Jojo Todynho: "Holofote não pode brilhar só para mulher padrão"

23/09/2022 08h40


Fonte Glamour

Imagem: Ivan Erik  Jojo Todynho é capa da Glamour de setembro! (Imagem:Ivan Erik ) Jojo Todynho é capa da Glamour de setembro!

Jojo Todynho é uma mulher que conquista o que quer — muito bem feito, e não para tão cedo. Nascida e criada em Bangu, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ela dá corpo à letra de "De Onde Eu Venho", do primeiro álbum de pagode “Jojo como Você nunca Viu", ao erguer a mesma postura que carrega das origens por onde quer que passe.

Não são poucos os caminhos. Jojo trabalhou como camelô, telefonista, vendedora de picolé e faxineira. Em 2017, viralizou nas redes sociais ao acompanhar e soltar a voz sobre "A Força do Querer", novela da época. A partir desse ponto, brilhou cada vez mais.

No fim do mesmo ano foi da participação em "Vai Malandra", clipe de Anitta, a "Que Tiro Foi Esse", hit absoluto do Carnaval (e do ano) de 2018. O verso é perfeito, já que sua intérprete sabe sempre onde acertar. Venceu reality show e alçou novo voo, sem passagem de volta. "Ali, me senti famosa. Falei gente, o que é esse povo se estapeando na rua para falar comigo? Fiz o jogo virar", relembra.
Imagem: Ivan ErickJojo Todynho na Glamour de setembro.(Imagem:Ivan Erick)

No set, depois da sessão de fotos para a Glamour de setembro, Jojo se dividiu entre nossa conversa e os três celulares à mão que atestam a lista de contatos e projetos em crescente vertiginosa, da música à televisão. "Estou no meio do mar procurando meu cais. Não sei se vou para a Ana Maria, Domingão, se vou ganhar um programa... mas sei que vou chegar com o meu crachá bem linda na Globo", destaca entre risos da jornada como apresentadora iniciada em 2021, que segue firme e forte com "Jojo Nove e Meia", do canal Multishow.

Independente da escolha feita, é certo que Jojo faz, acontece e inspira como indiscutível ícone que já é. Sem papas na língua, defende que mulheres pretas vivam o amor como acreditam e merecem, o mesmo amor que divide em papo com a Glamour. "Falei para a minha mãe que um dia eu seria capa de revista", revive, em mais um tiro certeiro que entra para a sua lista.

Sempre quis ser artista?

Não ficava sonhando que seria famosa. Aconteceu. Sempre trabalhei, nunca cobicei nada de ninguém. Acredito que quando temos o coração bom e buscamos pelo nosso, não pelo dos outros, Deus nos abençoa. Olho para trás e falo caramba, só tenho 25 anos e olha quantas maravilhas Deus fez na minha vida. Passei por altos e baixos nesses meus cinco anos de Jojo Todynho e encaro tudo como aprendizado. Tornaram-me a pessoa que sou, evoluí em vários quesitos. Na forma de reverberar o que eu sinto, de lidar com várias situações... não vou dizer que sou madura. Estou em busca de um amadurecimento que não tinha antes.

Como enxerga sua posição como inspiração para outras mulheres?

Sinto que contrario as estatísticas. Holofote não pode brilhar só para mulher padrão, acho que estamos chegando a uma retratação, pegando um lugar de direito. Meritocracia não existe para nós, pretos. Não temos nem o básico para chegar onde queremos. Por que só vemos pessoas brancas? Tem que ter Cris Vianna, Taís Araujo e Zezé Motta, tem que ter atrizes negras sem ser no papel de empregada, mas de donas da p*@!# toda. Acham que preto não tem capacidade. Também estudo muito para conseguir falar da minha história. Meu sonho é fazer faculdade, psicologia e depois direito. Faço aula de letramento racial para falar com mais propriedade. Aprendizado ninguém tira da gente.

Agora, você também está no pagode. Que importância o trabalho teve para você e de onde partiu sua criação?

Ele já existia no papel há tempos, mas não esperava o sucesso de "Que Tiro Foi Esse". Depois dela, fui entrando mais no funk, mas sempre tive no coração que queria fazer um álbum de pagode. Amo que as pessoas me pedem agora para não sair mais do gênero, para continuar cantando. É muito importante para mim porque há poucas mulheres nessa cena. Dona Ivone Lara e Jovelina Pérola Negra viveram em uma época em que compositoras precisavam se esconder atrás de pseudônimos masculinos, tenho consciência de que elas abriram a porta para que as mulheres de hoje entrem no samba. Mulher também toca cuíca, toca tantã, toca de tudo! Tem também Alcione, Elza Soares... É muita pagodeira na minha vida.

A Glamour de setembro está disponível para compra na loja virtual da Edições Globo Condé Nast, no e-commerce e em lojas selecionadas da Amaro. Assinantes já podem conferir a edição digital da revista na íntegra pelo app Globo Mais. Garanta sua revista também nas melhores bancas de jornais!
Imagem: Ivan Erik  Jojo Logo (Imagem:Ivan Erik ) Jojo Logo

Direção de conteúdo: Renata Garcia
Foto: Ivan Erick
Styling: Victor Miranda
Edição de arte: Victoria Polak
Beleza: Mari Kato com produtos Shiseido
Hair: Vale Saig com produtos Authentic Beauty Concept e apliques Polly BR
Set designer: Josephine Cho
Coordenação executiva: Octavio Duarte (ODMGT)
Produção executiva: Leonardo Olavo, Beatriz Dallolio e Patrick Ferreira
Assistentes de foto: Sidnei Brito e Gael Oliveira
Assistentes de beleza: Andrey Batista e Beatriz
Produção de Moda: Caroline Passos e Jorge Moura
Assistentes de arte: Diego Terçarioli e Jeferson Luiz
Manicure: Sônia Lima
Camareira: Nádia Martins
Tratamento de imagem: Philipe Mortosa
Projeto gráfico: Studio DRAMA