Fátima reflete sobre machismo e etarismo em dia de estreia: "Desafio me transforma"

13/10/2023 11h33


Fonte Revista Quem

Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes é capa da Quem de outubro.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes é capa da Quem de outubro.

Fátima Bernardes se orienta por um lema nestes seus 61 anos: o de sempre se reinventar. A apresentadora, que aos 35 anos já era âncora do Jornal Nacional, não se acomodou com o posto no principal telejornal do Brasil e, após mais de três décadas no jornalismo, se redescobriu no entretenimento com o comando por uma década do bem-sucedido Encontro. Desde então, ela segue buscando novos desafios. Prestes a gravar a última temporada do The Voice, a carioca sente de volta aquele friozinho na barriga, que tanto a estimula, ao apresentar ao público nesta sexta (13), às 21h30, no GNT, seu novo projeto, o programa Assim Como a Gente.

"Cada desafio que eu aceito me transforma. É um aprender contínuo. Agradeço a cada oportunidade de fazer algo diferente. Busco isso. Acredito que para eu oferecer o meu melhor para o público, tenho que me sentir renovada. Já pensou você chegar ao seu objetivo e ficar estagnada ali? Por melhor que seja, não dá. Às vezes, você chega ao seu objetivo e, depois de um tempo, vê que quer outras coisas. É muito bom saber que há outras possibilidades. Prefiro acreditar que tem sempre outra porta se abrindo. Estou agora com esse friozinho da barriga, pensando se as pessoas vão gostar e entender a proposta deste programa. É um medinho gostoso de sentir", conta.

"Para eu oferecer o meu melhor para o público, tenho que me sentir renovada. Já pensou você chegar ao seu objetivo e ficar estagnada ali?"
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa conjunto Apartamento 03, brincos Paola Vilas, bracelete Julio Okubo e sandálias Animale.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa conjunto Apartamento 03, brincos Paola Vilas, bracelete Julio Okubo e sandálias Animale.

Em cada um dos dez episódios da atração, Fátima terá dois convidados, entre eles as duplas Lulu Santos e Ludmilla, Serginho Groisman e Tata Werneck, e Fábio Assunção e Felipe Camargo. Ela conduzirá, com intervenções de perguntas feitas pelo público, as entrevistas por meio de um ângulo da vida que esses personagens possuem em comum.

"A ideia era juntar duas pessoas, mas que não fossem aleatórias. Nas trajetórias de vida dessas pessoas tinha que ter pelo menos um ponto em comum ou uma afinidade. Esse seria o ponto de partida. As pessoas não vão ver ali entrevistas sobre a carreira. No programa de estreia, que é do Lulu Santos com a Ludmilla, a gente fala sobre eles terem assumido a orientação sexual publicamente após já estarem com as carreiras consolidadas. Com que sentimento aquilo aconteceu? Que tipo de medo aquilo gerou? Esse é o ponto de partida desta entrevista. Mas a partir disso, a gente também fala de preconceito, medo, transformação da carreira… O interessante é que, ao longo da conversa, os convidados revelam que têm ainda mais pontos em comum", explica.

A afinidade que Fátima busca entre os convidados é o que a une cada vez mais a tantas pessoas. No ensaio desta capa, realizada em São Paulo pelas lentes de Mylena Saza, ela é recebida como um ídolo por várias gerações representadas na equipe. Em poucos minutos é impossível não se conectar com Fátima e vê-la como uma amiga. Ela é aquela que confessa sempre ter um lanchinho na bolsa já que só perde o bom humor quando está com fome. Fátima também é a mulher que samba durante os cliques ao som de um de seus álbuns preferidos atualmente, Xande Canta Caetano, ou a que assume, sem se levar a sério, que cometeu um grande erro ao fazer o alisamento japonês nos cabelos no passado.

Talvez por isso seja comum para ela ser abordada por pessoas que se sentem íntimas a ponto de dividirem suas histórias ao encontrá-la nas ruas. Muitas são inspiradas por sua trajetória pessoal, como quando ela se abriu para um novo amor após o casamento de quase três décadas com William Bonner, com quem tem os trigêmeos Vinícius, Beatriz e Laura, de 25 anos. Assumir o relacionamento com deputado federal por Pernambuco Túlio Gadêlha, de 35, fez com que seus telespectadores refletissem sobre etarismo e machismo e com que alguns se permitissem amar sem preconceitos.

