Declaração do forró como patrimônio cultural e imaterial do Brasil legitima a diversidade musical
10/12/2021 11h46Fonte G1
Imagem: Reprodução
ANÁLISE – A declaração do forró como patrimônio cultural e imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) fez justiça na quinta-feira, 9 de dezembro de 2021, a um universo musical tão importante quanto o samba para a construção da identidade sonora do Brasil.Por visão etnocêntrica carioca, o samba sempre foi apresentado como o “ritmo nacional” porque a cidade do Rio de Janeiro (RJ) é percebida como a capital cultural do Brasil.
É assim que o mundo vê a música do Brasil, embora a recente visibilidade planetária do funk esteja reconstruindo essa identidade musical criada nos anos 1940 – com a ascensão nos Estados Unidos da cantora Carmen Miranda (1909 – 1955), voz do samba que acabou propagando a rumba no mercado norte-americano – e alicerçada com a explosão da Bossa Nova nos EUA a partir de 1962.
Só que, dentro das fronteiras do Brasil, o forró sempre foi tão importante quanto o samba. Com a diferença de que, a rigor, forró nunca foi um gênero musical como o samba. Forró é rótulo genérico que designa diversos gêneros musicais nordestinos, como baião, xaxado, xote e quadrilha – ritmos recorrentes na obra de Luiz Gonzaga (1912 – 1989), grande pilar da música da nação nordestina.
Forró também pode ser o coco ou o rojão cantado por Jackson do Pandeiro (1919 – 1982), rei do ritmo, também dono de obra referencial na música do nordeste do Brasil.
Contudo, forró é festa regada a alegria, dança e sensualidade em que se canta e toca até samba. Sacramentada dez anos após ter sido apresentada em 2011 pela Associação Balaio do Nordeste e pelo Fórum Forró de Raiz da Paraíba, com apoio de mais de 400 artistas que se manifestaram através de abaixo-assinado, a declaração do forró como patrimônio cultural e imaterial do Brasil faz jus à diversidade cultural desse país de dimensão continental.
A música do Brasil precisa ser compreendida a partir dessa imensa riqueza e variedade. Artistas nordestinos não são artistas “regionais”. São artistas do Brasil, porque o forró – tanto a música quanto a festa – anima todo o país e é e sempre foi de fato e de direito um patrimônio nacional.
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