PMs que liberaram atropelador são levados para unidade prisional

28/07/2010 09h06


Fonte G1

O cabo da Polícia Militar Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal, acusados de liberar o carro do jovem que atropelou o músico e skatista Rafael Mascarenhas, de 18 anos, foram transferidos por volta de 1h desta quarta-feira (28) para Unidade Prisional da Polícia Militar, em Benfica, no subúrbio do Rio. Mais cedo, a Justiça Militar do Rio decretou a prisão preventiva dos dois.

Segundo a Polícia Militar, o cabo Marcelo Bigon e o sargento Marcelo Leal, do 23º BPM (Leblon), vão permanecer por 30 dias na Unidade Prisional. Mais cedo, o cabo Marcelo Bigon chegou a ser solto após cumprir a prisão administrativa de 72 horas.

Rafael Mascarenhas, filho caçula da atriz Cissa Guimarães, morreu atropelado na madrugada de terça-feira (20), enquanto andava de skate com amigos no Túnel Acústico, na Gávea, na Zona Sul. Segundo a delegada Bárbara Lomba, titular da 15ª DP (Gávea), um dos dois jovens que estavam com Rafael teria contado que dois carros participavam de um "pega".

Entenda o caso

Segundo a juíza Ana Paula Monte Figueiredo Pena Barros, da Auditoria da Justiça Militar do Rio, “a custódia cautelar é imprescindível para o prosseguimento das investigações, uma vez que ainda não foi possível reunir todo o conjunto de provas”. Ainda segundo ela, “há notícias de que os acusadores sentem-se intimidados e pensam em ir para outro local”, argumentou a juíza.

Para a juíza, a prisão dos PMs “é importante para a conveniência da instrução criminal e a garantia da ordem pública, além dos fatos imputados aos indiciados serem de extrema gravidade, sendo crimes que revelam uma inversão total dos valores ensinados na formação de um policial militar”.

Propina
Em depoimento, Roberto Bussamra, pai de Rafael Bussamra, contou que o filho foi coagido a pagar propina para os policiais.

A delegada Bárbara Lomba, da 15ª DP (Gávea), afirmou que os policias podem ser acusados por corrupção passiva e Rafael e Roberto Bussamra por corrupção ativa. Rafael Bussamra ligou para o pai, Roberto, que pagou R$ 1 mil aos policiais após o acidente. O pedido dos policiais, segundo ele, teria sido de R$ 10 mil.

A delegada Bárbara Lomba, da 15ª DP (Gávea), afirmou que os policias podem ser acusados por corrupção passiva e Rafael e Roberto Bussamra por corrupção ativa. Rafael Bussamra ligou para o pai, Roberto, que pagou R$ 1 mil aos policiais após o acidente. O pedido dos policiais, segundo ele, teria sido de R$ 10 mil.

Jovem que estava com atropelador
O jovem que estava no banco do carona do atropelador de Rafael Mascarenhas prestou um novo depoimento na 15ª DP (Gávea), nesta terça-feira (27). Segundo a polícia, André Liberal terá que esclarecer como foi a abordagem feita pelos dois PMs, que são acusados pelo pai do atropelador de pedir propina.

O advogado Paulo Márcio Klein, que defende o rapaz, revelou que seu cliente teve medo de entrar no carro dos PMs e que ele não sabia da negociação de propina. Este foi o segundo depoimento de André Liberal, de 19 anos, que também participou da reconstituição do atropelamento, na madrugada desta terça, no Túnel Acústico, na Gávea, na Zona Sul do Rio.

André Liberal deixou a 15ª DP (Gávea), onde o caso é investigado, por volta das 19h desta terça-feira, após cinco horas de depoimento. Segundo o advogado Paulo Márcio Klein, o estudante contou à delegada Bárbara Lomba que não olhou o velocímetro do carro de Rafael Bussamra, mas teve a sensação que o carro estaria a 90 km/h.

Paulo Márcio Klein afirmou, ainda, que o carro onde estava Rafael, assim como os carro dos amigos que o acompanhavam, não receberam multas por excesso de velocidade nas proximidades e na entrada do Túnel Acústico, onde aconteceu o acidente. Segundo o advogado, o carro do atropelador estava um pouco à frente do outro veículo dos amigos.

Missa de sétimo dia

A missa de sétimo dia da morte do músico começou por volta das 19h45 desta terça-feira (27), na Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. A crimônia foi encerrada com o pai do jovem, Raul Mascarenhas, tocando uma música que fez para o filho ao saxofone.

Esse sax era dele, eu mesmo mandei pra ele, mas ele escolheu outro instrumento (Rafael tocava guitarra). Que o meu anjo esteja no céu. É muita emoção, muita dor. Eu agradeço todo o apoio. É duro", disse Raul já do lado de fora da igreja.

A saída dos convidados da Igreja Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, foi ao som da música "Canção da América", de Milton Nascimento.

Entre os presentes estavam os atores Carolina Dieckman, Rodolfo Bottini, Antônio Grassi, Patricia Pillar, Patrycia Travassos, Lilia Cabral, Teresa Seiblitz, Samara Filippo, Ana Beatriz Nogueira, Marieta Severo, Renata Sorrah e Bel Kutner.

Polícia reconstitui acidente em túnel
A Polícia Civil do Rio fez na madrugada desta terça-feira (27) a reconstituição do atropelamento que provocou a morte de Rafael Mascarenhas. A chamada reprodução simulada mostrou que os carros seguiram emparelhados momentos antes do acidente. Segundo os investigadores, Rafael Bussamra, que confessou que atropelou o músico, admitiu que estava a, pelo menos, 90 km/h.

O trabalho nos túneis Acústico e Zuzu Angel, que ligam a Gávea a São Conrado, na Zona Sul do Rio, durou mais de cinco horas. Além de Rafael Bussamra, os três rapazes que estavam com ele e dois amigos do músico, ambos skatistas, participaram da reprodução simulada. Dois irmãos do músico também acompanharam as investigações.

Os policiais militares que interceptaram o motorista envolvido no atropelamento do músico não foram chamados para participar da reconstituição.

Os peritos fizeram novas medições e usaram um reagente químico para tentar encontrar manchas de sangue que apontariam o ponto exato do atropelamento. Cada um dos envolvidos foi ouvido separadamente. Entre outros pontos, a polícia quer esclarecer qual a velocidade em que os carros estavam e se os jovens participavam de um “pega”.