Ellen Rocche: "Carnaval nunca foi vaidade. Sempre foi amor"

21/02/2025 10h22

Fonte Revista Quem

Símbolo do Carnaval e com performances brilhantes como rainha de bateria em São Paulo, Ellen Rocche pode até estar longe do Sambódromo, mas o amor pela festa continua vivo. Atualmente com 45 anos de idade, a atriz é rainha do Bloco do Fico, no bairro do Ipiranga, que desfila no sábado (22) e é conhecido por ser em bloco inclusivo e com mensagens pelo fim do capacitismo na sociedade.

Ao entrar para a Rosas de Ouro em 1999, Ellen desfilou como destaque de carro alegórico e musa até conquistar o posto à frente dos ritmistas. A atriz se tornou rainha de bateria da escola paulistana em 2007 e permaneceu no posto até 2019. "Tenho grande amor pelo Carnaval e por tudo o que ele movimenta. Ele me contagia e me emociona, independentemente do posto. Para mim, Carnaval nunca foi vaidade, sempre foi amor", diz.

Depois de 20 anos em desfiles no Sambódromo, Ellen vai curtir a folia de rua no Carnaval 2025. "É diferente das escolas de samba. As agremiações precisam cumprir um protocolo mais rígido, contar uma história por meio de um enredo, cada detalhe vale pontuação. Não que eu não me divertisse na Avenida, mas o Carnaval de rua é diferente. Na Avenida, as fantasias são mais luxuosas, dependendo da proposta são looks com mais peso..."

A atriz conta que costuma receber pedidos para voltar à passarela do samba e não descarta a possibilidade. "Quem sabe? Não sei se como rainha, mas sinto que o Carnaval nunca saiu de mim e eu nunca saí do Carnaval (risos)", afirma a atriz, que matou brevemente a saudade do público ao desfilar como destaque da Estrela do Terceiro Milênio em 2023.

Você é rainha do Bloco do Fico, conhecido pela proposta inclusiva. Tem um significado especial?
Ellen Rocche: Ser rainha do Bloco do Fico tem um significado muito especial, principalmente pela proposta inclusiva. Além, é claro, de estar ligado ao Carnaval, uma festa que eu amo. Esse bloco ajuda a construir uma sociedade mais justa e acolhedora, dando valor e respeito a todos. É maravilhoso poder curtir o Carnaval no Bloco do Fico. O mais lindo de tudo é o trabalho que o bloco promove. A gente traz luz a uma causa tão importante, queremos combater o capacitismo e mostrar que a diversão é para todos, com ou sem deficiência.

Você já usou diferentes fantasias no bloco, sempre numa pegada mais descontraída que o Carnaval do Sambódromo. Sente-se mais à vontade?
Carnaval é alegria, fantasia e diversão. É arte, acima de tudo! É poder ser por alguns minutos ou horas ser uma outra pessoa -- uma heroína, uma princesa... É diferente do Carnaval das escolas de samba. As escolas precisam cumprir um protocolo mais rígido, contar uma história por meio de um enredo, em que cada detalhe vale pontuação. Não que eu não me divertisse na Avenida, afinal passei mais de 20 anos desfilando, mas o Carnaval de rua tem um gostinho diferente. Na Avenida, as fantasias são mais luxuosas e, dependendo da proposta, looks com mais peso... O bloco é livre! Você se diverte e se permite curtir. O Bloco do Fico tem muita criança e é inclusivo. Acho o máximo!

O Bloco do Fico não está inserido no circuito dos megablocos, faz parte de um circuito mais familiar e se apresenta no Ipiranga. Além da proposta inclusiva, o que te faz desfilar no bloco?
Tenho uma relação muito especial com o Ipiranga. Eu morei no bairro nos primeiros anos da minha vida e tenho grande carinho pela região. É um bairro histórico, com cultura, qualidade de vida, praticidade, boa localização e boa infraestrutura. Amo o Ipiranga e as pessoas do bairro. Super me identifico com o bairro porque ainda moro na região, do ladinho praticamente. Sou suspeita para falar.

