Chico César lança outra pedrada em ritmo de reggae no álbum "Vestido de amor"
15/09/2022 15h00Fonte G1
Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarChico César lança outra pedrada em ritmo de reggae no álbum "Vestido de amor"
Embora seja álbum de menor fluência na discografia de Chico César, O amor é um ato revolucionário (2019) trouxe músicas relevantes no repertório autoral, casos da canção History (2019) e do reggae Pedrada (2019). Neste reggae, apresentado no disco em gravação feita com produção musical de BiD, o artista paraibano encarnou um Bob Marley (1945 – 1981) do sertão nordestino para vociferar contra os “cães danados do fascismo” que chocaram “o ovo da serpente”.
Terceiro single do ainda inédito álbum Vestido de amor, Bolsominions se afina com Pedrada pela temática explicitamente política e por evoluir (inicialmente) no ritmo do reggae.
Embora oficialmente inédita em disco até ser lançada hoje, 15 de setembro, na sequência dos singles Vestido de amor e Amorinha, a música Bolsominions foi apresentada por Chico César em agosto de 2020 em transmissão ao vivo na internet.
Na ocasião, a letra gerou protestos da comunidade evangélica e de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro por conta de versos como “Bolsominions são demônios / Que saíram do inferninho / Direto pro culto / Pra brincar de amigo oculto / Com satã num condomínio”.
Com a palavra, o autor da letra e da música: “Bolsominions é música em defesa da fé cristã e faz crítica a um grupo político de inspiração fascista que sequestrou de modo bastante hipócrita parte significativa das igrejas e o rebanho que professa essa fé. É um reggae quase punk de protesto, ao modo de Peter Tosh ou The Clash. Os verdadeiros religiosos sabem que a crítica não se dirige a eles, mas, sim, aos vendilhões do templo, gente que cultua o deus dinheiro, as armas, a terra plana, a negação da ciência, a misoginia, o racismo e a perseguição à diversidade sexual”, ressalta Chico César.
Com seis minutos e meio, a gravação de Bolsominions feita para o álbum Vestido de amor – programado para 23 de setembro – resulta em outra pedrada de Chico César, inclusive do ponto de vista puramente musical.
A cama sonora armada por Chico César (guitarra, violão e voz), Isabel Gonzalez (vocal), Jean-Baptiste Soulard (guitarra), Jean Lamoot (programações), Natalino Neto (baixo), Sekou Kouyaté (kora), Valéria Belinga (vocal) e Zé Luiz Nascimento (percussão e bateria) se assenta longe dos clichês do reggae.
Até porque, quando se aproxima do terceiro minuto, a gravação se distancia da cadência do gênero musical jamaicano – na qual vinha evoluindo até então, pontuada por toques ferinos das guitarras de Jean-Baptiste Soulard e do próprio Chico César – para desaguar em longa passagem instrumental que se desenvolve até o fim do fonograma.
É quando fica evidente o pan-africanismo almejado por Chico César ao gravar o álbum Vestido de amor na França com produção musical e mixagem do franco-belga Jean Lamoot – e com a reunião de músicos africanos, brasileiros e franceses.
No reggae Bolsominions, Chico César fala do quintal do artista, o Brasil tão desigual e injusto, mas com os olhos e ouvidos abertos para os sons do mundo.
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