"Nunca nem liguei para a diferença de idade, não tive problema com a minha família e nem ele com a dele, mas quando a gente estava para assumir publicamente a relação, pensei: Meu Deus!. Não era preconceito, mas eu sabia o que aquilo ia gerar. Eu lia que não ia durar e era passageiro. Vamos fazer seis anos juntos dia dois de novembro", relembra.

"Também recebemos muito carinho das pessoas. A gente não tinha um ano de namoro e uma senhora falou que estava passando pela mesma coisa que eu tinha passado, uma separação, e que ainda não via a luz no fim do túnel, mas sabia que ela existia quando olhava para mim. Fiquei muito impressionada. É muito bom mostrar que essa questão da idade, muitas vezes, é um preconceito. Se de alguma maneira o meu relacionamento puder ser educativo, que bom", diz.

"Eu lia que não ia durar e era passageiro. Vamos fazer seis anos juntos dia dois de novembro"
Por falar em idade, Fátima é uma prova que ela pode representar apenas um número para quem nunca deixa de sonhar. "Sou exatamente igual a de 60, 59 e 58. A idade não me define e não define ninguém. Conheço muitas pessoas com a mesma idade e muito diferentes de mim. O que nos define são os nossos projetos, vontades, desejos... Sou exatamente igual a Fátima que começou lá atrás na carreira. Está tudo aqui dentro, junto e misturado", enfatiza.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa vestido Neriage, sandálias Schutz e acessórios Tatiana Queiroz.(Imagem: Mylena Saza)Fátima Bernardes usa vestido Neriage, sandálias Schutz e acessórios Tatiana Queiroz.

Como surgiu a ideia do Assim Como a Gente?
Foi uma ideia do Carlos Jardim, que trabalhou comigo no Jornal Nacional e o período todo pré Encontro. Em abril do ano passado, quando anunciei que ia deixar o Encontro porque achava que uma década era uma data bonita para eu me despedir, ele me encaminhou este projeto. Topei, mas nada aconteceu e eu fui chamada para o The Voice. Achei que não tivesse ido para frente. Daí ele me falou que o projeto estava andando rápido. Acabei o The Voice Kids em julho e em agosto estava gravando o programa. Imaginei que fosse para o ano que vem, mas achei muito legal saber que ele estrearia entre esse período Kids e do The Voice.

Como está a expectativa?
Estou muito animada porque como telespectadora fico muito presa a uma atração quando sinto que tem verdade, que as pessoas estão realmente entregues e não estão ali só para cumprir um compromisso. Vi isso acontecer muitas vezes ali a ponto de pessoas se levantarem e se abraçarem, um chorar e o outro consolar... É muito bacana quando a pessoa aceita esse convite consciente de que ela não está indo lá para falar do visual dela na novela e da carreira, mas sobre algo que a conectou com outra pessoa.

"Gosto de ver sempre o que estão falando. É importante até para você lapidar o seu próprio trabalho"

Você costuma acompanhar o que falam do seu trabalho nas redes?
Gosto de ver sempre o que estão falando. É importante até para você lapidar o seu próprio trabalho. Uma vez uma moça reclamou que eu estava falando rápido. Eu realmente estava, mas tinha uma razão, a gente estava com um período muito cheio no programa. Tive que tirar umas coisas. Então, tem observações pertinentes. Mas também lido bem com as impertinentes por conta de todo este tempo que estou no ar e da terapia.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa vestido Neriage e acessórios Tatiana Queiroz.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa vestido Neriage e acessórios Tatiana Queiroz.

E ainda tem a última temporada do The Voice. Como será essa despedida?
Não sei nada ainda, além de que será a última edição. Será bem festiva, um fechamento bonito para esse período. Isso é tudo o que eu sei. A gente nem começou ainda gravações. Mas o The Voice foi uma experiência muito diferente. Tem um formato para ser respeitado e a gente sabe o passo a passo, os compromissos a cumprir. É muito diferente de um programa ao vivo. Foi algo que eu nunca tinha feito. Além disso, era muito legal poder trabalhar com os sonhos. Muitas pessoas imaginam que o sucesso seria sair dali com uma carreira completamente transformada. Quase todos já trabalham com música há muito tempo, mas têm suas vidas transformadas por ganharem uma visibilidade nacional. A partir dali, se eles cantavam em um restaurante pequeno da cidade, são chamados para as festas da cidade e os grandes eventos da região. Cada um vai alcançando seu espaço renovado. Nunca mais é o mesmo.

