Casamento real aquece 'indústria de sósias' na Grã-Bretanha

25/04/2011 12h51


Fonte G1

Imagem: Divulgação/Andy WalkerClique para ampliarExcesso' de cabelo distingue Andy de William (Imagem:Divulgação/Andy Walker)Excesso' de cabelo distingue Andy de William

Quem olha assim, de relance, tem a impressão de ver o Príncipe William, segundo na linha de sucessão do trono britânico, sentado logo ali, no banco da frente no vagão do metrô. Os traços do rosto lembram bem os do neto da Rainha Elizabeth II, com exceção do cabelo, mais cheio em relação ao verdadeiro. Se antes a semelhança era motivo de brincadeira dos amigos, agora o inglês Andy Walker, 25 anos, tira proveito. Desde o anúncio do noivado do príncipe com Kate Middleton, em novembro, o trabalho como sósia tem rendido um bom dinheiro e o fez até sair do emprego. A procura tem sido tão alta que agências do ramo reclamam da falta de Williams.

"Meu telefone não para de tocar. Estou com a agenda completamente tomada, com trabalhos todos os dias da semana", conta, animado. Walker era gerente de uma empresa que presta serviços de segurança. Tinha o sonho de entrar para a polícia, mas deixou tudo para trás. Com um diploma universitário em arqueologia, ele planeja uma guinada na carreira. Tem feito curso de atuação e a sua vontade é virar apresentador. "Quero trabalhar na mídia", diz o jovem, que mora há cerca de 45 minutos de Londres, na cidade de Datchet, perto de Windsor.

Kate Bevan, 22 anos, também deixou o emprego pelo mesmo motivo: ser sósia da noiva do príncipe, Kate Middleton, em tempo integral. A xará e sósia trabalhava numa farmácia, mas agora passa a maior parte da semana com o look montado: geralmente vestido azul royal, cópia do usado no anúncio do noivado real, maquiagem caprichada e fotógrafo no seu encalço.

"Estou adorando. Não sei como vai ser depois do casamento, se continuaremos sendo solicitados. De qualquer forma, como tenho formação técnica, consigo voltar para uma farmácia se não der certo. Então, não me preocupo. Por enquanto, estou curtindo", afirma a jovem, que é de Staffordshire, no norte da Inglaterra. "Tenho ido direto a Londres para fotografar, vale a pena."
Os trabalhos dos sósias incluem desde sessão de fotos para veículos de mídia e aparições na TV a participações em festas corporativas e inaugurações.

Para o engenheiro civil australiano Simon Watkinson, 29 anos, outro que tem a cara do príncipe, o mais divertido foi ter voado de helicóptero até Ilha de Wight, ao sul da Inglaterra, para o lançamento de um empreendimento imobiliário.

“Quando cheguei, tinha um tapete vermelho, uma bandinha tocava e um grupo de umas 200 pessoas agitava bandeirinhas. Uma senhora veio me dizer que havia conhecido a minha mãe anos atrás e que ela era maravilhosa", diverte-se, ao se referir à Princesa Diana. Em outro trabalho, foi até a Noruega, levado por uma revista de fofoca.

Quando chegou em Londres há cerca de quatro anos, ele nem imaginava que um dia estaria se passando pelo príncipe William. "Sempre comentavam que eu me parecia com ele e eu cheguei a pensar nisso, mas foi minha namorada quem enviou minha foto para a fotógrafa Alison Jackson."

Desde o anúncio do noivado real, ele tem se desdobrado para fazer projetos de engenharia durante o dia e, à noite e finais de semana, trabalhar como sósia. “Nem é tanto assim em termos de dinheiro, não é como as pessoas imaginam, mas é muito divertido.”

E a sua nova carreira como sósia até o fez rever suas ideias a respeito da monarquia. "É que, na Austrália, a rainha é vista como uma chefe de Estado que não decide muito. Mas, vivendo aqui na Inglaterra, pude ver como muitas pessoas amam a família real. Então, é bom tê-la por perto."

Susan Scott que o diga. Dona de uma das principais agências de modelos sósias do Reino Unido, ela conta que, desde o anúncio do noivado real, a maioria dos pedidos é de Williams e Kates, e que a demanda só aumentou com a proximidade do casamento. "Cerca de 90% dos trabalhos é para sósias ."

Ela só reclama de uma coisa: o baixo número de sósias do William em relação à Kate. "Temos 41 sósias da Kate, mas apenas 3 Williams, e, geralmente, como as empresas pedem o casal, ficamos limitados." O valor pago varia muito conforme o tipo de trabalho e o tempo de duração, mas um sósia não sai de casa por menos de 500 libras por dia. "E, quanto mais perto da data da cerimônia, mais esse valor sobe. Pode até dobrar."

Para a fotógrafa e artista Alison Jackson, 50 anos, a fascinação pelas celebridades faz parte de toda sociedade, mas, com a família real, é ainda maior. "Somos bombardeados pela mídia com notícias sobre os famosos. E a realeza inspira mais curiosidade, um verdadeiro voyeurismo em massa, porque tudo é envolto num certo mistério. E o Príncipe William foi esperto, porque conseguiu manter muito bem a sua privacidade."

Aclamada pelo seu trabalho com sósias, Alison publicou três livros de fotos e chegou a receber um Bafta, principal premiação da TV e do cinema britânicos, pela série cômica na BBC "Double Take", que mostrava "famosos" em cenas constrangedoras.

"Na foto, tento traduzir a personalidade da pessoa real para ficar mais plausível e convencer quem a estiver vendo. E, para dar mais veracidade, faço num estilo 'paparazzi', como se fosse uma foto 'roubada', por uma fresta de porta, por exemplo", conta.

No seu terceiro e último livro, lançado neste mês, o tema é o casamento real. Em "Kate and Wills Up the Aisle" (do inglês, "up the aisle" quer dizer algo como "corredor acima", ou "subindo o correndo", numa referência ao corredor da igreja), Alison traz sósias do casal William e Kate em posições pouco ortodoxas, como o príncipe na cama com a noiva em trajes íntimos ou então os dois brincando com uma coroa. "É o que todo mundo imagina, mas nunca vai ver de verdade."

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