Por mais de 10 anos, você desfilou como rainha de bateria da Rosas de Ouro e ainda é considerada um ícone do Carnaval de São Paulo. Tem vontade de voltar à Avenida como rainha?
São mais de 20 anos de Carnaval. Foram quase 20 só na Rosas de Ouro. Também desfilei no Rio pela Portela, pela Grande Rio e fui rainha da Porto da Pedra por dois anos. No Rio, também já fui repórter e comentarista pela Globo. Eu amo o Carnaval. É um amor que está dentro de mim, pulsando ao ritmo da bateria. Amo todas as escolas. Na Avenida, eu me sinto como se estivesse em casa, tanto no Anhembi, como na Sapucaí. O Carnaval faz parte da minha história de vida. Quem sabe um dia eu volte?

Volta, Ellen!
Quem sabe? Não sei se como rainha, mas sinto que o Carnaval nunca saiu de mim e eu nunca saí do Carnaval (risos). Eu sou fascinada por essa festa popular, pela economia que ela movimenta e por tantos empregos que essa festa proporciona. O Carnaval faz parte da nossa identidade cultural.

Recebe muitas mensagens de admiradores pedindo pela sua volta à Avenida?
Recebo muitas mensagens pedindo pela minha volta à Avenida. Não só nas redes, mas também nas ruas. Me cobram bastante e pedem a minha volta. Muita gente ainda me chama de rainha. É muito legal. Acho muito lindo perceber o que essa identificação com o samba me proporcionou. Ganhei amigos e experiências únicas em tantos anos de Avenida. São momentos que vão ficar sempre guardados no meu coração.

Teve um ano em que você voltou para a passarela do samba como destaque na Estrela do Terceiro Milênio. A possibilidade de desfilar em carros ou postos que não sejam o de rainha também te atraem?
Em 2023, saí como destaque da Estrela do Terceiro Milênio. Não pude recusar porque era um enredo que homenageava grandes profissionais do humor. Me dê sua tristeza que eu transformo em alegria era o enredo. Foi lindo estar ao lado de tantos amigos e homenagear a minha profissão e pessoas que tenho como referência.

Sua relação com o Carnaval sempre foi de realização?
Independentemente de ser rainha de bateria, destaque de carro alegórico ou em ala, eu amo o Carnaval. Na Rosas de Ouro, me tornei rainha em 2007, mas já estava na escola desde 1999. Saí em um carro alegórico, fui destaque de chão... Tenho grande amor pelo Carnaval e por tudo o que ele movimenta. Ele passa muita alegria, me contagia e me emociona -- não importa o posto. Para mim, Carnaval nunca foi vaidade, sempre foi amor. É e sempre será isso. Minha relação com o Carnaval sempre foi de realização, independentemente das frustrações.

Aconteceu alguma frustração ou chateação?
Frustrações e chateações ocorreram, sim. Com certeza. Sempre há uma frustração, uma chateação em maior ou menor grau... Pode ser com uma fantasia que não fica pronta na hora que tem que ficar, uma preocupação com o trânsito. Há estresse, ansiedade, nervosismo... E a fantasia, às vezes, machuca.

Machucado é um perrengue que faz parte, né?
Já tive vários machucados. Tenho algumas cicatrizes até hoje. Também já tive fantasia que se desprendeu na Avenida (risos). Nessas horas, a gente contorna com o jeitinho brasileiro, com o talento, com meus apoios maravilhosos -- sempre levei pessoas que me ajudaram e me protegeram -- n. Sambódromo. A gente conseguia transformar a ansiedade em alegria. Tenho muitas histórias de Carnaval. Chuva torrenciais? Tomei. Passei por vários momentos no Sambódromo!

De todos os seus desfiles, tem algum que considera mais especial?
Todos foram especiais. Do primeiro ao último -- tanto no Rio, como em São Paulo. Todos os desfiles me trouxeram alegrias.

Em 2024, você fez a motogirl Tiffany no humorístico No Corre. O que pode adiantar de novidades profissionais para este ano?
Foi especial ter feito o humorístico No Corre, como a motogirl Tiffany. Terei novidades profissionais para 2025. Já comecei o ano trabalhando e gravei uma participação na novela A Caverna Encantada, no SBT, e foi um convite que me deixou muito feliz. Até o Carnaval, terei mais novidades para contar.