Ativista da banda Pussy Riot foge da Rússia disfarçada de entregador de comida
11/05/2022 10h52Fonte G1
Imagem: Reprodução
Maria Alyokhina, uma das ativistas do grupo Pussy Riot, fugiu da Rússia disfarçada de entregador de comida para escapar da polícia e da crescente perseguição do presidente Vladimir Putin.Em Vilnius, capital da Lituânia, Alyokhina conversou com o jornal The New York Times e falou sobre sua angustiante fuga.
"Fiquei feliz por ter conseguido fazer isso porque foi uma despedida imprevisível e forte [das autoridades russas]", afirmou ela, que ainda completou: "Ainda não entendo completamente o que fiz."
Maria Alyokhina passou toda a vida adulta lutando para que a Russia respeitasse sua própria Constituição e os direitos humanos mais básicos, como a liberdade de expressão.
Ela também escreveu o livro de memórias "Riot Days", e viajou o mundo com um show baseado na obra.
Alyokhina estava comprometida a permanecer na Russia com sua luta, mas agora se juntou às dezenas de milhares de russos que fugiram desde a invasão da Ucrânia.
Antes de sua partida, ela fez um post nas redes sociais mostrando sua pulseira de monitoramento eletrônico de prisão domiciliar. A fuga acontece após Putin reprimir qualquer crítica a sua guerra, e as autoridades da Ucrania anuciarem que sua prisão domiciliar seria revertida para 21 dias de detenção em colônia penal.
Nos últimos meses, Alyokhina foi detida seis vezes, sempre com acusações forjadas na tentativa de calar seu ativismo político, segundo o New Yor Times.
A primeira vez que Maria Alyokhina, de 33 anos, chamou atenção das autoridades russas foi em 2012, quando sua banda de punk rock Pussy Riot realizou um protesto contra o presidente Vladimir Putin na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou.
Pelo ato, ela foi sentenciada a dois anos de prisão por vandalismo, sendo liberada em dezembro de 2013.
Segundo depoimento ao New York Times, durante a fuga, Alyokhina se disfarçou de entregador de comida para escapar da polícia de Moscou, que estava vigiando o apartamento de amigos onde ela estava hospedada.
Como isca e para evitar ser rastreada, ela deixou seu celular para trás. A ativista contou com a ajuda de um amigo que a levou até a fronteira com a Belarus e, depois, demorou uma semana para a atravessar a Lituânia.
Alyokhina afirma que espera retornar para a Rússia, mas não faz ideia de como isso pode acontecer, enquanto até os ativistas mais dedicados são forçados ao exílio. Segundo o jornal, diariamente novos integrantes do grupo chegam a Vilnius.
"Se seu coração está livre, não importa aonde você está", diz a ativista.