Cajueiro-Rei do litoral do Piauà vira narrador da própria história em livro infantil
03/09/2022 09h52Fonte G1 PI
Imagem: Reprodução/Redes SociaisEscritora se inspira em Cajueiro-Rei, no litoral do Piauí, para escrever livro infantil.
A escritora Eriane Dantas, de 35 anos, se inspirou no Cajueiro-Rei do litoral piauiense, que disputa o título de maior cajueiro do mundo pelo Guinness World Records, para escrever um livro infantil e incentivar a preservação de patrimônios naturais no Piauí. A obra, intitulada “Os Nós em Mim”, foi lançada no dia 13 de agosto deste ano.
Na narrativa, o Cajueiro-Rei relata a própria trajetória, desde quando era uma pequena muda até os dias atuais, em que possui 8.834 metros quadrados e 732 metros de perímetro.
"Ele relembra as pessoas que passaram por ali, abrigaram-se em sua sombra e partiram. A obra fala de convivência, amizade, amor. Para além da preservação da natureza, acredito que a mensagem que leva, especialmente às crianças, é a da valorização das coisas simples, das marcas que as outras pessoas deixam em nós", explicou Eriane Dantas.
Ao g1, a escritora revelou que o livro começou a ser produzido em 2019, quando ela estava de licença-maternidade e, enquanto passeava com o filho, avistou algumas árvores que lhe despertaram a imaginação.
"Corri ao computador quando tive chance, criei o texto inicialmente tendo em mente os cajueiros que costumava ver nas proximidades da casa dos meus avós, no interior do Piauí. Tempos depois, veio-me à lembrança uma notícia que havia escutado em algum momento do passado, sobre o Cajueiro-Rei. Pesquisei o assunto na internet e me encantei. Que incrível um ser vivo que se desenvolve à medida que nascem outras versões de si mesmo”, contou.
“É um convite para os leitores e as leitoras conhecerem esse patrimônio natural e um apelo pela conservação e melhoria do lugar”, destacou.
Imagem: Reprodução/Redes Sociais Escritora se inspira em Cajueiro-Rei, no litoral do Piauí, para escrever livro infantil.
Terceiro livro publicado
Eriane Dantas publicou seu primeiro livro em 2014, quase 15 anos após deixar Teresina e se mudar para Brasília. Na região Centro-Oeste do país, durante o período de adaptação ao novo lar, ela se apegou à literatura.
“Eu não era uma criança leitora, não lia além dos textos da escola. Meus pais não tinham condições de incentivar o hábito, já que também não foram estimulados a ler nem dispunham de recursos financeiros para investir em livros. Uma das minhas atividades preferidas era assistir às novelas mexicanas. Sonhava em ser autora de telenovelas”.
“Ao me mudar para o Distrito Federal, com 11 anos, no início, não me sentia em casa. De alguma forma, essa mudança impactou a minha paixão pela escrita. Eu não escrevia, embora criasse histórias em pensamento, que me ajudavam a dormir e a fugir da realidade”, relembrou.
A rotina de estudos e, anos depois, de trabalho a afastaram da atividade. Mas em 2012, Eriane decidiu redigir contos aos alunos da educação infantil.
“No ano seguinte, durante as férias, relaxei e resolvi ler por interesse próprio, como jamais tinha feito antes. Com o hábito da leitura, recuperei a escritora que vivia na Eriane criança. Desde então, a escrita se tornou uma necessidade. Por meio das palavras que registro no papel, expresso o que é difícil dizer com a minha voz, exponho os meus sentimentos”, afirmou.
O livro “Um Ipê de Cada Cor” foi o segundo a ser publicado, em 2020. Nesse ano, a escritora também foi selecionada em primeiro lugar na categoria Literatura Infantil do concurso Novos Autores – Prêmio Cidade de Teresina, promovido pela Fundação Municipal de Cultura Monsenhor Chaves (FMC), pelo texto “História de Pescador” (2020).
Imagem: Reprodução/Redes Sociais Escritora se inspira em Cajueiro-Rei, no litoral do Piauí, para escrever livro infantil: "apelo pela conservação"
“Um livro não se faz da noite para o dia. O texto deve ser lapidado, aperfeiçoado, reescrito quantas vezes forem necessárias. Minhas histórias, em geral, surgem de objetos, cenas e seres que observo no meu cotidiano ou entorno. Também tenho empregado a minha produção literária para exaltar as minhas origens, falar da minha aldeia, da terra onde vivo e da terra onde estão as minhas raízes”, completou.
Cajueiro-Rei, no litoral do Piauí
O Cajueiro-Rei, localizado no município de Cajueiro da Praia, litoral do Piauí, disputa o título de maior cajueiro do mundo pelo Guinness World Records. O pedido de reconhecimento foi aceito em dezembro de 2021. Desde 1994, o rótulo pertence a um cajueiro localizado em Pirangi do Norte, uma praia no município de Parnamirim, no estado do Rio Grande do Norte, que possui 8.500 metros quadrados.
Imagem: Divulgação/Prefeitura de Cajueiro da Praia Cajueiro-Rei, no litoral do Piauí, disputa título de maior do mundo pelo Guinness World Records.
Em março deste ano, um levantamento realizado pela Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) utilizaram o Sistema de Informações Geográficas (SIG) e imagens de satélite para constatar que o Cajueiro-Rei é realmente o maior. Ele tem 8.834 metros quadrados.
“O município de Cajueiro da Praia vem cumprindo todas as etapas impostas pelo Guinness na tentativa de eleger o Maior Cajueiro do Mundo. Já haviam publicações de estudos realizados por professores da Uespi, IFPI, Universidade Federal do Piauí e Universidade Estadual de Campinas que apontavam o nosso cajueiro como o maior. Este novo levantamento só veio confirmar as pesquisas anteriores”, declarou o prefeito de Cajueiro da Praia, Felipe Ribeiro.
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