Juliette: "Na adolescência eu tinha 25 quilos a mais e não conseguia ser feliz"

09/06/2023 13h23


Fonte Revista Marie Claire

Juliette é paixão nacional desde seu primeiro dia de vida pública. A maquiadora, advogada, cantora, apresentadora e vencedora do BBB21 tem um público apaixonado, fiel e gigantesco. Só no Instagram, são 31 milhões de seguidores fervorosos. Mas essa relação intensa e fervorosa é fácil de entender. A paraibana estabelece conexão imediata. Articulada, consciente dos altos e baixos da vida, olha para o mundo com olhar crítico e tem uma profundidade em suas reflexões rara de se ver.

Foi irresistível convidá-la para um Papo de Beleza. Ouvir suas percepções sobre padrões estéticos, auto-imagem e comportamentos do mercado em relação a olhares diversos e inclusão foi inspirador. Acompanhe aqui e aproveite.
Imagem: Reprodução/InstagramJuliette Freire mostra seu talento como maquiadora.(Imagem:Reprodução/Instagram)Juliette Freire mostra seu talento como maquiadora.

Marie Claire: Você tem uma relação muito autêntica com a estética. Conta um pouquinho como é sua história com a sua beleza.

Juliette Freire: Eu já tive vários corpos. Já tive um corpo gordo, um corpo mais gordo, mais magro. Já tive seios muito grandes, que depois eu reduzi. Também tive muita acne, usava aparelho nos dentes. Então minha relação com a beleza, que me foi ensinada, o que eu aprendi, é que não era tão socialmente valorizada, digamos assim. Mas eu sempre tive consciência que eu deveria fortalecer a minha autoestima de outras formas, em terrenos sólidos, que não dependiam de uma sociedade. Então eu procurei colocar minha autoestima na minha intelectualidade, nos meus valores e ampliar o meu conceito de beleza. Hoje eu tenho consciência que eu tenho uma aparência privilegiada socialmente. Considerada, mas que não deveria, não deveria. Mas eu tento, ainda assim, não depositar valor nisso, eu gosto, me cuido, me arrumo, me sinto bonita, interessante. Mas que isso seja um complemento e não seja a base de tudo. Que o seu valor não esteja nisso, porque o seu valor é muito maior. Beleza é muito maior do que costumam ensinar para a gente. Então eu acho que já tive várias fases da minha relação com beleza. Mas acho que depois dos 16 anos eu me aceitei, vi minha beleza de fato. E a minha relação tem sido bem boa desde então. Eu gosto do que eu vejo, principalmente do lado de dentro.

MC: Dessas questões, qual te incomodava mais?

JF: Na adolescência eu tive essa questão do sobrepeso. Eu sou pequena, né? Eu tenho 1m63cm. E eu tinha um seio muito grande. Isso me incomodava muito, era pesado, a roupa ficava estranha, e eu não gostava daquilo porque me levava para o lugar de sexualização. Eu ficava com vergonha, eu não gostava. Tanto é que eu reduzi quando eu fiz 20 e poucos anos. E eu acho que eu parecia ter um corpo maior por isso, eu sofria bullying, eu não gostava. Só que hoje, olhando minhas fotos, eu vejo que eu não era assim, nada demais. Mas naquela época eu achava que eu era gorda. Tinha 25 quilos a mais do que hoje, era bastante para minha estatura. Mas era mais peito mesmo. Mas olhando assim, eu seria feliz também, só que a sociedade não me deixava ser feliz. E eu não era, infelizmente. Se eu tivesse a consciência que eu tenho hoje, eu agiria diferente, com certeza. Eu não ouviria o que me diziam e viveria mais em paz.

MC: Você tem um olhar muito generoso em relação às pessoas. Mas você acredita que a sociedade está fazendo esse ajuste de olhares, mudando suas percepções em relação aos padrões de beleza?

JF: Eu acho que isso tem mudado muito. A nossa cabeça pensa de uma forma mais natural, mais ampla e mais consciente, sim. Eu acho que evoluiu. Hoje a gente vê esses corpos ocupando esses lugares, mas eu acho que muito menos do que deveria. E ainda num lugar muito midiático e menos real. Quando você sente que uma marca usa uma imagem, mas que não tem identidade, conexão com aquilo. Não faz, não cria e simplesmente coloca a imagem. Eu acho que a gente, como consumidor, tem que estar muito consciente de como essas marcas fazem isso. Se elas têm um diálogo, uma preocupação e uma história com a diversidade ou se é só pela imagem. Que já é algo positivo, mas não basta, né? Eu acho que a marca que usa uma imagem de uma pessoa gorda, de uma pessoa negra, ela valoriza essa imagem, mas ela também tem que olhar para dentro da empresa. Os espaços internos estão sendo ocupados de uma forma equilibrada? Se existir essa conexão, aí sim. Eu acho que evoluímos, mas ainda tem muito que evoluir.

MC: E como é a sua relação prática com a beleza, no seu dia a dia. O que mais te preocupa? Do que você não abre mão?

JF: É, eu era bem safada, sabe assim. Eu não limpava a pele direito. Eu não fazia skincare direito. O meu dermato era revoltado comigo. Mas como eu uso muita maquiagem, minha pele estava ficando com acne, com marquinhas, e aí eu falei não, espera aí, eu não vou estragar tudo. Então agora eu faço limpeza, hidratação, passo tônico, vitaminas. Tomo vitaminas, também. Tento me exercitar, principalmente para ter mais pique para essa rotina louca de música, de tudo. Eu tenho um problema no joelho, por isso eu preciso de uma musculatura que suporte os shows, as coreografias. Então estou cuidando da mente, do corpo e também da pele. E maquiagem eu amo, né? Eu amo ficar maquiada, pode ser uma maquiagem leve ou uma maquiagem forte, eu me sinto poderosa. Isso faz parte da minha identidade e da minha história. Então eu acho que skincare, saúde, treino, alimentação – médio, né, porque a minha alimentação não é tão saudável assim [risos] – e maquiagem, sempre. Pelo menos delineador e gloss. Não fico sem.

Tópicos: corpo, beleza, maquiagem