Ary Fontoura sobre vitalidade aos 91: "Não me aborreci tanto quanto deveria"
02/12/2024 09h03Fonte Revista Quem
Imagem: Reprodução/InstagramAry Fontoura
Ary Fontoura é um dos grandes exemplos que nos vem na mente quando se fala de vitalidade. Não só pela longevidade de seus 91 anos, mas pela forma como abraça a vida com muito carisma nas redes sociais e novos projetos na carreira artística. Dentre eles, a adaptação cinematográfica da peça de comédia Loloucas, de Heloísa Perissé e Maria Clara Gueiros, ainda sem título oficial, com previsão de estreia em 2025.
Ao lado de Dhu Moraes, Jonas Bloch, Patricya Travassos, Stella Miranda e Luis Miranda, o ator estrela a produção, com distribuição da Paris Filmes, gravada entre São Paulo, Paraty, Ubatuba e Taubaté, marcada pelo protagonismo de atores mais velhos e as reflexões acerca do envelhecimento de forma bem-humorada. Com mensagens importantes no tom da narrativa cômica, Ary reflete com a Quem sobre a influência positiva ao público de que há muita vida na terceira idade.
"A minha filosofia de vida é debochar dela, sorrir dela, sorrir das vicissitudes que acontecem e seguir em frente. É muito simples, porque se você faz da vida uma comédia e você está fazendo uma comédia, está pronto o trabalho", inicia ele, que celebra a chance de levar reflexões com histórias divertidas. "Isso tudo é um convite para que as pessoas que se encontram nessas faixas etárias não parem suas vidas, não deixem de batalhar e sigam em frente procurando as coisas mais alegres para sobreviverem da forma mais feliz", completa.
Ao definir o elenco como um "reencontro maravilhoso" de artistas que já trabalharam juntos há tempos, o veterano das telas fala do segredo para estar sempre pronto para os trabalhos. "Fico muito atento, modifico sim uma certa estrutura, sei que não dá para brincar o tempo todo com uma coisa que gosto, mas sempre que há um espaçozinho, estou lá lá fazendo uma piada, para tornar mais leve, porque esse é um trabalho leve. Então, não vejo uma diferença muito grande e as pessoas sabem que o meu temperamento é esse, é por aí que eu vou", declara.
Imagem: Reprodução/InstagramAry Fontoura na academia.
Segredo da vitalidade
Ele explica que sua vitalidade é resultado de uma série de fatores, cuidados e, sobretudo, menos aborrecimentos. "Estar sempre atento aos revezes que a vida te proporciona. Sou muito cuidadoso com minha saúde, o que acho primordial pelo bem. Tenho 91, vou fazer 92 anos agora. Sei que aparento um pouco menos, não tanto, mas um pouco menos e não tenho uma vitalidade de uma pessoa mais idosa, porque sempre me ocupei com exercícios, não me aborreci tanto quanto deveria".
"Tive problemas na minha vida, mas também entendi que o outro lado também tinha, que isso tudo na verdade era uma grande bobagem, que a vida oferece um grande cardápio, um leque e você tem que saber se abanar. Seguir a minha vida dentro desse tipo de coisa, deixando o que atrapalha de lado e só prosseguindo e perseguindo coisas ótimas, coisas boas que tem por aí e pessoas envolvidas nesse aspecto", completa.
Ary encontra na imperfeição das pessoas a chave para boas relações. "É deixar de lado...Nada é importante a não ser você conviver, trocar ideias, conversar, sentir e amar as pessoas, o teu próximo. Não procure nunca ter só qualidade nas pessoas, o interessante das pessoas é a ausência de qualidades, é aí que elas se tornam interessantes".
Imagem: Reprodução/InstagramAry Fontoura
O valor do celular nas mãos
Com quase seis milhões de seguidores no Instagram, Ary faz questão de exaltar as oportunidades de interações que a rede social permite, desde quando alavancou seus conteúdos de rotina durante o isolamento da pandemia de coronavírus. "Isso tudo dá uma alegria para a gente, conversando, trocando um papo com uma pessoa, tem gente só se queixa e é você ir induzindo as pessoas a pensarem de outra maneira e sentindo que dá resultado. Não há como ser difrerente, porque o mundo é maravilhoso. A vida que nós vivemos no dia a dia é extraordinária", afirma.
Ele acredita que ainda não entenderam o potencial que os smartphones podem ter na vida de alguém. "As pessoas não estão dando valor absoluto ao celular, porque no celular está a vida que você já teve, a vida que você está tendo e a vida que você terá. Então, você compra um celular ou investe, emprestado de alguém, usa celular de outra pessoa, você tem a vida na sua mão em toda a sua plenitude. É só segui-la, não adianta você viver do passado, isso já foi", reflete.
