Aurinha do Coco, cantora que rodava a saia com aura na dança do coco, morre no Rio aos 63 anos

29/01/2022 12h23


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoAurinha do Coco(Imagem:Divulgação)Aurinha do Coco

“Aurinha roda a saia em todos os sotaques do coco: o de raízes, o de xambá, o de praia, o de roda, o de embolada, o de umbigada. [...] Aurinha tem o dom. Aurinha tem a aura. Aurinha é a primeira dama do coco. Ela raspa o coco. Do coco, faz cocada. E o resultado é a mais gostosa umbigada”.

O elogio rimado feito pelo percussionista pernambucano Naná Vasconcelos (1944 – 2016) à conterrânea Áurea da Conceição de Assis Souza (1958 – 2022) dá bem a medida do prestígio angariado por essa cantora e compositora de coco nascida em Olinda (PE) e criada com os ouvidos ligados nas vozes e danças das coquistas do bairro de Santo Amaro.

Frequentemente caracterizada como a guardiã das tradições do coco de roda, Aurinha morreu na madrugada de quinta-feira, 27 de janeiro, aos 63 anos, vítima de parada cardiorrespiratória em hospital da cidade do Rio de Janeiro (RJ).

Afinada primeiramente em corais de música erudita, como o Coral São Pedro Mártir e Madrigal do Recife, a voz forte de Aurinha pode ser ouvida no fecho do álbum Forró de todos os tempos, lançado por Alceu Valença em 1998. A cantora participa da faixa final, Coco do rala coco (Alceu Valença e Aracílio Araújo), homenagem do conterrâneo Alceu a Aurinha.

Na ocasião, a artista já iniciava carreira solo, após ter sido vocalista do grupo de Selma do Coco por cerca de dez anos. Como solista, Aurinha deixa dois álbuns, Eu avistei (2005) – gravado em 2004, lançado no ano seguinte em CD e relançado em junho de 2021 em edição digital, para alegria da cantora – e Seu grito (2020).

Mais do que pelos discos, Aurinha do Coco será lembrada pela habilidade de rodar a saia na dança do coco, gênero a que deu voz com aura, como louvou Naná Vasconcelos com propriedade e poesia.

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