Chico Pinheiro merece indicação ao Grammy 2021, mas Bebel Gilberto concorre com pior álbum da carrei

24/11/2020 18h38


Fonte g1

Imagem: DivulgaçãoOs nomes de Chico Pinheiro e Bebel Gilberto na lista de indicados ao Grammy 2021 ? revelada nesta terça-feira, 24 de novembro ? soam naturais porque ambos são artistas brasileiros(Imagem:Divulgação)
 Os nomes de Chico Pinheiro e Bebel Gilberto na lista de indicados ao Grammy 2021 – revelada nesta terça-feira, 24 de novembro – soam naturais porque ambos são artistas brasileiros com visibilidade em nichos específicos do mercado musical norte-americano. Mas isso não significa que ambas as nomeações sejam justas.

Compositor e excepcional violonista e guitarrista paulistano, Chico Pinheiro faz jus à indicação do álbum City of dreams (2020) na categoria Álbum de jazz latino. Lançado em julho, o disco City of dreams confirmou o talento do artista. Trata-se de disco de jazz, mas com nítidas influências de música brasileira que justificam o enquadramento no rótulo latino.

Gravado por Pinheiro com Bruno Migotto (baixo), Chris Potter (saxofones), Edu Ribeiro (bateria) e Tiago Costa (piano), o álbum reverberou ecos das obras de Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994) e Dori Caymmi no repertório autoral. Tais credenciais tornam City of dreams um dos favoritos na categoria Álbum de Jazz Latino.

Já a indicação de Bebel Gilberto na categoria Álbum de música global com o disco Agora (2020) soa surpreendente.

“Música global”, cabe ressaltar, é o rótulo escolhido para substituir o termo “world music” sem tornar a categoria menos genérica e apta a abrigar qualquer artista que faça som diferente do padrão pop norte-americano ou inglês.

Qualquer quer seja o rótulo, Agora – álbum de textura eletrônica lançado por Bebel em agosto, por gravadora Belga, com produção musical assinada pelo pianista norte-americano Thomas Bartlett, parceiro da artista na composição do insosso repertório autoral – é o título mais anêmico da discografia irregular da cantora de origem norte-americana e criação brasileira.

Talvez tenha pesado na indicação o fato de ser o primeiro álbum de Bebel desde a morte do pai, o mito João Gilberto (1931 – 2019), nome forte no mundo todo. Até porque quase todas as entrevistas promocionais do disco versaram sobre as perdas recentes da artista, sobretudo a de João.

Seja como for, a indicação de Bebel é surpreendente em categoria em que o Brasil sempre concorreu (e por vezes venceu) com álbuns de gigantes da MPB como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Milton Nascimento.

A vitória de Bebel Gilberto com Agora parece improvável. Mas aí vale o clichê: como o álbum Agora é ruim, a indicação por si só já é vitória para disco que tendia a cair em justo esquecimento.


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Tópicos: jazz, latino, dreams