Vivendo traficante, Wagner Moura fala de drogas: 'Deveriam ser legalizadas'

28/08/2015 10h54


Fonte Ego

 Wagner Moura mudou de lado: depois de viver o temido e famoso Capitão Nascimento, ele agora é Pablo Escobar, considerado o maior traficante colombiano - que enriqueceu na década de 80 com tráfico e contrabando -, na série "Narcos", que estreia nesta sexta-feira, 28, pelo serviço de streaming Netflix. Em entrevista para promover a série, o ator baiano falou sobre sua experiência na Colômbia e se declarou a favor da legalização das drogas.

Imagem: Daniel Daza/NetflixWagner Moura como Pablo Escobar em Wagner Moura como Pablo Escobar em "Narcos".
Para o papel, Wagner se mudou para a Colômbia, pois queria aprender espanhol o mais rapidamente e da melhor maneira possivel. Em Medellín, onde a série foi gravada, ele descobriu seu lado latino-americano e agora fala com orgulho do momento especial vivido enquanto rodava o novo projeto.

"Vou te falar com sinceridade: a coisa mais legal de ter feito essa série foi o fato de que nós, brasileiros, ainda ficamos um pouco distantes do sentimento de sermos latino-americanos pelo fato da gente ser um país gigante que fala português, consome sua própria cultural e tal. A Colômbia é um país em que sempre me senti muito acolhido e muito em casa. Eles são muito parecidos com a gente... gente aberta, que gosta de pegar e falar. O mais legal do fato de ter trabalhado com mexicanos, argentinos, colombianos, chilenos, foi trazer essa sensação de ser latino-americano, de pertencer a uma cultura maior que a nossa própria", contou ele ao EGO, durante entrevista em um hotel de São Paulo.

Na Colômbia, além de descobrir seu lado latino, Wagner observou e aprendeu muito. E voltou para o Brasil com a sensação de que podemos nos inspirar no país vizinho - mesmo tendo um histórico de violência e um panorama político ainda complicado - em muitos aspectos. Um deles está em construções que valorizam a população mais pobre dos grandes centros urbanos. "Eu fico impressionado que o que está à vista é um investimento em cidadania. No sentindo de que as obras lá são assim: em uma favela gigante de Medellín tem a biblioteca mais linda que eu já vi na minha vida! Prédio lindo, feito por um arquiteto top, cheia de computador. Essas coisas que geralmente no Brasil são feitas no asfalto e olhe lá", disse, ainda impressionado.

Wagner também cita o sistema de transporte público de Medellín como exemplo: "O cara que sai de lá de cima da favela e pega o metro cable- um bondinho - e desce na estação de metrô. Isso em termos de produtividade para o trabalhador faz uma diferença enorme. Um trabalhador pobre para chegar no seu local de trabalho demora 20, 30 minutos e no Brasil para chegar no centro do Rio ele pega dois ônibus, um puta trânsito, sabe? É um país de terceiro mundo, com problemas de terceiro mundo, mas a maneira como o país foi se reerguendo... Eu acho isso impressionante, é muito pouco tempo. São apenas 20 anos."

'As drogas deveriam ser legalizadas'

Vivendo um traficante, Wagner mergulhou na história dos cartéis latinos e da política de combate às drogas de países latinos e dos EUA. "Narcos" é contada sob o ponto de vista dos agentes americanos do DEA (agência anti-drogas dos Estados Unidos), que queriam reprimir a qualquer custo o tráfico.

O estilo de combate às drogas mostrado na série ainda é o mesmo utilizado em muitos países. Uma forma de atuação que Wagner acredita que não vá durar por muito tempo: "Eu acho que não só no Brasil, mas toda a política de combate às drogas na América Latina segue um pouco a política de combate às drogas dos EUA, que é uma política de enfrentamento e de repressão. A gente nota que com o tempo as coisas vão mudando. Hoje em dia o consumidor já não é tão criminalizado em todos os países. Eu acho que é um processo sem volta no sentido de legalização das drogas."

Para o ator, que viveu nos cinemas o Capitão que combatia o tráfico, as drogas são uma questão de saúde pública: "É uma opinião que eu tenho, que talvez demore para acontecer, mas qualquer análise mais aprofundada - e eu não sou especialista em drogas nem nada -, não resiste ao fato de que os óbitos com relação ao abuso de drogas são muito menores em quantidade do que os óbitos da guerra contra o narcotráfico. A quantidade de dinheiro gasto com segurança pública é muito maior do que se gastaria com saúde pública. Para mim, as drogas são um caso de saúde pública, muito grave, muito sério. Não é não levar em conta o problema das pessoas com drogas, mas é um problema de saúde pública."

Wagner acredita que outros países devem aos poucos se caminhar para a legalização das drogas e se diz a favor da medida, que segundo ele já era prevista por Pablo na década de 80: "É muito louco porque tem uma entrevista de Pablo Escobar para uma rádio em que ele fala exatamente isso: a tendência é que as drogas se tornem um comércio controlado pelo Estado. A minha opinião pessoal é essa: as drogas deveriam ser legalizadas.”

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