Monica Carvalho fala da estreia como roteirista, de maturidade e do casamento de 15 anos

22/06/2024 12h46

Fonte O Globo

Desde que estreou na TV como musa da abertura da novela "Mulheres de areia", em 1993, Mônica Carvalho não parou mais de trabalhar. Este ano, ela fez sua estreia como roteirista e produtora de cinema ao lançar o longa "Licença para enlouquecer", que também protagoniza ao lado de Danielle Winits e Michele Muniz. Em entrevista ao site, a atriz conta como foi ver um projeto escrito e produzido por ela ganhar vida.

— Estou muito feliz com essa conquista. Estar na indústria do cinema, que é uma indústria completamente masculina... Um filme que foi roteirizado por mulheres, protagonizado por mulheres. Eu falo sobre amizade, resiliência. Embora às vezes o mundo fique cinzento, a força da amizade e do amor sempre fala mais alto. Atuar também como produtora foi uma consequência, porque eu nunca sonhei em ser produtora, mas sou muito proativa, quero que as coisas aconteçam. Então, às vezes eu não espero, eu vou e faço — diz.

Apesar de algumas portas fechadas, Monica nunca desistiu do sonho de lançar seu filme e se estabilizar no meio cinematográfico:

— Sempre existem críticas, você é julgada e sofre preconceito por ser mulher, por ser uma atriz que já trabalhou com a sensualidade. Parece que isso vai medir a sua capacidade, a sua inteligência. Eu tive algumas pessoas duvidando do roteiro, sim. Eu não ligo para o que pensam. Você é que precisa se sentir segura com aquilo que quer vender. Recebi alguns "nãos" de produtoras e diretores. Eu senti (preconceito), sim, mas nunca desacreditei.

A última novela de Monica Carvalho foi "Gênesis", da Record, em 2021. Depois disso, ela também participou do reality "No limite", da Globo, em 2023:

— A minha arte tem várias veias, hoje eu não quero ficar limitada a só atuar. Eu gosto de escrever. Eu amo atuar também, não vou deixar de atuar nem de produzir. Eu não preciso me colocar num só lugar dentro da minha arte. Hoje, a minha arte é tão movimentada, com vários convites. Quero experimentar. Eu não digo "não". Fiz até o "No limite". Eu gosto de experimentar coisas.

Considerada um dos símbolos sexuais dos anos 1990, Monica explica que sempre encarou o título como um elogio:

— Eu me sentia bem lisonjeada. Me chamavam de musa, fiz muita capa de revista. Me chamavam de "the body", que quer dizer "o corpo". Isso nunca me limitou para trabalhar, tanto que eu tenho 15 novelas, trabalho até hoje, recebo vários convites. Eu andei bastante, fiz muita participação em série. Esses rótulos não me preocupam. O Brasil gosta muito de colocar rótulos nas pessoas. O que você não pode é se deixar limitar ou acreditar que você vai ser sempre isso, porque não vai. Eu encarava com carinho.

Aos 53 anos e mãe de duas filhas, ela encara a passagem do tempo de forma positiva:

— Eu sou carioca, minha adolescência foi na frente da praia. Eu gostava de correr, sempre gostei de atividade física e faço isso até hoje. Gosto de me movimentar, mas para um cuidado com a saúde. Tenho equilíbrio na minha alimentação, tomo vitamina para cabelo, para a pele. Eu gosto da beleza natural. Não sou uma pessoa que quer fazer harmonização e mudar o rosto, para não me enxergar no espelho. Quero ser uma mulher cuidada, porque o cuidado é autoestima, é amor-próprio. Meu corpo é minha morada, quero me sentir confortável. Não adianta pensar "não tenho mais 20 anos". Só tem vida quem tem idade mesmo, e eu quero viver muito.

Casada há 15 anos com Alaor Paris Júnior, Monica acredita que sempre existiu muita vontade de fazer o casamento dar certo:

— Não existe segredo no casamento, existe você querer estar casada. E os dois têm que querer. As decisões são tomadas em conjunto. Existe admiração. Se não tiver admiração, não tem sentimento, não tem tesão, não tem nada. Eu admiro meu marido. Ele é um cara bacana, espiritualizado, de caráter, honrado. Quero estar ao lado dele, ver minhas filhas crescendo. Muitas vezes a gente vai ter que abrir mão de algumas coisas para priorizar a família e o casamento. Temos que alimentar a relação. Eu e meu marido fazemos muito isso. Viajamos sozinhos, namoramos, para não deixar morrer o romantismo, porque senão a rotina engole mesmo. Gosto de ser uma mulher casada, nunca fui uma pessoa de vários namorados. Eu sou um pouco romântica à moda antiga.

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