira (16) no Tribunal do Júri, no Fórum de Santo André, no ABC. A assistente da acusação dispensou os 30 minutos a que teria direito.“É esse rapazinho, bonzinho, coitadinho, arrependido, que veio aqui pedir perdão, ele fez um pedido sincero em frente à mídia, mas ele é uma pessoa que simula e é dissimuladora”, disse a promotora em relação ao pedido de perdão feito por Lindemberg nesta quarta-feira (15) durante seu depoimento. “Se fosse um pouco mais esperto ou orientado poderia ter dito que foi ao apartamento armado porque temia a reação dos pais de Eloá porque Eloá teria dito que apanhou dele [Lindemberg] dias antes”, completou.
Durante sua apresentação, Daniela manipulou o revólver calibre 32 usado pelo réu para manter Eloá refém. Foi dessa arma que partiu o tiro que matou a ex-namorada do motoboy. A promotora andou com o revólver pelo plenário e puxou o gatilho algumas vezes. “Lindemberg atirou para matar, sim.”
Os trabalhos do Tribunal do Júri foram retomados por volta das 9h50. A defesa de Lindemberg começou a se pronunciar por volta das 12h. Há possibilidade de réplica e tréplica. Só depois, então, os jurados vão se reunir para decidir pela absolvição ou condenação. Passado esse ponto, a juíza vai ler a sentença e definir a pena dada ao réu.
Intenção de matar
Após distribuir cópias dos autos aos jurados - seis homens e uma mulher -, a promotora Daniela Hashimoto disse que Lindemberg já sabia o que iria fazer no apartamento onde manteve Eloá refém por mais de cem horas. "Coloquem-se no papel das vítimas", disse.
Segundo a promotora, uma prova de que o motoboy estava disposto a matar a ex-namorada foi dada quando ele libertou Victor e disse: “Não olhe para trás porque essa porta não é de papel”, teria dito. Ele também teria dito às vítimas que manteve no cárcere, segundo ela, “A PM só vai botar fé em mim se eu matar alguém.”
Para Daniela, o réu manipulou as vítimas e citou a síndrome de Estocolmo, quando a vítima desenvolve confiança por seu agressor ou sequestrador. Ainda segundo a promotora, Lindemberg fez disparos durante o sequestro. “É só para vocês não acharem que eu sou bonzinho”.
Ela pediu a condenação de Lindemberg por todos os crimes que ele é acusado. Além do assassinato de Eloá, o motoboy responde por duas tentativas de homicídio contra Nayara Rodrigues da Silva, amiga de Eloá, e o sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, assim como por cinco cárceres privados (dois com Nayara e o restante com relação à Eloá, Iago Vilera e Victor Campos) e quatro disparos de arma de fogo. Os crimes aconteceram há três anos, durante os dias 13 a 17 de outubro, em um apartamento em Santo André.
“Ele atirou na Nayara e manteve cárcere privado das vítimas. Prova disso é que chegou a colocar arma na cabeça dela”, afirmou a promotora. "Lindemberg finge ser um cidadãozinho, um coitadinho, um bobinho... Ele teve todas as garantias para se entregar e não o fez porque estava determinado a matar Eloá.”
Na quarta-feira, o terceiro dia de julgamento do caso Eloá terminou às 19h40. Lindemberg Alves, acusado de matar a garota, admitiu pela primeira vez durante o júri ter atirado nela dentro do apartamento em Santo André, no ABC, em 2008. Ele falou por mais de cinco horas, contando os intervalos determinados pela juíza Milena Dias. Foi a primeira vez que se pronunciou desde o crime.
Questionado se atirou em Nayara, Lindemberg disse não se lembrar do fato: "Não me recordo". "Quando fui ver, já estava sendo agredido pelos policiais. Foi tudo muito rápido. Não tinha intenção", disse nesta quarta. A promotora Daniela rebateu a afirmação nesta quinta. "A perícia comprovou que a Nayara foi atingida por um projétil de calibre 32. Só o Lindemberg tinha essa arma no dia dos fatos", disse.
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