Você sempre quis ser jornalista?
Eu brincava mais de ser bailarina. Não sei dizer ainda o porquê da escolha pelo jornalismo. Tive uma infância simples em um bairro da zona norte do Rio de Janeiro. Naquela época, as crianças podiam brincar nas ruas, apesar da minha mãe só liberar isso no período de férias. Ela era linha-dura. Tinha que se dedicar à escola. Estava certíssima. Eu também fiz isso com os meus filhos. Minha mãe diz que eu já gostava de escrever. Uma das brincadeiras era escrever uma redação inspirada na gravura que a minha mãe me dava. Eu gostava muito de contar histórias e tinha um poder de observação diferente. Quando voltava de uma festinha com os meus pais e a minha irmã, sempre falava: "Vocês não viram tal coisa? Não notaram?". Tinha esse dom da observação.

E o telejornalismo?
Na época que eu fiz a UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), as aulas eram todas teóricas ligadas a TV. O que me levou a trabalhar em TV foi um curso de telejornalismo que a TV Globo oferecia. Eu já estava trabalhando no jornal O Globo e estava muito contente. Adorava. Tinha jurado para o meu chefe que seria apenas um curso e nada mais. Não tinha o objetivo de fazer TV, mas quando fiz a primeira reportagem em vídeo no curso, pensei: "Ferrou!". A matéria era feita, editada e podia estar no ar no mesmo dia! Esse frio na barriga, que o imediatismo e agilidade me davam, me encantou. Decidi investir nesta área do telejornalismo.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa blusa Glória Coelho no Trash Chic, calça Complê e scarpin Schutz.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa blusa Glória Coelho no Trash Chic, calça Complê e scarpin Schutz.

Por muitos anos o Jornal Nacional foi apresentado apenas por homens. Acreditava que um dia fosse chegar a sua bancada?
Eu já tinha trabalhado no Jornal da Globo, no Jornal Hoje e estava no Fantástico. Não passava na minha cabeça o Jornal Nacional. Para mim ele era daquelas entidades do jornalismo Sérgio Chapelin e Cid Moreira. Só comecei a ver que teria a possibilidade de um dia fazer do Jornal Nacional quando vi a Lillian Witte Fibe na bancada. Senti que poderia chegar lá algum dia. Para você ver a importância de se ter a representatividade. Quando você se vê representada ali, você se imagina.

"Só comecei a ver que teria a possibilidade de um dia fazer do Jornal Nacional quando vi a Lillian Witte Fibe na bancada. Senti que poderia chegar lá algum dia. Para você ver a importância de se ter a representatividade. Quando você se vê representada ali, você se imagina"

Teve que abrir mão de sonhos pessoais para chegar no lugar que chegou?
Cheguei muito cedo à TV, aos 25 anos. Um ano depois já estava apresentando. Não acho que abri mão de nada porque meu sonho era estar ali. Depois me casei com William e como tínhamos a mesma profissão, havia uma compreensão e entrega profissional mútua. Facilitava muito e funcionou superbem. Nem acho que adiei o sonho de ser mãe. Começamos a tentar ter um filho quando eu tinha 32 anos, mas tivemos dificuldade de engravidar. Fizemos a fertilização, engravidei e quando fui para o Jornal Nacional já estava com as três crianças.

Como era conciliar três bebês com o Jornal Nacional?
Foi ótimo. Se eu tivesse permanecido no Fantástico teria que viajar durante as semanas para fazer as matérias, que muitas vezes eram feitas fora do Rio. Quando vou para o Jornal Nacional com três filhos de cinco meses, passo a ter horário de entrada e de saída. Eu tinha que chegar para a reunião das 14h, mas sabia que às 21h30 eu ia embora. E as crianças que não ficassem doentes (risos)!

