Aos 80 anos, Roberto Carlos tem obra celebrada por grandes nomes da música brasileira
19/04/2021 17h39Fonte G1
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MEMÓRIA – Aos 80 anos, dono de obra monumental que já contabiliza mais de 600 composições, Roberto Carlos tem esse grande repertório autoral tão entranhado na memória afetiva do Brasil que, volta e meia, algum nome estelar da música brasileira grava disco com as canções que Roberto fez para ele mesmo, mas que se ajustam a outras vozes.O primeiro tributo fonográfico foi lançado pela cantora Sônia Mello em 1975 (a artista gravaria outro, De coração para coração, em 1987). O disco Sônia Mello interpreta Roberto Carlos e Erasmo Carlos saiu dez anos após a consagração do cantor com a Jovem Guarda e o rock Quero que vá tudo pro inferno (1965).
Aliás, essa composição definidora na trajetória de Roberto inspirou o título do primeiro relevante álbum dedicado ao cancioneiro autoral de Roberto, ... E que tudo mais vá pro inferno (1978), disco de ousadias estilísticas que reafirmou a personalidade singular da cantora Nara Leão (1942 – 1989) e que causou certa controvérsia no elitizado clube da MPB onde Roberto nunca foi totalmente aceito, em que pesem conexões de vozes como as de Gal Costa e Elis Regina (1945 – 1982) com a obra do artista.
No ano seguinte ao tributo de Nara, o tecladista Lafayette Coelho (1943 – 2021) – cujo órgão é marcante na assinatura musical da Jovem Guarda – regravou o repertório do álbum lançado por Roberto em 1978. Lafayette interpreta Roberto Carlos (1979) foi o primeiro disco de série.
Em 1984, o cantor Waldick Soriano (1933 – 2008) potencializou o caráter sentimental da obra do compositor no álbum Waldick Soriano interpreta Roberto Carlos.
Na década seguinte, Maria Bethânia voltou às paradas ao enfatizar a carga dramática do repertório romântico de Roberto no majestoso álbum As canções que você fez pra mim (1993), produzido por Guto Graça Mello.
Cinco anos depois do disco de Bethânia, Agnaldo Timóteo (1936 – 2021) deu o tom habitualmente intenso a esse repertório no álbum Agnaldo Timóteo canta Roberto Carlos – Em nome do amor (1998).
No ano seguinte, foi a vez do cantor português Roberto Leal (1951 – 2019) enfatizar afinidades entre Brasil e Portugal no álbum Roberto Leal canta Roberto Carlos (1999).
Em 2000, dois tributos instrumentais – Arthur Moreira Lima interpreta Roberto Carlos (do pianista) e Do Ray para o Rei, disco do band-leader norte-americano Ray Conniff (1916 – 2002) – mostraram a força melódica do cancioneiro de Roberto resiste sem as letras.
Em 2001, padre Marcelo Rossi louvou a parcela religiosa desse cancioneiro no álbum Paz – As canções de fé de Roberto Carlos e Erasmo Carlos.
Em 2005, o pianista Eduardo Lages – maestro de Roberto – lançou o disco Emoções, ao qual se seguiu quatro anos depois o álbum Nossas canções, editado no mesmo ano de 2009 em que Cauby Peixoto (1931 – 2016) imprimiu a singular marca vocal no cancioneiro do Rei, abordado no álbum Cauby interpreta Roberto.
Três anos depois, a cantora Teresa Cristina – então associada primordialmente ao samba – se juntou ao grupo indie carioca Os Outros para cantar o Rei com frescor no álbum Teresa Cristina + Os Outros = Roberto Carlos (2012), produzido por Guto Graça Mello.
No ano seguinte, Lulu Santos enfatizou a matriz do R&B no repertório do compositor no álbum Lulu canta & toca Roberto e Erasmo, lançado no mesmo ano de 2013 em que Leny Andrade lançou As canções do Rei, disco em que interpretou standards de Roberto em espanhol.
Em 2014, foi a vez de Roberta Miranda lançar Roberta canta Roberto. Em 2017, Angela Maria (1929 – 2018) reafirmou o porte de rainha no álbum Angela Maria e as canções de Roberto & Erasmo.
Por fim, em 2019, Nando Reis expôs afinidades com o compositor em Não sou nenhum Roberto, mas às vezes chego perto.
Tantos tributos fonográficos vindos de tantos artistas de gerações e universos distintos corroboram a presença do cancioneiro de Roberto Carlos na memória afetiva do Brasil.
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