Curta "Deixa ela tocar" foca o virtuosismo nem sempre reconhecido das mulheres instrumentistas
22/09/2022 14h19Fonte G1
Imagem: ReproduçãoClique para ampliarAs percussionistas Larissa Umaytá (à esquerda) e Lisa Carvalho são personagens do curta "Deixa ela tocar", de Carol Crispim
“No Maranhão, só os homens podiam tocar pandeiro. [...] Eu lembro que, criança, eu ficava ali, na fogueira, querendo tocar. E aí os homens, que eram bem mais velhos na época, olhavam para mim e falavam assim: menina não toca. menina dança ”.
O depoimento da percussionista Larissa Umaytá dá o tom engajado, por vezes de denúncia, que pauta o roteiro de Deixa ela tocar, curta-metragem de Carol Crispim que descortina bastidores machistas do meio musical, revelando o preconceito sofrido por mulheres instrumentistas em sociedade ainda extremamente patriarcal, como ressalta a violonista Carol Penesi, uma das instrumentistas entrevistadas para o filme roteirizado e dirigido por Crispim, integrante do departamento de A&R da União Brasileira de Compositores (UBC).
“Deixa ela é tocar é um filme sobre existir e resistir como mulher instrumentista no mercado da música”, conceitua Carol Crispim, que idealizou o curta de sete minutos e meio com base em relatório divulgado em março pela UBC com a informação de que somente 7% do mercado de músicos acompanhantes são ocupados por mulheres musicistas.
Instrumentistas como a percussionista Lisa Carvalho, a pianista Maíra Freitas e a baixista Marfa Kourakina corroboram com depoimentos no filme que a discriminação ainda existe e que o discurso de igualdade e poder feminino ainda precisa ser posto efetivamente em prática quando se trata de admitir mulheres na banda. “Eu tenho que provar que sou boa, que sei tocar”, revela Maíra.
Com estreia programada para às 18h30m de hoje, 22 de setembro, em sessão gratuita no Memorial Municipal Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro (RJ), o curta também estará disponível nos canais da UBC no Instagram e no YouTube.
Em que pese o pioneirismo da pianista e maestrina carioca Chiquinha Gonzaga (1847 – 1935), saudada no filme ao lado de outras desbravadoras como a violonista Rosinha de Valença (1941 – 2004), o curta-metragem de Carol Crispim toca em assunto pertinente porque há muito território a ser conquistado por mulheres que se destacam na arte de manusear um instrumento com virtuosismo e sensibilidade.
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