Jovem afegã mutilada que posou para a "Time" será operada
07/08/2010 12h16Fonte GP1
Imagem: Efe/Cortesia TimePolêmica capa da "Time" deste mês; jovem afegã de 18 anos que sofreu mutilações será operada na Califórnia (EUA)
Uma jovem afegã de 18 anos que posou para a controversa capa da revista "Time" deste mês, exibindo o nariz e as orelhas mutiladas como forma de denunciar a crueldade do Taleban contra as mulheres, será operada na Califórnia, oeste dos Estados Unidos. Segundo a publicação, Aisha foi mutilada pelo marido como punição por ter fugido de casa. A jovem, que se casou ainda adolescente e fugiu por causa dos maus-tratos que sofria do marido, disse que seu castigo foi aplicado com a aprovação de um comandante taleban, que aceita tal tipo de punições contra as mulheres que se rebelam contra as suas leis.
A moça, que foi acolhida por uma ONG, viajou aos Estados Unidos para ser operada, confirmou à AFP a presidente da Fundação The Grossman Burn, Rebecca Grossman.
"A intervenção foi doada pelo cirurgião plástico e reconstrutivo Peter Grossman e pela equipe do centro The Grossman Burn, situado no Hospital West Hills", em Los Angeles, informou Grossman, sem dar maiores detalhes sobre a operação.
A foto do rosto desta jovem mulher, publicada na capa da edição da primeira semana de agosto da revista americana, acompanhada do título "What happens if we leave Afghanistan" (O que acontece se deixarmos o Afeganistão), causou polêmica.
O título serviu de "gancho" para uma reportagem com fortes implicações políticas sobre a permanência militar dos Estados Unidos no país asiático, com enfoque na situação das mulheres que vivem sob o domínio do regime taleban.
DENÚNCIA
O chefe de redação da "Time", Richard Stengel, escreveu um editorial para este número, explicando a escolha da capa.
"Nossa imagem da capa é poderosa, horrível e perturbadora. (...) A publicamos para mostrar qual é a situação no terreno. (...) Nosso trabalho é dar contexto e perspectiva a um dos temas de política externa mais complicados dos nossos tempos", explicou Stengel.
Atualmente, a administração do presidente Barack Obama alcançou seu pior nível de popularidade após o vazamento de documentos militares secretos que levantaram o debate sobre a guerra no Afeganistão e as possíveis atrocidades cometidas pelas forças lideradas pelos Estados Unidos.
Segundo pesquisa realizada em 3 de agosto, a campanha militar liderada por Washington no Afeganistão é mais impopular do que nunca entre os americanos: 43% dos entrevistados consideraram que os Estados Unidos cometeram um erro ao enviar tropas. Um total de 38% pensavam assim antes da divulgação na internet de 92 mil documentos confidenciais pelo site Wikileaks, de acordo com o estudo do instituto de pesquisas Gallup e do jornal "USA Today".
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