"O futuro pode ser hoje, você também pode permitir estar para o futuro, mas presente é muito importante e, no presente, a gente tem todas essas coisas na mão, por que não aproveitar? O mundo é cada vez melhor de descobertas, até de abandono de coisas antigas, que não temos mais e é também um mundo mau. Trata-se apenas de uma escolha entre o bem e o mal. Acho que o bem é o melhor e é por aí que vivo", acrescenta.
Imagem: Reprodução/InstagramAry Fontoura
Prezar pela paz
O ator reforça como priorizar a própria paz é um dos seus lemas de vida na busca por menos conflitos ao longo das nove décadas até aqui. "É por isso que faço com que as pessoas entendam esse tipo de coisa. Odeio guerra, não adianta, ninguém é vitorioso numa guerra. Não gosto de discussões, inimizades, de pessoas que não querem mais olhar na sua cara definitivamente. Nada é definitivo e tudo isso vai enchendo a sua cabeça de bobagem, você vai perdendo o melhor da vida".
Imagem: Divulgação/Paris FilmesElenco do filme baseado na peça "Loloucas" com previsão de estreia em 2025.
Diálogo com as gerações
No filme dirigido por Maura Farias, um grupo, que se conhece há mais de 50 anos, decide viajar numa Kombi de São Paulo ao litoral fluminense, em Paraty, e compartilham reflexões sobre a passagem de tempo em meio à morte repentina do mais novo da turma. "A gente reevindica essa mocidade, nós não estamos querendo demonstrar que somos velhos. Nem passa pela cabeça de personagem algum, acho que até dos próprios atores. A gente quer se moderno, quer entrar na atualidade, quer dialogar com vocês, com todo mundo, quer ver um mundo melhor, coisa que acho que todos querem, valorizar os momentos", explica o ator.
Ary diz que o bom relacionamento com as novas gerações é resultado do respeito ao próximo, baseado no que viveu desde a escolha de sua profissão. "Por quererem minha felicidade, meus pais sempre contradiziam o fato de eu querer ser artista, uma profissão que sempre foi prejudicada, não teve um conceito muito agradável. Mas disse que queria ser isso, que era o que sentia dentro de mim. A partir daí, sempre respeitei o que as pessoas sentem dentro de si e o que desejam para sua própria vida".
O desejo do drama
Marcado pelo tom humorístico em mais de 50 novelas no currículo global, Ary admite o desejo por um trabalho mais dramático caso pudesse escolher o que ainda gostaria de fazer na carreira. "Deixei de fazer muita coisa, não sei se vai dar tempo. Vamos supor que dê tempo, gostaria de fazer uma série de trabalhos ainda que me inspirariam, uma coisa dramática para mostrar que também tenho um outro lado da minha carreira que posso fazer", confessa.
"São coisas a vencer...Empecilhos que surgem e que são ótimos e isso que te dá sabor de vida, vencer nessa batalha incrível. Mas, especificamente, não tem nada, porque, a não ser que provoque, dificilmente acontecerá, em função de outras pessoas que estão fazendo e te oferecem", completa.
Imagem: Roberto Filho/BrazilNewsAry Fontoura
Não pensar na finitudeE como lida com o assunto morte? "Não penso nele, não posso ficar me torturando: Tenho que fazer isso tudo, porque amanhã, às 10:30 da noite, eu vou morrer. Quem sou eu para determinar a hora que morro? Posso até determinar a hora do nascimento, mas a hora da morte...Não. É nessa hora que dizem: Fui ateu graças a Deus...".
Novo filme em harmonia
O artista ainda destaca a importância da união de um bom elenco sem atritos. "Viajando para todos os lugares, passando por uma série de problemas, coisas que modificam um pouco a estrutura e não aconteceu absolutamente nada. Ninguém reclamou, não houve uma inimizade, não houve um comportamento estrelado de ninguém, todo mundo entendeu que era na estrada, que você tinha que fazer", afirma.
"Isso é uma vitória e isso já é um grande passo para o sucesso. Aparece no trabalho quando você está indisposto, o público é bastante inteligente e percebe que não está tão bem antes, mas, nesse trabalho, eu acredito que vai encontrar o que a gente tem de melhor. Que as pessoas se divirtam e sintam que a vida é bela e que tem que ser aproveitada em todas as vertentes", conclui.
Imagem: Reprodução/InstagramDhu Moraes e Ary Fontoura nos bastidores da gravação do novo filme.
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