Após perder 30kg, Fani cita queda de trabalho e foca na faculdade
07/06/2019 14h09Fonte Revista Quem
Fani Pacheco chegou aos 37 anos com 30 quilos a menos e consciente de que o peso a mais ou a menos não interfere na sua autoestima e sensualidade. A ex-BBB conta que a fase plus size foi muito importante em sua jornada de autoconhecimento."Você pode ser sensual dentro daquilo ali também. Como fui um símbolo sexual magra, quis fazer ensaio sensual quando plus size para mostrar que todas as mulheres poderiam ser sensuais. Isso me trouxe uma liberdade e descobri naquele momento que eu representava muitas mulheres. Pude mostrar que o amor próprio e a autoestima não têm nada a ver com peso. Cresci muito por viver um universo que era diferente do meu", relembra ela, que na época teve um canal sobre assuntos plus size e fez muitos trabalhos como modelo.
Atualmente com 68 quilos e vestindo manequim 38, Fani afirma não se importar com algumas críticas que recebe nas redes sociais por ter emagrecido. Ela explica que teve que perder peso não por questão estética, mas para controlar a diabetes.
Imagem: Thais Barboza/Divulgação
"Recebo algumas críticas na rede social. Coisas do tipo: Não era feliz gorda?. Algumas pessoas que não acompanharam minha história ficam debatendo lá o fato de eu ter emagrecido e desconsideram que eu fiquei pré-diabética e resolvi emagrecer por conta disso. Tem gente que fala que fiz bariátrica, plásticas e uma monte de besteiras. Eu rio dessas pessoas que optam por despejar suas frustrações em mim. Isso não me incomoda. Só me mostra que as pessoas estão doente."
Estudando Medicina em Rio Comprido, no Rio de Janeiro, Fani tem outra forma de levar a vida. Ela conta que a prioridade são sempre os estudos e que como qualquer estudante, não tem dinheiro para gastar com coisas supérfluas.
"Sou uma universitária e não posso gastar muito dinheiro. Então, quando emagreci, fui em uma loja de departamento e comprei um monte de calça jeans e blusa. Minha roupa é de estudante agora", explica ela.
Os trabalhos como modelo tiveram uma queda após ela deixar o mercado plus size. Mas Fani não tem tido tempo para fazer outra coisa além de estudar. Atualmente, ela estuda em período integral e tem feito aulas práticas em hospitais.
"Senti uma queda nos trabalhos como modelo porque estava fazendo muito trabalho para o mercado plus, mas também, do terceiro período em diante, a faculdade começou a ficar mais integral ainda. Agora no quarto período, a gente já está no internato. Temos aula e prática em três hospitais. A gente já tem contato direto com pacientes e é muito mais puxado. De qualquer forma, eu realmente tenho que me dedicar a faculdade. Quase nem penso mais em trabalho. Só quando sobra tempo ou nas férias. Meu foco é a faculdade."
Imagem: Thais Barboza/Divulgação
Como a Fani chega aos 37 anos?
A Fani de hoje enxerga as pessoas como um todo e aceita seus valores e verdades mesmo que não sejam os mesmos que o dela. Hoje entendo que as pessoas são resultados de sua história. Não é pelo fato de terem crenças atitudes e valores diferentes do meu que elas merecem menos respeito e amor. A Fani de hoje é mais de bem com a vida e sem grandes ansiedades urgências. Estou mais adaptada ao modo que a vida se apresenta. A Fani de agora é mais leve do que quando tinha 22 anos. A forma de ver a vida mudou. A vida está mais fácil de viver. Os problemas sempre vão existir, mas consegui chegar em um nível que não preciso ao dar peso a eles. Consigo olhar para o lado bom e com a visão otimista que tudo se ajeita. É muito mais fácil viver assim.
O que a fase plus size significou para você?
Foi muito importante a fase plus size porque todas as fases são importantes na minha vida. É um ciclo que se inicia e é importante fechar. Me fez amadurecer em diversos aspectos. Me descobri com a doença de compulsão alimentar. Eu não entendia eu estar tendo como único prazer na vida a comida, que aquilo foi em decorrência do luto. Fiquei aliviada de saber que tinha cura e tratamento. Não por eu ter engordado, mas por aquilo ser uma compulsão e uma doença. Perdi todos os prazeres e só tinha esse. Também tive a possibilidade de entender o que as pessoas sofriam quando ela estavam muito acima de seu peso padrão. Pude dividir a minha visão de aceitação. A beleza estética não tem a ver com padrão estético, mas com você se arrumar dentro daquele manequim. Sinto falta do meu canal, da troca que tinha na época com as pessoas. Mas hoje me completo com a faculdade.
Sua autoestima hoje é inabalável?
A autoestima não é inabalável. Depende da fase da vida. É impossível todos os dias estar 100% plena. O que é inabalável é a não desistência de continuar o meu processo de autoconhecimento. É esse conhecimento que me ajuda no processo de manter minha autoestima bem. Essa moda de amor próprio custe o que custar não existe. É só aparência porque está todo mundo maquiado, arrumado e bonito. Não é todo dia que a gente está com vontade de estar assim. Esse amor próprio 100% tem que estar muito fundamento no autoconhecimento para não se tornar uma arma contra você mesma e para não se tornar uma frase fake ou apenas uma imagem. Se não é bem trabalhado pode desencadear doenças como transtornos alimentares e depressão.
A terapia é essencial para esse modo de pensar?
Faço psicoterapia desde os 14 anos e foi reconstruída aos 30 anos com o luto da minha mãe. Foram fases de grandes mudanças. Aos 14 descobri que minha mãe era esquizofrênica e ninguém tinha me contado. Tive que aprender a separar a doença da pessoa, a cuidar dela e de mim. Aos 31, tive que aprender a cuidar de mim em primeiro lugar. A minha mãe era o meu amor próprio, eu cuidava dela em primeiro lugar. Não posso esquecer de quem eu sou e para isso preciso saber quem eu sou. Estou em constante mudança.
Imagem: ReproduçãoFani Pacheco
Você emagreceu por uma questão de saúde. Como estão os seus exames hoje?
Meus exames estão perfeitos. Voltei a praticar exercícios e alimentação saudável na maior parte da semana, está tudo ótimo. O resto é uma questão de manter, um ajuste de percentual de gordura para poder ficar ainda mais tranquila e relação a dar minhas escapadas. Estou com 68 quilos de peso, porem com 15% de gordura e tenho 1.66 metro de altura. Estou com gasto calórico basal bem alto. Isso me permite ter um consumo calórico bem alto sem armazenar gordura e sem corre risco de desenvolver alguma doença e aumento de taxas em exames que possam ser prejudiciais.
Quais são os seus objetivos hoje aos 37 anos?
Quero continuar fazendo faculdade, ajudar pessoas da forma que eu puder. Quando me formar, vou poder ajudar muito mais. Esse é meu propósito de vida. Eu acredito que a gente tem que ter um sentido de existência. Esse significado tinha se perdido com a morte da minha mãe e agora a medicina e psiquiatria é um significado de existência para mim. O cuidar tem a ver comigo.