Karol Lannes: "Posso dizer que já fiz as pazes com a exposição"

02/04/2025 09h04

Fonte Revista Quem

Karol Lannes ganhou o público com apenas 11 anos de idade como a eterna Ágatha de Avenida Brasil, da TV Globo, de 2012, mas, aos 6, já estava na telinha global no elenco de Duas Caras, emendando produções como Ciranda de Pedra e Tempos Modernos. Crescer sob os holofotes foi uma realidade, e se afastar deles foi uma escolha. Diferentemente de nomes como Maísa Silva, Larissa Manoela e Klara Castanho, a ex-atriz mirim se distanciou do trabalho durante a adolescência, o que a permitiu ter uma vida paralela ao conceito de figura pública inserido desde muito cedo em sua vida.

Hoje, aos 24 anos, ela reflete com a Quem sobre a retomada da carreira em meio à era das redes sociais. "É a vida que eu conheço, tudo o que conheço em questão profissional. Acho que ter crescido nesse meio me causou algumas dúvidas quando fui crescendo, se era realmente isso que queria fazer. Tanto é que eu fui fazer outras coisas durante a faculdade [Artes Cênicas]. Fui professora de inglês, trabalhei como DJ, já fiz várias outras coisas para ter certeza se era isso mesmo que eu queria ou se era só algo que eu estava acostumada a fazer", relembra.

Foi quando sentiu falta de estar presente na arte que voltou por vontade própria a atuar em meados de 2020, durante a pandemia. "Foi quando eu voltei para a agência, voltei a trabalhar, fiz séries. Vi a necessidade de voltar a trabalhar. Achei que não conseguia mais ficar sem, que realmente era aquilo que queria fazer da minha vida", conta.

Embora tenha se mantido afastado por quase uma década de produções audiovisuais, Karol não se livrou dos julgamentos daqueles que acreditam conhecê-la com base na fama prematura. "Ter crescido atriz mirim me fez perder um pouco da privacidade de crescer uma pessoa anônima. Muitas vezes penso que as pessoas me conhecem de um jeito, têm uma noção sobre mim e muitas vezes, por isso, não posso me apresentar para as pessoas. Acham que já me conhecem tanto e já tem tantas conclusões prontas que às vezes não permitem que eu me apresente", lamenta.

"Sinto falta de pessoas que queiram me conhecer para além do que elas acham que sabem. Mas, tirando isso, não sinto que não tive infância. Curti muito a infância, brinquei muito, nunca deixei de ir para a escola, viajar, nunca deixei de ter amigos. Tive uma infância muito tranquila em relação a isso", completa.

Ela reconhece a responsabilidade precoce de atriz mirim como facilitador do processo de maturidade na entrada na vida adulta e diz ter feito as pazes com a realidade de exposição. "Essa questão mesmo de sempre trabalhar e ter responsabilidade é bom por um lado, porque cresci um adulto muito responsável, amadureci muito rápido, mas sempre tem essa questão da nossa privacidade"

"Todo mundo soube quando me assumi, todo mundo soube da minha família, das minhas namoradas, de tudo. É difícil crescer nessa exposição, mas hoje posso dizer que já fiz as pazes com isso e já lido muito bem. Toda profissão tem bônus, ônus e acho que os ônus da minha não são tão grandes quanto os bônus. Para mim, hoje, vale a pena", completa.

A era das redes

Outro ponto é como a demora para se inserir nas redes sociais também influenciou no processo de distanciamento temporário de Karol do público. "Fui ter celular e redes sociais muito tarde na vida. Acho que já tinha 15 anos quando criei um Instagram, ou 16, já era mais velha. Não tive um Instagram na época da novela, por exemplo. Não cresci na era das redes, não estava na televisão na época do auge das redes sociais", explica.

