Viúva deve depor nesta quarta sobre morte de ganhador da Mega-Sena
30/11/2011 12h12Fonte G1
Imagem: Alexandre Martins/Arquivo PessoalClique para ampliarAdriana chega ao Fórum de Rio Bonito, onde deve prestar depoimento nesta quarta-feira.
O depoimento da cabeleireira Adriana Almeida, viúva de do ganhador da Mega-Sena, o ex-lavrador René Sena, morto em 2007, é aguardado para esta quarta-feira (30), terceiro dia de julgamento dos quatro acusados do assassinato. Adriana é acusada de ser a mandante do crime e chegou por volta das 10h50 ao Fórum de Rio Bonito, na região das Baixadas Litorâneas, onde aconterá a audiência.
A expectativa da juíza Roberta dos Santos Braga Costa, da 2ª Vara de Rio Bonito, é ouvir sete testemunhas, sendo duas de acusação e cinco de defesa. Em seguida, acontecerá o depoimento dos quatro réus, incluindo a viúva Adriana Almeida.
No total, 52 testemunhas serão ouvidas, sendo 33 de defesa e 19 de acusação. O júri é presidido pela juíza Roberta dos Santos Braga Costa. A decisão caberá a um júri popular, formado por cinco homens e duas mulheres.
A promotora Priscilla Naegelle acredita que a sentença será favorável à filha de René Sena, Renata Sena, que trava uma disputa com Adriana pela herança. "Nós temos várias provas, incluindo interceptações telefônicas que apontam a Adriana como mandante do crime", afirmou a promotora.
O assistente de acusação, o advogado Marcus Rangone, contratado pela filha da vítima, disse que após a sentença ser proferida, a filha do milionário pretende se mudar para fora do país. "Está mais do que provado que Adriana tinha interesse na morte do Renê", afirmou o advogado, confiante na condenação da viúva do milionário.
Alguns dos dez irmãos de René Sena também chegaram ao fórum nesta manhã para acompanhar o terceiro dia de sessão. Eles entraram com uma ação na Justiça para anular o testamento deixado por René que previa a divisão da fortuna apenas entre Renata e Adriana.
De acordo com o advogado contratado pelos irmãos, Sebastião Mendonça, o ex-lavrador tinha feito anteriormente um testamento que dividia a herança entre os irmãos, um sobrinho e a filha de Rene, Renata. "Estima-se que atualmente o patrimônio deixado pelo Rene seja de R$ 60 milhões entre fazendas, coberturas e imóveis de luxo. Além do mais, cerca de R$ 44 milhões em aplicações financeiras estão bloqueados pela Justiça", disse Mendonça.
Duas testemunhas ouvidas na terça
Na tarde de terça-feira (29), duas testemunhas foram ouvidas - o ex-administrador da fazenda onde morava René Senna e o ex-amante de Adriana.
O ex-administrador da fazenda disse que trabalhou apenas um mês para René Sena. Ele contou que acompanhou a chegada dos funcionários, que teriam sido contratados por Adriana para fazer a segurança do milionário. O homem disse ainda que a vítima era manipulada pela mulher.
Em seguida, prestou depoimento o motorista de van, que na época do crime era amante de Adriana Almeida. Ele contou que a cabelereira comprou um apartamento em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, enquanto René era vivo. Segundo o motorista, Adriana prometia que o levaria para morar com ela no imóvel. O homem também relatou à Justiça que ouvia comentários sobre constantes brigas entre Adriana e René Sena.
Atraso
O primeiro dia de julgamento começou com seis horas de atraso. A viúva do milionário chegou ao fórum pouco antes do início da sessão. Durante o julgamento, ela chegou a chorar e os réus foram advertidos pela juíza porque conversavam entre si. No primeiro dia foram ouvidas seis testemunhas, entre elas Renata Sena, filha da vítima. A previsão é de que a Justiça leve em torno de três dias para ouvir as testemunhas e anunciar a sentença.
Os ex-seguranças da vítima - o ex-policial militar Anderson Silva de Sousa e o funcionário público Ednei Gonçalves Pereira - já foram condenados a 18 anos de reclusão, cada um, pelo assassinato de René Senna e pelo crime de furto qualificado. O julgamento dos dois foi em julho de 2009, segundo o TJ.
Prêmio de R$ 52 milhões em 2005
Ex-lavrador, René Senna, ficou milionário em 2005, ao ganhar R$ 52 milhões no prêmio da Mega-Sena. Diabético, ele tinha perdido as duas pernas por causa de complicações da doença, e levava uma vida simples em Rio Bonito. Com o dinheiro, comprou casa para os irmãos, um quadriciclo para circular e uma fazenda na cidade, onde mantinha centenas de cabeças de gado. Com medo de sequestro, ele havia contratado seguranças. Apesar de ter enriquecido, René mantinha hábitos simples, como o de beber com amigos num bar próximo de sua fazenda.
Em 2006, começou a namorar a cabeleireira 25 anos mais nova que ele. Ela abandonou o emprego e foi morar com ele na fazenda, junto com dois filhos do primeiro casamento. Segundo parentes do milionário, ela passou a usar roupas caras e a circular num Mercedes-Benz, acompanhada de seguranças.
René Senna foi morto a tiros na manhã de 7 de janeiro de 2007, no Bar do Penco, perto de sua propriedade, por dois homens encapuzados, que estavam numa moto. Ele estava sem os seguranças. No dia do enterro, começaram as primeiras supeitas da família do ex-lavrador contra a viúva, que tinha passado o réveillon com um amante em Arraial do Cabo, na Região dos Lagos do Rio.
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