Madrasta de Joanna é hostilizada em enterro da menina
16/08/2010 08h42Fonte G1
Imagem: Tássia Thum/ G1Clique para ampliarParentes pedem justiça e explicação para a morte de Joanna
Em clima de emoção e revolta, a menina Joanna Cardoso Marcenal Marins, de 5 anos, foi enterrada na tarde desse domingo (15) no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita, na Baixada Fluminense. O pai da criança, o funcionário público André Marins, não compareceu à cerimônia. Cerca de 300 pessoas foram ao enterro. Para homenagear a menina, parentes e amigos da mãe, a médica Cristiane Marcenal, usaram a camiseta " Joanna, nós te amamos".
A menina, que passou quase um mês em coma, morreu no início da noite desta sexta-feira (13).
Desde o nascimento da menina, os pais brigaram na Justiça para ficar com a filha. O pai estava com a guarda desde maio. A madrasta da menina chegou a ir até a porta do cemitério, mas desistiu de acompanhar o velório, após amigos e familiares da mãe de Joanna gritar palavras como “assassina” e “bruxa”. Ela saiu escoltada por um amigo.
Os parentes de Joanna fizeram cartazes pedindo justiça e exigindo esclarecimentos sobre o ocorrido. No sábado (14), familiares da mãe da menina Joanna Marins, de 5 anos, já tinham contestado a decisão da Justiça de dar a guarda da criança para o pai dela.
“Quero que seja apurado tudo o que aconteceu. O pai da menina tem histórico de ser agressivo. Inclusive a Cristiane já registrou queixa em 2007 acusando maus tratos a Joanna. Quero que o culpado seja preso”, disse Liliane Marcenal, prima de Cristiane Marcenal, mãe de Joanna, no cemitério.
A pedido dos defensores públicos que representam a mãe da menina, peritos particulares contratados pela família acompanharam o trabalho dos técnicos do IML. Só depois do laudo, o delegado vai concluir o inquérito sobre os possíveis maus tratos sofridos pela criança. Um outro inquérito sobre o mesmo caso será encaminhado à justiça já na semana que vem.
Ao ser internada, a menina tinha uma marca nas nádegas semelhante a uma queimadura. A criança passou por três hospitais, entre eles o Rio Mar, na Barra da Tijuca (Zona Oeste), onde foi atendida por um falso médico, que receitou um anticonvulsivo e a liberou desacordada.
A produção do RJTV entrou em contato com o pai de Joanna, André Rodrigues Marins, mas ele não quis falar sobre o assunto. O G1 telefonou para o advogado Luis Guilherme Vieira, que representa André, mas não obteve retorno.
Imagem: Reprodução/TV GloboClique para ampliarMédica suspeita de contratar falso médico nega as acusações
Prisão da médica
A médica Sarita Fernandes Pereira e o falso médico, que afirmou ser estudante de medicina, podem responder por cinco crimes, após a morte de Joanna Cardoso Marcenal Marins, de 5 anos, segundo a polícia do Rio.
A pediatra foi presa neste sábado (14) em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio. O aluno de medicina também teve a prisão temporária decretada e é considerado foragido. Eles foram indiciados por falsidade ideológica, falsidade material, tráfico de drogas (porque o estudante teria aplicado um anticonvulsivo na menina) e exercício ilegal da medicina agravado pelo fato de Joanna ter morrido. A polícia deve enviar o inquérito para o Ministério Público na semana que vem.
Na Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), a médica negou as acusações. "Eu acredito na Justiça, acredito na minha advogada e sei que tudo isso vai acabar bem."
Em depoimento a polícia, o falso médico teria dito que Sarita Pereira o contratou e entregou a ele o carimbo com CRM falsificado.
Revolta
A mãe de Joanna disse que não vai descansar enquanto os culpados não forem punidos. "Entreguei minha filha boa no dia 27 de maio para o pai dela, andando, com roupinha com tudo para poder ir pra casa e hoje eu vou enterrar minha filha. Preciso que alguém descubra o que aconteceu, me fale o que houve, porque a gente até agora não tem resposta", afirmou Cristiane Marcenal Ferraz.
Demissão
A direção do Hospital Rio Mar informou que a médica Sarita Fernandes foi demitida e que, como coordenadora do setor de pediatria, ela foi a responsável pela contratação do falso médico. A direção disse ainda que estuda a possibilidade de entrar com um processo cível e um outro criminal contra a pediatra.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio de Janeiro (Cremerj) abriu uma sindicância na quinta (12) para apurar o atendimento.
Confira as últimas notícias sobre Brasil: florianonews.com/brasil
Siga @florianonews e curta o FlorianoNews