Isis Valverde lança livro de poesia e fala de fake news com foto amamentando: "Senti tristeza"
16/12/2019 12h02Fonte Extra
Imagem: Agência GloboClique para ampliar
Aos 32 anos, Isis Valverde coleciona papéis emblemáticos na carreira e também na vida. O maior deles, o de mãe, veio há um ano com a chegada de Rael, o primeiro filho. Antes dele, no entanto, a atriz já gestava outro bebê, que não por acaso será apresentado só agora ao público: “Camélias em mim”, uma compilação de poesias de sua autoria, que começaram a ser escritas quando ela nem imaginava ser a Isis que é hoje.“O que me move é o cotidiano, é o que sinto diante do que acontece comigo e com o mundo que me rodeia”, justifica a atriz e agora escritora.
O que sentiu ao se deparar com uma fake news na semana passada envolvendo um momento tão terno, no qual amamentava Rael numa foto postada em seu Instagram (um blog fez uma manchete sexualizando o registro), culminou com uma reflexão de Isis e de um alerta: “Senti tristeza porque isso evidencia o quanto ainda temos que avançar, como ainda sexualizam o corpo da mulher, o ato de amamentar. Enquanto uma coisa como essa continuar acontecendo, ainda será censurado uma mulher amamentar em público, por exemplo. E isso não deveria acontecer”
“Camélias em mim” será lançado nesta terça-feira, 17, na Livraia da Travessa, no Barra Shopping, na Zona Oeste do Rio, a partir das 19h. O prefácio é de Pedro Bial.
Quando você se sentiu preparada para compartilhar o que escrevia?
Me senti preparada no momento em que comecei a querer dividir com as pessoas as visões que eu tinha sobre o mundo: as minhas divagações, os meus pontos de vista e os meus sentimentos mais profundos por algumas coisas, um pouco da minha infância, como eram as coisas através dos meus olhos na minha infância, inspirações que eu tenho no meu dia a dia.
Em que momento escreve e o que te move?
Eu gosto de escrever, por exemplo, quando eu chego em casa. É uma forma minha de refletir sobre o dia que passou, como foi. Com as palavras, busco elaborar e fazer sentido do que aconteceu comigo. O que me move é o cotidiano, é o que sinto diante do que acontece comigo e com o mundo que me rodeia.
Após a maternidade, essa forma de escrever mudou? Aliás, dá tempo?
Eu escrevi ao longo dos anos. Na verdade, a maternidade agregou mais profundidade sobre ser mãe, sobre ser provedora, sobre independência, sobre gerar um ser, sobre outros tipos de sentimentos... Acordou outras coisas em mim, mas não mudou o meu jeito de escrever. O que mudou meu jeito de escrever foi o tempo, o amadurecimento. Foi isso que trouxe uma mudança na escrita, não a gravidez.
Em “Amor de mãe” você vive uma enfermeira que sofre recorrentes abusos do marido. Qual o sentimento em evidenciar essa historia?
Falar sobre relacionamentos abusivos é ainda muito delicado, pois as pessoas ainda se escondem por medo ou vergonha. Esse é um tema intenso, profundo e necessário. Temos que acolher as vítimas e mostrar que elas não estão sozinhas. É necessário ter empatia com as mulheres que passam por isso, mostrar que existe uma rede de apoio às vítimas de violência doméstica. Durante a preparação, fiz um trabalho de imersão. Tive a oportunidade de conversar com profissionais que atuam em defesa das vítimas, o que me trouxe um viés humano que ainda não havia experimentado. A Betina traz uma fragilidade, mas, ao mesmo tempo, exibe uma força imensa.
Semana passada, você foi alvo de uma fake news ao postar uma foto amamentando. Como se sentiu?
Senti tristeza. Porque isso evidencia o quanto ainda temos que avançar, como ainda sexualizam o corpo da mulher, o ato de amamentar. Enquanto uma coisa como essa continuar acontecendo, ainda será censurado uma mulher amamentar em público, por exemplo. E isso não deveria acontecer. Amamentar é um ato potente, de fortalecimento da mulher e da conexão entre mãe e filho, e uma forma de cuidado, de amor. Ao mesmo tempo, a reação que isso causou me dá a certeza de que estamos avançando e não há possibilidade de retrocedermos. Temos muito a conquistar, muitos caminhos para abrir, mas já caminhamos e avançamos. E vamos continuar adiante, resistindo e apontando o que nos diminui e nos limita.
Como você sente hoje, uma camélia ainda ou acabou criando espinhos?
Eu sou outra e, ao mesmo tempo, a mesma. Acho que aquela contradição de todo ser humano. Me fortaleci para enfrentar o mundo, nasci mãe com o nascimento do Rael e isso fez com que eu renascesse como mulher... Mas ao mesmo tempo, continuo com o meu otimismo de encarar a vida, por exemplo.
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