Toda mãe é muito julgada. Isso acontecia com você?
Fiquei os primeiros quatro anos e meio deles sem viajar, podendo estar direto com eles. Desenvolvi até fobia de avião neste período, mas depois fiz um tratamento e consegui viajar para a Copa do Mundo de 2002. Na volta, recebi muitos elogios, mas havia sempre uma ressalva ao papel do William, "que marido você tem, hein?! Viajou e ele ficou com as crianças". Não estou diminuindo o papel dele, que foi superlegal de ter abraçado os três, mesmo sendo editor-chefe do Jornal Nacional, enquanto eu estava na Copa. Mas quando ele foi cobrir a Copa de 98 e eu fiquei com as três crianças de sete meses, não recebi nenhum elogio assim. Nessas horas a gente sente que há um julgamento sobre as mulheres.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa blusa Glória Coelho no Trash Chic, calça Complê e scarpin Schutz.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa blusa Glória Coelho no Trash Chic, calça Complê e scarpin Schutz.

Existia uma autocobrança?
A culpa é mais no sentido de: "Será que o que eu estou dando aos meus três filhos é suficiente?". A gente dá o máximo que pode, tem um amor que nem imagina que tem para distribuir, mas sempre se sente em dívida. Mas mais forte que isso, eu tinha o desejo que eles tivessem uma relação saudável e positiva com o trabalho. Vim de uma família simples e conquistei tanta coisa. Queria que os meus filhos tivessem o sonho de se desenvolver e conquistar as coisas, que não imaginassem que para eles estava tudo ali pronto. Sempre fui a mãe que dizia que ia trabalhar porque gostava muito do que eu fazia. Nunca fiz troca como levar presente para casa por conta de estar trabalhando. Imagino que esteja dando certo. Todos já se formaram e estão em busca de seus próprios sonhos. Essa era a minha maior prepocupação: se eles iam ser acomodados ou perceber o quanto é bom a gente descobrir algo que faça a gente feliz.

Você inspira muitas pessoas neste sentido, né?
Muita gente fala isso para mim. Dizem que estimulo as pessoas a se reinventarem. Tem gente que fala: “Você já estava lá, já tinha chegado ao Jornal Nacional, mas quis algo novo e foi apresentar o seu próprio programa". É legal perceber as possibilidades de não estar presa para o resto da vida a uma só coisa. Sempre falo que a gente mudar de carreira não é desistir. Isso é reorganização, mudança de rumo. Nenhuma escolha foi feita sem refletir os prós e contras, sem pensar se estava firme o suficiente para enfrentar o que viria.

Você se reinventou no visual também...
Quando fiz aquele alisamento japonês não pensei muito, não (risos). Se tivesse pensado um pouquinho… Me arrependo. Também gosto mais de mim hoje com o cabelo longo. Para deixar aquele cabelo batido na nuca crescer foi um sofrimento. Hoje em dia posso cortar o cabelo, mas nuca batida nunca mais na minha vida.

Como foi essa transição de visual do jornalismo para o entretenimento?
O guarda-roupa que eu usava no jornalismo era da TV. Era até engraçado. Eu chegava a uma loja e a atendente falava: "Chegou uma roupa que é a sua cara". Era sempre um blazer (risos). A pessoa só me via no ar. Eu fora do ar nem usava blazer naquela época. Mas no entretenimento mudou mesmo. A bancada de um jornal impõe uma liturgia e postura. Nada pode ser mais importante que a notícia. Outra coisa é apresentar um programa de variedades. No Encontro, após aquela primeiro momento de transição, o público começou a me ver dançando de jeans e paletó e se acostumando aos poucos com algo que era muito natural para mim. As entrevistas ficaram mais leves.

Como é a sua relação com a beleza?
Sou uma mulher vaidosa e que gosta de se cuidar, mas procuro ver o que eu tenho de melhor em cada fase. Neste momento, estou feliz comigo mesma. Procuro dormir bem, me alimentar bem, nunca dormir com maquiagem e usar protetor solar até em casa.

Com o entretenimento, sua vida pessoal também ficou mais sob os holofotes. Como foi lidar com isso?
Nunca senti isso. A exposição já era muito grande quando eu estava no jornalismo. Eu era casada com um colega apresentador, o Fantástico acompanhou a história dos meus trigêmeos… O que mudou é que antes eu não tinha rede social. Achava que já era difícil administrar tudo e queria ter um pouco de controle sobre a minha intimidade. Mas assim que deixei o jornal, criei uma rede social para começar a ter esse contato com público.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa blazer Apartamento 03, saia Cris Barros, mule Pura e brincos e braceletes Tatiana Queiroz.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa blazer Apartamento 03, saia Cris Barros, mule Pura e brincos e braceletes Tatiana Queiroz.

