Discos de João Gilberto devem ficar com quem possa reeditá-los com zelo e urgência

09/03/2022 11h30


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoANÁLISE ? É inegável que a gravadora EMI Music ? encampada pela Universal Music em 2013 ? tratou com desleixo a discografia fundamental de João Gilberto Prado Pereira de Oliveira ((Imagem:Reprodução)
 ANÁLISE – É inegável que a gravadora EMI Music – encampada pela Universal Music em 2013 – tratou com desleixo a discografia fundamental de João Gilberto Prado Pereira de Oliveira (10 de junho de 1931 – 6 de julho de 2019), o gênio modernizador da música brasileira que, em 1958, fez a revolução com silêncios e sons.

A edição sem critério da coletânea O mito – lançada em 1988 com a reunião de faixas dos álbuns Chega de saudade (Odeon, 1959), O amor, o sorriso e a flor (Odeon, 1960) e João Gilberto (Odeon, 1961) – gerou justa revolta no cantor, compositor e violonista baiano e deu início em 1992 a uma guerra judicial do artista contra a gravadora.

Ontem, 8 de março de 2022, 30 anos após o início da guerra, a batalha jurídica teve novo round com a decisão de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) de manter a posse das masters dos álbuns com a gravadora.

Ainda cabe recurso, mas, com a morte de João, a decisão do STJ se revela controvertida porque esse tripé fundamental da discografia brasileira precisa voltar ao catálogo de forma oficial em edições produzidas com esmero. Como por ora a gravadora está sem autorização comercial para relançar os discos, qual o sentido de deixar as masters com a companhia fonográfica se os discos não poderão voltar ao mercado fonográfico?

Se as matrizes dos três álbuns retornarem ao espólio de João Gilberto, como reivindicam os herdeiros do artista, o caminho para reeditar os três álbuns pode ser encurtado se esses herdeiros entrarem em acordo e negociarem as reedições dos álbuns em LP – ou mesmo em CD, formato no qual os três discos permanecem inéditos – com qualquer outra gravadora ou mesmo de forma independente.

Enfim, o fato é que esses três discos fundamentais de João Gilberto devem ficar com quem possa reeditá-los com zelo e urgência, pois é inadmissível que o mundo da música ainda esteja sem reedições oficiais de álbuns que mudaram o curso da história.

O lugar dos discos de João Gilberto precisa ser o lugar em que eles estejam ao alcance imediato do público.


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