Patrícia Poeta: "Me banco, tenho meu filho, amigos e zero pressa de estar comprometida"

06/06/2024 11h11


Fonte Revista Quem

Imagem: Patrícia Canola/DivulgaçãoPatrícia Poeta (Imagem:Patrícia Canola/Divulgação)Patrícia Poeta 



Patrícia Poeta completa 48 anos em outubro deste ano exatamente como e onde almejava estar: apresentando uma atração ao vivo e de entrevistas, o Encontro, que assumiu o comando definitivo em 2022. Como mulher, ela se orgulha de ter alcançado a liberdade de ser e fazer o que quiser, independentemente da pressão da sociedade que, no passado, já tiraram a sua paz. "Algumas pessoas têm essa mania de querer que a mulher esteja sempre com alguém", diz ela, que em 2017 terminou o casamento de 16 anos com Amauri Soares.

"Na sociedade machista em que vivemos isso parece ser uma obrigação. Eu trabalho, me banco, tenho meu filho, amigos e zero pressa de estar comprometida só para agradar às pessoas. Quando tiver que acontecer, irá! Tudo de forma natural e sem pressão", afirma.

Ela pratica a risoterapia e curte cada conquista destas quase cinco décadas de vida, como a companhia do filho Felipe Poeta, de 21 anos, os encontros com amigos, as viagens de férias solo e o prazer do autocuidado e dos momentos só dela. "Precisamos lembrar que somos finitos e essa eterna busca por algo - que muitas vezes nem sabemos o que - nos impede de desfrutar com verdade e intensidade as coisas boas que já temos", analisa.
Imagem: Patrícia Canola/DivulgaçãoPatrícia Poeta (Imagem: Patrícia Canola/Divulgação)Patrícia Poeta 

Este é o segundo ano como titular à frente do Encontro. O que essa experiência profissional te ensinou de mais importante sobre você mesma?
Acho que ressaltou algo que eu sempre cultivei: aprender. Sempre fui boa de escuta, mas o Encontro me fez exercitar ainda mais isso. Como mudamos o DNA do programa, precisei parar e prestar atenção no que o público queria. Sempre digo que o Encontro é feito pelo público e para o público. Posso dizer que tem dado certo e o sucesso do programa mostra isso. Batemos recordes atrás de recordes. Me orgulha saber que fazemos um programa que as pessoas gostam de ver. Falo com todo o orgulho que o Encontro está no gosto popular e os números dizem isso.

"Quis fazer um Encontro em que o público fosse a parte mais importante do programa, ou seja, falar do que quem está em casa está falando e quer saber."

Como foi conquistar seu público após a mudança de apesentadoras e qual marca você procura deixar?
Foi trabalho duro, dia após dia. O programa teve uma mudança grande, trazendo o DNA do jornalismo para as edições, o que também trouxe um público que antes não acompanhava tanto. E claro que herdamos também um público maravilhoso que já estava ali no dia a dia do programa. Eu quis fazer um Encontro em que o público fosse a parte mais importante, ou seja, falar do que quem está em casa quer saber. No novo cenário, um dos meus pedidos foi aumentar a plateia e trazer essas pessoas ainda mais para dentro do palco. O Encontro tem como alma o público.

Um programa ao vivo tem sempre os seus desafios. Qual foi o programa mais difícil de apresentar?
O mais difícil foi o da Glória Maria porque além de ser a pessoa especial que era, ficamos sabendo do acontecido poucos minutos antes de eu entrar no ar. Então, foi um programa montado ao vivo, na base do improviso mesmo. Lembro do Pedro Bial falando pelo celular no táxi a caminho dos estúdios para participar.

E o mais emocionante?
Um que mexeu muito comigo foi o da morte Jô Soares. Mexeu comigo até porque foi o primeiro programa de entrevistas que fui, quando comecei na Globo, aos 22 anos. Ele sempre foi muito carinhoso e generoso. Me ligava para me parabenizar pelas estreias em novos desafios na TV. Foi um programa emocionalmente difícil de fazer. Ainda mais porque essa despedida foi no mesmo estúdio em que o programa dele era feito e eu estava usando, naquele dia, o microfone que ele costumava usar. Tudo isso mexeu comigo.

Muitas vezes o trabalho acaba ocupando quase toda a nossa rotina. Qual a importância que você dá para momentos que gerem um encontro com você mesma?
No primeiro ano em São Paulo, eu dediquei todo o meu tempo ao programa. Eu acordava e dormia pensando nele. Tinha na cabeça que essa dedicação era necessária para tudo entrar nos eixos e dar certo. Agora, já estou abrindo brechas para outras atividades, como meus treinos de musculação, dança e meditação. Estou saindo mais também.

O que mais gosta de fazer quando não está trabalhando?
Amo estar com minha família. No Rio, está o meu filho Felipe. Adoro ir para a minha casa também, onde meus pais foram morar. Sou uma pessoa solar, então, praia e minha família são coisas que me deixam muito feliz.

