Priscila Fantin fala sobre reprise de "Alma gêmea" e saúde mental

21/06/2024 09h09


Fonte O Globo

Imagem: Reprodução/InstagramPriscila Fantin(Imagem:Reprodução/Instagram)Priscila Fantin

Priscila Fantin está no ar com um dos maiores sucessos da sua carreira, a novela “Alma gêmea” (2005), em reprise pela quarta vez. Ela diz que se sente honrada pelo carinho do público:

— Não tem outra emoção possível: estou feliz e grata. É uma obra-prima, uma trama que foi um fenômeno e sempre será. É uma novela curativa. Todos os núcleos têm uma lição positiva.

Na época em que gravou o trabalho, a atriz tinha 22 anos e já convivia com uma questão que foi diagnosticada alguns anos depois: uma depressão crônica.

— Aos 26 anos, tive o diagnóstico de fato, mas, hoje, sei como a depressão age no nosso organismo, na nossa cabeça e no nosso comportamento. Posso dizer que já carregava uma tristeza profunda desde uns 19 anos — afirma.

Ela diz que demorou a entender os sintomas da doença, em que uma pessoa que sofre com o transtorno cumpre as obrigações sem vivenciar os momentos interessantes:

— A depressão ocorre por deficiências de neurotransmissores e de produção de determinadas substâncias no meu organismo. Tenho sempre que estar cuidando. Existem manobras para me manter saudável, mas ela pode se instalar de novo. É sempre uma relação intensa com a minha condição. Tento lidar com o maior carinho, cuidado, paciência e respeito comigo mesma. Senão, fica pesado demais.

Priscila conta que a primeira pessoa do mundo artístico a saber da sua condição foi o diretor Pedro Vasconcelos, quando ele a convidou para integrar o elenco da peça “A marca do Zorro”, em 2010. Ela diz que comentou com ele as inseguranças de fazer o trabalho, mesmo já estando em tratamento.

— Com a peça, tive que ter contato com outras pessoas e sair um pouco do casulo, porque era um compromisso de trabalho. Sou muito comprometida. Ter essa obrigação, fazer terapia e tomar os medicamentos me fizeram muito bem. Fui melhorando.

A atriz avalia que poderia ter identificado a depressão e começado o tratamento mais cedo se tivesse lido algo sobre o assunto quando mais nova, antes de ter chegado ao ponto mais crítico da doença:

— A depressão nunca afetou meu trabalho. Não houve consequência para a minha interpretação e para a vida das personagens. Em “Alma Gêmea”, não tinha o diagnóstico, o peso de saber e o tratamento. Mas a Serena, por si só, já é um antidepressivo. Vivenciar as minhas personagens é um antídoto.