O melhor do Brasil de hoje é nosso cinema

26/05/2019 11h24


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarO melhor do Brasil de hoje é nosso cinema(Imagem:Divulgação)

Pela primeira vez na história do Festival de Cannes, um mesmo país, em um mesmo ano, é laureado com prêmios centrais nas duas mostras competitivas que o constitui.

"Bacurau", de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, acaba de vencer o Prêmio do Júri da mostra principal. Ontem, "A vida invisível de Eurídice Gusmão", venceu melhor filme na mostra Un Certain Regard.

Ambos, filmes que querem melhorar não só o Brasil, mas o mundo. Ambos, filmes que têm muito a dizer (e a ajudar) ao mundo.

Não só eles. Este ano, o cinema brasileiro derramou-se em Cannes. Na mostra Un Certain Regard, estava também "Port Authority", de Danielle Lessovitz. Rodrigo Teixeira, consagrado produtor brasileiro internacional, foi premiado por "The Lighthouse". Na sessão de "Sem seu sangue", de Alice Furtado, com equipe forjada na curso de cinema da UFF, os realizadores exibiram cartazes de protesto em solidariedade ao desmanche da educação, no Brasil e no mundo, feito por governos populistas e autoritários.

Todos por um planeta melhor. Com mais educação e mais emprego. O cinema brasileiro movimenta mais empregos e gera mais riquezas ao Brasil do que os projetos apresentados até agora pelo governo federal que assumiu em janeiro. E Educação, afinal, é investimento. Nunca custo.

O melhor do Brasil é nosso cinema e não sou eu quem está dizendo. Meses atrás, o Festival de Cinema de Berlim reduziu seus delegados de 20 para apenas 7. As sete pessoas mais antenadas com o cinema que o Festival julga hoje ser o mais importante feito no mundo. Eduardo Valente, ex-ANCINE, foi um destes considerados indispensáveis para o sucesso do festival de Berlim.

Na Berlinale de 2019, o Brasil bateu seu recorde de participações. 11 obras participaram do festival. "Espero a tua revolta", documentário de Eliza Capai sobre as ocupações dos estudantes secundaristas nas escolas públicas de SP em 2015, venceu os prêmios da Anistia Internacional e da Fundação Heinrich Boll. E ajudou ao mundo a entender o quanto a educação, em muitos países, estava sob ataque. No Brasil, após anunciados os cortes em educação, as ações das empresas privadas de ensino dispararam, segundo o jornal "O Globo".

Um movimento mundial de lobotomia e envenenamento dos pobres que, aqui no Brasil, encontra ecos na aprovação de mais 31 agrotóxicos a serem usados no país. Ao todo 169. Mais de um veneno por dia.

O cinema brasileiro é o antídoto ao mal que nos envenena todos os dias. Plural, tem nos ensinado a olhar todos os lados das questões de nossa sociedade. Plural, procura entender o outro, dialogar com o outro. Plural, passou a abrigar com maior ênfase, mais realizadoras mulheres, mais realizadores negros.

O filme mais premiado no exterior nos últimos 12 meses, foi escrito, dirigido e produzido por uma cineasta brasileira negra. Sabrina Fidalgo e seu curta "Rainha" até hoje rodam o mundo. E está disponível de graça no Youtube. Seu novo filme, o ainda não lançado "Alfazema", com Bruna Linzmeyer, orgulhosa homossexual assumida atriz, já foi visto por esta coluna, e é uma das obras mais livres que já produzimos.



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