Qual a importância das férias e de viajar para você?
É poder descansar, relaxar para voltar com as baterias recarregadas. Amo fazer o programa, mas entendo que são importantes esses pequenos descansos para sair da rotina e vir com a mente aberta e limpa para outras ideias. Fora que, como viajo nessas brechas, tenho novas ideias, as pessoas chegam em mim para fazer comentários, dar sugestões… Então, é importante esse contato com o público.

Teve uma época em sua vida que não dava essa mesma importância a férias e que colocava o trabalho em primeiro lugar?
Acho que em primeiro lugar sempre esteve minha família, mas o trabalho foi e é uma prioridade. Sou muito comprometida com ele, então, comigo não tem tempo ruim. Gosto de trabalhar, me sentir útil, poder produzir. Não é algo que seja pesado para mim. As férias são importantes porque são momentos de renovação das ideias e que posso viajar com o Felipe, as amigas e até sozinha, que é algo que amo também.

"Quando você está só, você é obrigada a sair da bolha que fica quando está em grupo."

Você gosta de viajar sozinha, algo que algumas pessoas odeiam. Como é essa experiência?
Gosto, sim! É uma oportunidade de conhecer novas pessoas. E sou o tipo que adora conversar, saber mais das pessoas e do lugar. Então, quando você está só, é obrigada a sair da bolha que fica quando está em grupo.

Gosto muito de viajar sozinha também, mas já escutei comentários como "Que dó! Ela está sozinha" e costumo ser questionada se viajo sozinha porque não consigo arranjar companhia para as minhas viagens... Você também já ouviu esse certo julgamento por preferir viajar sozinha?
Nunca ouvi, não. As vontades e necessidades são individuais. Acredito muito nisso.

Mas a sociedade tem muitas pressões, principalmente relacionadas às escolhas da mulher...
Algumas pessoas têm essa mania de querer que a mulher esteja sempre com alguém. No começo é "quando vai namorar?". Depois vem o "quando vai se casar?", daí vem a pergunta dos filhos, depois a "se quer mais filhos" e quando ela se separa, volta a pergunta de quando vai voltar a namorar.
Imagem: Reprodução/ InstagramPatrícia Poeta e o filho, Felipe Poeta.(Imagem:Reprodução/ Instagram)Patrícia Poeta e o filho, Felipe Poeta.

Por que você acha que ainda existe essa pressão?
Na sociedade machista em que vivemos isso parece ser uma obrigação. Eu trabalho, me banco, tenho meu filho, amigos e zero pressa de estar comprometida só para agradar às pessoas. Quando tiver que acontecer, irá! Tudo de forma natural e sem pressão.

Essa pressão para estar em um relacionamento ou para ter um filho já te incomodou no passado?
Já, sim. Acho que seu limite é quando começa o direito do outro e isso inclui o de decidir o que quer para si. Seja ter um companheiro, seja casar, seja ter filho, o que for. Acho que quando você aprende a viver sozinha, se conhece melhor, a pessoa que aparece na sua vida vem para somar, não para completar. São coisas diferentes.

"Eu me permito tudo. Sou um ser humano como outro qualquer. A única diferença é que estou todo dia na casa das pessoas, pela TV."

Você se permite beijar na boca, ficar com alguém, sem rótulos e compromissos?
Eu me permito tudo. Sou um ser humano como outro qualquer. A única diferença é que estou todo dia na casa das pessoas, pela TV. Não quero estar nessa posição de ser vista como diferente dos outros. A liberdade é uma dádiva!

Neste ano você celebra 48 anos. Como são os seus cuidados hoje com a sua saúde física e mental?
Me cuidar é uma prioridade, pois minha saúde é muito importante para mim, mais do que a estética. Faço minha musculação, minhas aulas de dança, como bem e pratico a risoterapia, como diz um amigo meu (risos). Quero ter saúde para realizar ainda mais: poder viajar, curtir meu filho, minha família... Sem saúde não vamos a lugar nenhum.

"Estou vivendo meu sonho e desfrutando dele. Sempre quis ter um programa diário e de entrevistas. E hoje posso acordar todos os dias e falar que sou realizada."

Já começou a lidar com a menopausa e a fazer reposição?
Ainda não.

Quais são os sonhos profissionais e como mulher que te movem?
Estou vivendo meu sonho e desfrutando dele. Sempre quis ter um programa diário e de entrevistas. E hoje posso acordar todos os dias e falar que sou realizada. Acredito muito em aproveitar coisas que almejo, senão, ficamos naquela eterna busca de colocar metas, com a cabeça no futuro, sem viver o presente. Claro que você deve ter objetivos na vida, mas quando consegue conquistá-los, se dê o prazer de desfrutá-los com calma, curtindo tudo o que eles podem oferecer. Precisamos lembrar que somos finitos e essa eterna busca por algo que, muitas vezes nem sabemos, nos impede de desfrutar com verdade e intensidade as coisas boas que já temos.

Tópicos: encontro, sozinha, patr?cia