O fim do seu casamento teve uma grande comoção na época. Tinha pessoas que falavam que não acreditavam mais no amor...
Não entendo o motivo. A gente anunciou a separação de uma maneira tão tranquila, estava tão sedimentado… Um casamento de 26 anos foi um casamento de sucesso. Não tem motivo para não acreditar no amor.

Depois você assumiu o relacionamento com um homem mais novo. As pessoas ainda são muito machistas. Sentiu esse julgamento que as mulheres muitas vezes sofrem quando se relacionam com parceiros mais jovens?
Não estou preocupada com o que as pessoas estão achando sobre o que estou vivendo. Não significa que estou me lixando para o que as pessosas pensam, mas estou mais preocupada em relação ao que estou vivendo. O Emmanuel Macron e o Donald Trump têm uma diferença de idade de 25 anos em relação as suas mulheres. A mesma diferença que eu o Túlio. Se você olhar as matérias sobre eles vai perceber que quase não tem citação à diferença de idade do Trump, que é o mais velho na relação. Já a mulher do Macron, que é 25 anos mais velha que ele, sempre tem essa diferença citada. Recebi muito carinho, mas também ouvi que não ia durar, que era passageiro. Além da diferença de idade, tinha a questão de termos um relacionamento à distância.

E vocês lidavam bem com a distância? Tem planos de mudar isso dando um passo a mais na relação?
O Túlio é muito tranquilo e isso me passou essa segurança. Essa de não ter um relacionamento à distância não tem como. Ele tem que estar em Brasília e Recife e eu tenho que estar no Rio. Casar e assinar um papel não mudaria nada em relação a isso. Mudaria para as pessoas apenas. Mas nós já demos esse passo há muito tempo quando decidimos ficar junto o máximo de tempo possível.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa blazer Apartamento 03, saia Cris Barros, mule Pura e brincos e braceletes Tatiana Queiroz.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa blazer Apartamento 03, saia Cris Barros, mule Pura e brincos e braceletes Tatiana Queiroz.

Seus filhos cresceram e estão seguindo suas vidas. Você tem sentido a temida síndrome do ninho vazio?
Eu não imaginava o quanto era difícil a síndrome do ninho vazio. Dois filhos estão morando fora, na França, e a minha Bia, que morava comigo no Rio, decidiu morar sozinha também. Ela se mudou recentemente. Não é fácil. Hoje eu entendo muitas mulheres que entrevistei ao longo da minha carreira. Minha casa é grande, não sei como vai ser, mas vou me adaptar.

Gosta da sua própria companhia?
Gosto de ficar comigo mesma, mas o tempo todo, só agora vamos ver. Quando a Bia morava comigo, eu me preocupava muito em voltar para o Rio para ela não almoçar tantos dias sozinha. Agora ela almoça sozinha por escolha. Eu também fico mais livre para passar mais tempo em Brasília e Recife.

"A idade não me define e não define ninguém. O que nos define são os nossos projetos, vontades, desejos... Sou exatamente igual a Fátima que começou lá atrás na carreira"

E o que faz você dar o seu "sim" para o próximo projeto?
Para eu dar "sim", tenho que sentir o desafio. O que me motiva é aprender, sentir que estou dando o meu melhor, mas ainda buscando a excelência. Isso me deixa feliz.

Quem é a Fátima de hoje aos 61 anos?
Sou exatamente igual a de 60, 59 e 58. A idade não me define e não define ninguém. Conheço muitas pessoas com a mesma idade e muito diferentes de mim. O que nos define são os nossos projetos, vontades, desejos... Sou exatamente igual a Fátima que começou lá atrás na carreira. Está tudo aqui dentro, junto e misturado.
Imagem: Mylena SazaFátima Bernardes usa blazer e calça Apartamento 03 e choker Paola Vilas.(Imagem:Mylena Saza)Fátima Bernardes usa blazer e calça Apartamento 03 e choker Paola Vilas.


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