Modelo negra se recusa a usar orelhas e lábios considerados racistas em desfile nos EUA

20/02/2020 09h27


Fonte Folhapress

Imagem: Reprodução/InstagramClique para ampliarModelo negra se recusa a usar orelhas e lábios considerados racistas em desfile nos EUA(Imagem:Reprodução/Instagram)

Uma modelo negra se recusou a usar acessórios considerados racistas durante um desfile de moda realizado em Nova York, nos Estados Unidos. Amy Lefevre, 25, disse ao New York Post que chegou a ser pressionada pela equipe de organizadores a usar as orelhas e lábios enormes de plástico.

"Eu fiquei a ponto de desmoronar, dizendo à equipe que me sentia incrivelmente desconfortável por ter que usar essas peças e que elas eram claramente racistas (...) Disseram-me que não havia problema em me sentir desconfortável por apenas 45 segundos", afirmou a jovem, que é modelo há quatro anos.

Após a discussão, Lefevre foi para a passarela com a roupa prevista, mas sem os acessórios. "Eu estava literalmente tremendo. Eu não conseguia controlar minhas emoções. Meu corpo inteiro estava tremendo. Nunca me senti assim na minha vida", relatou ela, que saiu do evento imediatamente depois.

Segundo o jornal New York Post, o desfile fez parte dos eventos pelos 75 anos do FIT (Fashion Institute of Technology) e mostrou o trabalho de dez ex-alunos de um de seus cursos. O modelo que Lefevre usaria foi feito pelo chinês Junkai Huang, que segundo observadores não parecia entender as implicações raciais de seu trabalho.

Huang não quis comentar o caso após ser questionado pelo New York Post, assim como o diretor e o produtor do evento. Uma aluna disse à publicação que os estudantes apontaram o teor racista dos acessórios a Richard Thornn, produtor do desfile, mas que ele não deu ouvidos e chegou a gritar com eles.

O presidente do FIT, Joyce F. Brown, afirmou que "o programa protege a liberdade do aluno de criar suas próprias perspectivas artísticas pessoais e únicas como designers, para ser até o que alguns consideram provocativo, de modo que eles encontrem essa voz".

Mas ele completou que, apesar disso, também tem o "compromisso de garantir que as pessoas não se sintam desconfortáveis, ofendidas ou intimidadas. Levamos essa obrigação muito, muito a sério e investigaremos e tomaremos as medidas apropriadas em relação a qualquer reclamação ou preocupação que seja feita nessa situação."

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