Rosângela da Silva, a Janja: quem é a nova primeira-dama do Brasil
30/10/2022 21h31Fonte Revista Marie Claire
Imagem: Arquivo PessoalRosângela da Silva, a Janja: nova primeira-dama afirma ser "petista de carteirinha".
O nome da primeira-dama Rosângela da Silva, ou Janja, veio primeiro a público em 19 de maio de 2019, quando o economista Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro do governo de Fernando Henrique Cardoso, visitou Lula, preso em Curitiba à época, e “entregou” o casal.
No Facebook, o economista relatou que o então ex-presidente estava, para além da “boa forma física”, apaixonado. “Seu primeiro projeto ao sair da prisão é se casar”, disse o ex-ministro.
Com isso, o nome de Janja se tornou um dos mais comentados nas redes sociais – e na imprensa - na época. O casamento, como prometido, aconteceu. Em maio deste ano, o casal disse “sim” em São Paulo, em uma cerimônia com familiares, políticos, artistas e outros amigos.
Mas quem é Janja?
Mais nova de dois irmãos, Rosângela da Silva nasceu em 1966 em União da Vitória, pequena cidade paranaense na divisa com Santa Catarina. Filha de José Clóvis da Silva, um comerciante aposentado, e Vani Terezinha da Silva, dona de casa que morreu em 2020, Janja cresceu em Curitiba, para onde a família se mudou quando ela tinha apenas dez dias de vida.
Aos 17 anos, Janja filiou-se ao Partido dos Trabalhadores e, na sequência, ingressou na Universidade Federal do Paraná (UFPR), onde graduou-se em ciências sociais e especializou-se em história. Depois, fez um MBA em Gestão Social e Desenvolvimento Sustentável, na Universidade Positivo.
Segundo a revista Veja, Janja já foi casada e estava sozinha havia dez anos quando iniciou o relacionamento com Lula. Ela não tem filhos.
"Facilidade com articulação”
Imagem: O GloboJanja em carreata no Rio de Janeiro.
Janja tem experiência como professora de sociologia para o nível médio e superior e, de acordo com seu LinkedIn, atuou a partir de 2003 na Itaipu Binacional como assistente da direção-geral. Segundo uma reportagem do UOL, ela entrou no programa de demissão voluntária da companhia em 2019.
O foco de seu trabalho na Itaipu era nas coordenações ligadas à energia e barragens, assim como no diálogo com as famílias atingidas. Na empresa, ações de equidade de gênero e voluntariado empresarial foram desenvolvidas sob seu comando.
“Quando começamos a trabalhar juntas, fizemos uma campanha de enfrentamento à violência contra a mulher, e ela organizava reuniões, atividades. Ela tem muita facilidade com a articulação, o que facilitava o nosso trabalho", afirmou Maria Helena Guarezi, então diretora de Itaipu, amiga pessoal e madrinha de casamento de Janja, ao UOL.
Entre 2012 e 2016, a socióloga foi cedida à Eletrobrás, no Rio de Janeiro, como coordenadora de asseguração da Comissão de Sustentabilidade das empresas vinculadas à estatal. Na cidade, estreitou relações com o Flamengo, o seu time do coração, e o Carnaval, uma grande paixão. O seu currículo também inclui uma passagem pela Baesa (Usina Hidrelétrica Barra Grande).
Por ser filiada ao PT desde a adolescência, Janja e Lula se conhecem há muitos anos. Segundo apuração do UOL, desde as Caravanas da Cidadania, de 1989, idealizadas pelo político com o objetivo de conhecer de perto os problemas de diversas comunidades no país. Lideranças do PT, sindicalistas, técnicos e jornalistas integravam o grupo, que se deslocava de ônibus pelos estados.
Entretanto, não se sabe com precisão quando o relacionamento amoroso foi iniciado, décadas depois.
Feminista e estrategista
Imagem: Reprodução Instagram @ricardostuckertJanja com Dilma Rousseff, Benedita da Silva e outras personalidades em Nova Iguaçu.
A primeira-dama e o presidente viajaram pelo Brasil e mundo para diferentes eventos. A socióloga foi responsável por criar uma releitura do jingle “Sem medo de ser feliz”, da campanha de 1989 de Lula. O lançamento da nova edição, com a participação de artistas como Teresa Cristina, Pabllo Vittar, Martinho da Vila, Duda Beat e outros, marcou o início da pré-candidatura em maio de 2022.
Em diversas ocasiões, Janja sempre tomava o centro do palanque, com o microfone em mãos, enquanto o jingle tocava. Ela era a responsável por fazer a introdução à fala de Lula. A primeira-dama foi apontada por pessoas próximas, de acordo com apuração do UOL, como uma figura articulada, que apresentou ideias e inseriu novas pautas sociais nas reuniões desde a pré-candidatura, com temas relacionados à sustentabilidade e ao direito dos animais.
Em entrevista ao podcast Mano a Mano, do cantor Mano Brown, o presidente declarou que precisou alterar sua “cultura machista, de um peão de fábrica, que achava que a mulher tinha que fazer a comida quando eu chegasse" no casamento com sua segunda esposa, Marisa Letícia, que morreu em 2017. Lula também foi casado com Maria de Loudes, morta em 1971.
Com a nova relação, Lula disse que novas mudanças foram necessárias. “Eu agora estou com a Janja, que é muito politizada, tem uma cabeça política boa e é muito feminista.”
A socióloga disse em setembro, em um evento em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff, da deputada federal Benedita da Silva (PT-RJ) e de outras personalidades, que as “mulheres de luta” iriam ganhar a eleição no primeiro turno para Luiz Inácio Lula da Silva.
“São as mulheres que irão decidir essa eleição. Mulheres que irão ajudar a reconstruir nosso país, o Brasil da Esperança”, afirmou na legenda do vídeo compartilhado do discurso em seu Instagram.Já em um evento no Rio de Janeiro, também neste ano, sem a presença do marido, Janja foi questionada sobre sua postura na campanha. Fosse por repórteres ou por interlocutores do próprio PT, a sua conduta mais ativa foi comparada, ao longo dos últimos meses, ao comportamento tradicionalmente esperado de uma possível primeira-dama: mais passivo e decorativista.
"Não tem mordaça na minha boca. No meu partido, mulher pode falar”, afirmou Janja na ocasião. “Ninguém diz o que eu posso ou não falar."
Curitiba
Imagem: Reprodução Instagram @ricardostuckertJanja e Lula se casaram em maio de 2022 em São Paulo.
Durante os 580 dias em que Lula esteve na carceragem da Polícia Federal em Curitiba, a primeira-dama marcou presença constante nas vigílias dos apoiadores, em frente ao prédio da PF. Ela era uma das coordenadoras do movimento e uma das poucas autorizadas a visitar o político em sua cela. Em um aniversário de Lula, celebrado em 27 de outubro, Janja foi a responsável por puxar o “Parabéns” no microfone e por assoprar as velas.
Quando deixou a prisão, em 8 de novembro de 2019, o presidente usou a casa da namorada como base provisória na cidade para dar entrevistas e fazer reuniões. Ao sair da carceragem, Janja recebeu um beijo do então namorado, o primeiro em frente a fotógrafos. “Eu consegui a proeza de, preso, arrumar uma namorada”, declarou ele na ocasião.
O casal mora junto desde então em São Paulo e tem uma cachorrinha, Resistência. A cadela foi adotada por Janja durante a vigília em Curitiba e virou mascote da campanha.
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