Claudya inventaria glórias e lamentos em depoimento para livro memorialista
17/09/2020 18h55Fonte G1
Imagem: Reprodução
“Minha carreira foi assim: um corte aqui, um corte ali, um corte lá. Fui cortada de todas as formas e só sobrevivi por causa da minha teimosia. (...) Gosto de ser livre para cantar aquilo que tenho vontade. A música, para mim, é mais importante do que qualquer movimento”.Exposta na página 72 do livro Claudya – O que não me canso de lembrar, título inaugural da série memorialista A música de – História pública da música do Brasil, essa visão de Claudya dá a pista e o tom da sucinta autobiografia dessa cantora e compositora nascida Maria das Graças Rallo em 10 de maio de 1948 no Rio de Janeiro (RJ), cidade onde viveu até os nove anos, antes de ir morar com a família em Juiz de Fora (MG).
Neste livro-depoimento, escrito na primeira pessoa e formatado com pesquisa e edição de Daniel Saraiva e Ricardo Santhiago, Claudya inventaria glórias e lamentos. Para quem não liga o nome ao som, Claudya – que assinava Cláudia nos discos até meados da década de 1980 – é grande cantora revelada nos anos 1960.
Dona de voz extremamente afinada e valorizada pela sagaz musicalidade da artista, a artista viveu um primeiro momento de auge artístico de 1971 a 1973, período em que lançou três bons álbuns pela gravadora Odeon, com destaque para o terceiro Deixa eu dizer (1973), disco do qual Marcelo D2 sampleou a faixa-título na gravação da música Desabafo (2008), ação que fez Claudya ser descoberta por público jovem.
Contudo, o instante de maior consagração de Claudya aconteceu no teatro, como protagonista do musical Evita (1983). A intérprete – que já substituíra Nara Leão (1942 – 1989) há 16 anos no elenco da peça Liberdade, liberdade (1967), dividindo o palco com o ator Paulo Autran – foi escolhida para dar voz e corpo à líder política argentina Eva Perón (1919 – 1952).
O musical se tornou um dos maiores sucessos do teatro brasileiro dos anos 1980 sem que esse êxito tenha alavancado a carreira fonográfica de Claudya, desde então desenvolvida em selos de menor porte e alcance. A ponto de álbum gravado pela cantora em 1989 sequer ter sido lançado comercialmente.
“Considero que isso é uma espécie de boicote a artistas da minha categoria – e a minha carreira foi pontuada por esse tipo de boicote”, acusa a artista na página 86 do livro, em outro exemplo de que como o depoimento de Claudya oscila entre o orgulho dos feitos e a queixa dos boicotes que a teriam prejudicado.
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