David Corrêa, criador de maravilhas no quesito samba-enredo, ´vira constelação´

11/05/2020 14h55


Fonte G1

 O perdão é concedido porque é justo poetizar a morte de David Corrêa, cantor e inspirado compositor fluminense que deixa grande legado como criador de sambas-enredo ao sair de cena a menos de um mês de festejar 83 anos de vida, vítima de complicações decorrentes de infecção pelo covid-19.

Poesia foi quesito fundamental na criação do cancioneiro carnavalesco de David Corrêa, campeão do gênero, merecedor de várias notas dez pelos sambas que compôs para a Portela nas décadas de 1970 e 1980.

A expressão ´´foi morar no infinito e virou constelação´´usada no início deste texto, por exemplo, é reprodução de verso do primeiro samba-enredo de David – Macunaíma, herói de nossa gente (Portela, Carnaval de 1975), criado com Norival Reis – que extrapolou a avenida, permanecendo na boca do povo após a folia, inclusive pelo fato de ter sido gravado por Clara Nunes (1942 – 1983) – cantora associada ao samba e mais especificamente à escola de samba Portela – e até por Angela Maria (1929 – 2018).


Macunaíma marcou época. Hoje tem marmelada (David Corrêa, Norival Reis e Jorge Macedo, Portela, Carnaval de 1980) também. No entanto, é outro samba-enredo da agremiação azul e branca, Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite (Portela, Carnaval de 1981), que mais bem exemplifica a maestria de David Corrêa na arte de criar obras-primas do gênero – no caso, em parceria com Jorge Macedo.

Mesmo quem não é carioca ou ligado em Carnaval, se embeveceu com a arte de David Corrêa nesse samba se é seguidor de Maria Bethânia. É que o samba-enredo Das maravilhas do mar, fez-se o esplendor de uma noite foi revivido pela cantora no álbum Mar de Sophia (2006) em abordagem que reverberou no bis do show Dentro do mar tem rio (2006 / 2007), eternizado em álbum ao vivo e em DVD.