Rebeca Andrade: "Eu me amo, mas foi algo que construí com o tempo"

11/09/2024 15h57


Fonte Revista Quem

Imagem: Comitê Olímpico Brasileiro/DivulgaçãoRebeca Andrade(Imagem:Comitê Olímpico Brasileiro/Divulgação)Rebeca Andrade

Amada por milhões de pessoas ao redor do mundo, Rebeca Andrade mostra que é do amor próprio que parte a verdadeira autoestima. A maior medalhista olímpica do esporte brasileiro reflete com a Quem sobre a construção do reconhecimento da própria beleza com apoio da mãe, Rosa, e dos sete irmãos, e revela como aprendeu a se maquiar para as competições - processo que faz sozinha até hoje.

"Quando era criança, não entendia muito, não ligava para beleza. Só [ligava] quando a gente tinha que competir, porque aí a nossa treinadora nos maquiava. Quando você entra na adolescência, se acha estranha, fica alguma coisa esquisita no rosto, no corpo, não gosta de alguma coisa ou outra, e faz parte. Hoje em dia, me acho a última bolacha do pacote, a bolacha inteira, superlinda", brinca ela, que se tornou embaixadora da Vult Cosméticos.

Para a ginasta de 26 anos, o incentivo da família foi o que ajudou a construir uma autoimagem positiva: "Eu me amo, amo meu rosto, cabelo, cor, corpo, mas foi algo que fui construindo com o tempo. É muito bom a gente se conhecer e se amar dessa forma, e minha mãe e meus irmãos sempre me elogiaram muito. Acho que isso foi construindo uma menina - e depois uma mulher - mais forte e melhor, por que eu me amo do jeito que sou", declara.

"Amo meu rosto, cabelo, cor, corpo...mas foi algo que fui construindo com o tempo"
Imagem: Getty ImagesRebeca Andrade(Imagem:Getty Images)Rebeca Andrade

Padrões e preconceitos

Rebeca se tornou, para muitas crianças e jovens que acompanharam suas conquistas olímpicas, inspiração e referência. Como mulher negra, ela conta não ter vivido experiências com racismo e preconceito, mas que já acompanhou de perto algumas das vividas pelos irmãos: Roger, 35; Emerson, 33; Elisama, 29; Robert, 27; Yago, 21; Henrique, 19; e Igor, 17.

"Nunca recebi críticas pelas minhas características. Tive muita sorte, pois vivemos num país em que muitas vezes a gente sofre com isso. Estava num ambiente onde as pessoas me amavam pelo meu talento, pela pessoa que eu era, pela minha beleza, acho que por tudo", afirma.

"Nunca vi meu meu nariz largo, minha boca grande ou minha cor como um problema. Não passei a minha vida pensando muito nisso. Mas os meus irmãos sofreram muito. Às vezes, doía em mim por eles terem passado por isso e eu não. É diferente quando bate com a sua família. Mas eles sempre foram muito fortes".
Imagem: Reprodução/InstagramRebeca Andrade com seus irmãos: Roger, Emerson, Elisama, Robert, Ezequiel, Yago, e Henrique.(Imagem:Reprodução/Instagram)Rebeca Andrade com seus irmãos: Roger, Emerson, Elisama, Robert, Ezequiel, Yago, e Henrique.

Rebeca frisa o incentivo constante da mãe, uma mulher branca, foi fundamental na construção da autoestima dela e de seus irmãos. Rose assumiu a maternidade solo de 5 dos seus 8 filhos, e como empregada doméstica, garantiu o sustento da família. O ex-marido, Ricardo Andrade, não foi um pai presente.

"Minha mãe, uma mulher branca, ensinou a gente a se amar muito. Ela falava: Eu queria ter a pele de vocês, ser como vocês, olha essa boca, olha esse olho, esse cabelo, vocês são lindos, maravilhosos".
Imagem: Reprodução/InstagramRebeca Andrade abre álbum de fotos das Olimpíadas.(Imagem:Reprodução/Instagram)Rebeca Andrade abre álbum de fotos das Olimpíadas.

"Ela enfatizava muito isso desde a nossa infância até a nossa fase adulta. A gente se achava lindo mesmo, porque a gente era lindo, uma família maravilhosa. Foi algo que eu construí na minha cabeça, sempre com muita segurança. Nunca vi como um problema", reflete.

Além do talento e do inegável carisma, Rebeca fez sucesso nas redes sociais durante as Olimpíadas com as maquiagens impecáveis exibidas cada vez que entrava no tablado. A habilidade com os pincéis foi adquirida ao longo dos anos, do jeito Rebeca de ser: com dedicação e muito treino:

"Comecei a ver tutorial no YouTube. Eu era horrível, muito ruim. Mas a prática leva à perfeição. Aos pouquinhos, praticando bastante, a gente vai melhorando. Hoje, consigo ser um pouco mais criativa e inventar um pouco mais, seja na pele, no olho. Adoro me maquiar e adoro maquiagem", conta.
Imagem: Reprodução/InstagramRebeca Andrade(Imagem:Reprodução/Instagram)Rebeca Andrade

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Tópicos: corpo, mulher, rebeca