"Não era uma pessoa de internet como muitas atrizes mirins que vieram junto comigo, que sempre viveram a internet. Depois que parei de atuar, sumi um tempo mesmo, fui viver outras coisas. Acho que por isso não cresci tanto em questão de visibilidade, não me mantive em alta por não ter vivido tanto a internet quanto muitas outras atrizes mirins, que hoje estão aí muito mais em evidência. Mas acho que isso foi muito bom para mim, porque tive alguns anos na época da faculdade em que eu me sentia um pouco mais anônima", avalia.

Foi justamente a vida offline que fez Karol experimentar a realidade fora do foco por um tempo. "Vivi um pouco a farra, a liberdade, sem muito os holofotes em cima de mim, o que muitas atrizes da minha geração não conseguiram fazer. Tiveram o primeiro PT, o primeiro namoro, todo o rolê que elas estavam, as pessoas estavam filmando, cresceram muito mais com essa exposição do que eu, que, talvez, tenha aproveitado um pouco esse outro lado. Não me arrependo em nada disso".

Apesar de não ter o alcance atual de atrizes que despontaram na mesma época, Karol enxerga a pausa temporária como positiva ao celebrar o público que tem conquistado nas redes aos poucos. "Quando eu voltei, voltei adulta, voltei porque quis, porque estava com uma cabeça boa, porque sabia o que eu era capaz de fazer naquele momento, de trabalhar, de correr atrás das minhas coisas. Acho que não me sinto prejudicada, sou privilegiada. Tenho bastante seguidores nas redes sociais, não tenho milhões, mas meus seguidores estão sempre crescendo, tenho uma comunidade legal".


Anseios profissionais

Profissionalmente, Karol mira retomar a carreira sem perder o respeito por seus anseios pessoais: "Hoje, tenho muito mais maturidade emocional para me respeitar, para não me comparar o tempo inteiro com a carreira, vida e o tempo das outras pessoas. Se alguma coisa a gente pode tirar de tudo que aconteceu com a Fernanda Torres com o Oscar é que tudo tem o seu tempo e cada um tem a sua jornada. A gente não tem um tempo limite para estar realizando aquilo que a gente quer realizar", responde.

"Quando as pessoas falam de sucesso, as pessoas têm uma ideia muito exacerbada do que é o sucesso. Para mim, sucesso é algo que a gente consegue fazer todos os dias. Traçar metas e ter sucesso alcançando e claro que traçar metas maiores para alcançar sucessos maiores, mas estar feliz com aquilo que a gente alcança", acrescenta.

Ela valoriza cada etapa do processo de criação de seus trabalhos, seja nos papéis artísticos ou nos vídeos cômicos e dramáticos para os seguidores. "A arte está muito mais em um lugar de cura do que de produção. Quando produzo uma coisa, faço um vídeo ou estou num papel, quero que aquilo cause algum impacto nas pessoas, que elas se emocionem, riam ou reflitam. Essa devolutiva é importante para mim. Estou muito feliz com o que estou conquistando, tanto nas redes sociais, quanto fora disso. As coisas vão caminhando".

"Almejo é poder viver 100% do meu trabalho, poder escolher trabalhos. Falar: Quero fazer esse filme, essa produção, que legal seria se eu tivesse nessa série. Estar mais envolvida no meio, estar com mais demandas de trabalho para poder crescer. Tenho muita vontade de atuar no exterior, meu inglês é impecável, já fiz inclusive workshops de atuação em inglês", reflete.

A jovem destaca a vontade de construir uma carreira mais sólida antes de viver uma oportunidade internacional. Para isso, estuda atuação metódica no Conservatório Internacional das Artes. "Ter essa ponte com o que eles usam mais lá fora e poder ir, conhecer o casting de lá e ter essas oportunidades lá fora também. Mas são sonhos distantes. Por enquanto, é trabalhar, porque me sinto muito bem trabalhando", afirma.

" Meu plano estar cada vez mais no meu meio, trabalhando e podendo viver disso. Disseminando as minhas ideias também, podendo falar sobre o que penso e ter a comunidade de pessoas que pensam parecido comigo mais perto de mim também", conclui.

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