Aos 80 anos, Tia Surica celebra o centenário do compositor Manacéa em álbum com a nobreza do samba

11/06/2021 18h22


Fonte G1


Imagem: ReproduçãoClique para ampliarCompositor desde os 18 anos, Manacéa criou sambas-enredo para a Portela a partir da segunda metade da década de 1940 e, em 1957, teve o primeiro samba registrado em disco, Minha qu(Imagem:Reprodução)
 Assim como a própria vida de Iranette Ferreira Barcellos, cidadã carioca que veio ao mundo em 17 de novembro de 1940, o álbum Conforme eu sou é declaração do amor da artista à Portela, uma das mais tradicionais escolas de samba do Carnaval do Rio de Janeiro.

Nem poderia ser diferente, porque, para quem não liga o nome à pessoa, Iranette é a popular Tia Surica, a pastora do grupo Velha Guarda da Portela, famosa no mundo do samba pelas iguarias musicais e gastronômicas.

Aos 80 anos, a artista dá continuidade com o álbum Conforme eu sou à espaçada discografia solo, iniciada tardiamente em 2003 com a edição do álbum intitulado Surica e continuada, uma década depois, com o registro de show Tia Surica ao vivo na Portela (2013).

Gravado em estúdio, entre fevereiro e março, com direção musical e arranjos do produtor e violonista Paulão Sete Cordas, o álbum Conforme eu sou exalta a Portela através da nobreza lírica do cancioneiro do compositor Manacéa José de Andrade (26 de agosto de 1921 – 10 de novembro de 1995), cujo centenário de nascimento é festejado neste ano de 2021.

Compositor desde os 18 anos, Manacéa criou sambas-enredo para a Portela a partir da segunda metade da década de 1940 e, em 1957, teve o primeiro samba registrado em disco, Minha querida, parceria com Francisco Santana (1911 – 1988), bamba portelense conhecido como Chico Santana. Desde então, Manacéa pavimentou obra que ganhou projeção, além dos redutos do samba, a partir dos anos 1970. Obra honrada por Surica no álbum Conforme eu sou.

Sábio, o produtor musical do disco, Paulão Sete Cordas, arregimentou músicos que dominam a linguagem do samba – virtuoses do naipe de Rogério Caetano (violão de sete cordas), Paulino Dias (percussão), Luis Barcelos (bandolim e cavaco), Rodrigo Reis (percussão), Léo Rodrigues (pandeiro) e Waltis Zacarias (surdo e cuíca), além do próprio Paulão nos violões de seis e sete cordas – para armar cama confortável para Surica dar voz a 12 músicas de autoria de Manacéa, compositor que levou a pastora para a Velha Guarda da Portela.

Aberto com a gravação de Conselho de mamãe, samba escolhido para primeiro single do álbum e já abordado por Cristina Buraque em disco editado em 2007, o tributo de Surica a Manácea lustra joias do alto quilate de Sempre teu amor (1963), Manhã brasileira (1977) e A natureza (1983), exemplos grandiosos da sintonia entre as melodias e letras do cancioneiro do compositor.

Guardiã das tradições desse samba mais nobre, em especial do baú portelense, Cristina Buarque sola Inesquecível amor (1991) em participação natural e justificada pelo fato de ter sido, com gravação de 1974, a principal propagadora do samba mais conhecido da obra de Manacéa, Quantas lágrimas (1970), música obviamente incluída no repertório do disco de Surica.

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Tópicos: samba, sete cordas, surica