Ministro da Saúde lança em São Paulo campanha que deve vacinar 14 milhões hoje

18/06/2011 15h37


Fonte R7

Imagem: Helio Torchi/AEClique para ampliarPadilha vacinou uma menina na UBS no Parque Regina. Em oito Estados, crianças serão vacinadas contra o sarampo.(Imagem:Helio Torchi/AE)Padilha vacinou uma menina na UBS no Parque Regina. Em oito Estados, crianças serão vacinadas contra o sarampo.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lançou na manhã deste sábado (18), em São Paulo, a campanha de vacinação contra a paralisia infantil, que deve vacinar 14 milhões de crianças hoje em todo o país. Padilha vacinou uma menina na UBS (Unidade Básica de Saúde) no Parque Regina.

Todas as crianças de todos os Estados que tiverem menos de cinco anos devem ir aos postos de saúde hoje para tomar as gotinhas da vacina que protegem contra a poliomielite. E, em oito Estados (Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul), os pequenos de um a seis anos de idade vão receber uma injeção que dá imunidade contra o sarampo.

Essas vacinas são oferecidas gratuitamente pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e estão disponíveis durante todo o ano nos postos de saúde, para a imunização de rotina. Mas, de acordo com o Ministério da Saúde, “é fundamental levar as crianças às campanhas de vacinação, porque elas reforçam a proteção da saúde delas”.

As crianças devem tomar a vacina na campanha, mesmo que já tenham sido imunizadas anteriormente.

O horário da vacinação depende da estratégia de cada cidade ou Estado – em São Paulo e no Rio de Janeiro os postos vão abrir das 8h às 17h.

Brasil está livre da pólio desde 1989

No caso da poliomielite, a meta é vacinar ao menos 95% das 14,1 milhões de crianças nessa faixa etária no país. A poliomielite é uma doença infecciosa causada pelo poliovírus selvagem, que pode atingir o sistema central e causar paralisia muscular ou até a morte.

A doença é altamente infecciosa e afeta principalmente crianças pequenas. O vírus é transmitido por meio de água e alimentos contaminados e se multiplica no intestino, de onde pode se alastrar e invadir o sistema nervoso. Com isso, ele pode destruir neurônios motores, que ativam os músculos. O paciente pode ter a chamada paralisia flácida, que atinge principalmente os membros inferiores.

Uma em cada 200 pessoas infectadas acaba ficando paralisada de forma irreversível. Entre essas pessoas, de 5% a 10% morrem porque os músculos envolvidos na respiração ficam paralisados.

Por causa das campanhas de vacinação contra a doença, realizadas no Brasil há mais de 30 anos, o país não registra casos da doença há mais de 20 anos – o último caso foi confirmado em 1989, na Paraíba.

O problema é que o vírus ainda circula em algumas regiões do mundo: em 26 países ainda há casos da doença e em quatro (Afeganistão, Índia, Nigéria e Paquistão) a transmissão é constante. Por isso é preciso continuar vacinando, para que a doença não volte.

Europa vive surto de sarampo

A vacinação contra o sarampo, que começa neste sábado (18) e vai até o dia 22 de julho, também é importante em razão de estar havendo um surto da doença na Europa. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), até abril deste ano 33 países do continente informaram ter, no total, 6.500 casos da doença neste ano. Só a França teve 5.000 casos da doença.

A ideia é proteger melhor os brasileiros antes do período de férias. Nesse primeiro momento, devem se vacinar 10,2 milhões de crianças entre um e seis anos de idade em oito Estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.

De acordo com o Ministério da Saúde, esses locais foram escolhidos para a primeira fase da campanha porque têm maior fluxo turístico, alta densidade populacional e baixa cobertura vacinal nos últimos anos. Os outros Estados vão fazer campanhas de vacinação contra a doença em um segundo momento, de 13 de agosto a 16 de setembro deste ano (veja mais detalhes na tabela acima).

A última grande campanha de vacinação contra o sarampo foi realizada em 2004, então o governo quer aumentar a cobertura vacinal entre as crianças que nasceram nesse período e podem não ter se imunizado contra a doença em vacinações de rotina. Caso menos de 95% das pessoas não estejam protegidas contra a doença, há riscos para o país.

Por causa desse surto na Europa, o governo também recomenda que pessoas que forem viajar para o exterior estejam com a vacinação em dia. O indicado é ir até um posto de vacinação e tomar a dose contra o sarampo ao menos 15 dias antes da viagem.

A diretora de Imunização da Secretaria da Saúde de São Paulo, Helena Sato, diz que, com esse cenário internacional, é muito importante que as pessoas se vacinem.

– Com o período de férias, e os brasileiros indo viajar para o exterior, existe a preocupação de que o vírus seja reintroduzido no país.

O Brasil não registra casos de sarampo contraídos dentro do país desde 2000. Foram registradas infecções pela doença em 2010 e neste ano, mas todos os casos foram de pessoas que viajaram para o exterior.

De acordo com a OMS, o sarampo é a principal causa de morte de crianças no mundo, apesar da existência de uma vacina contra a doença – o Brasil realiza campanhas de vacinação contra a doença há mais de 40 anos.

Segundo a infectologista pediatra Lily Yin Weckx, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), pessoas de todas as idades podem ser infectadas pela doença.

– Quem não é vacinado é suscetível ao sarampo, tanto adulto quanto criança.

O sarampo é altamente contagioso e pode ser transmitido de pessoa para pessoa, por meio de secreções expelidas pelo doente ao tossir, falar ou respirar. A doença pode causar febre, tosse, coriza, diarreia, exantema (manchas avermelhadas na pele) e conjuntivite. O vírus também pode causar pneumonia, levando o paciente à morte.

De acordo com os especialistas, não há qualquer problema em tomar as duas vacinas ao mesmo tempo. Apenas devem evitar a dose as crianças que estejam imunodeprimidas (pacientes que estejam em tratamento contra o câncer ou a Aids, por exemplo, ou outras doenças que afetem o sistema de defesa do corpo contra infecções).

Os pequenos que estiverem com febre acima de 38ºC devem ser avaliados por um médico antes de tomar a dose.

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