Fran e Chico Chico se unem para tentar ir além das genealogias no disco

17/12/2020 17h50


Fonte G1

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Todas as referências da mídia ao recém-lançado disco que une Fran e Chico Chico ? Onde?, nos players digitais desde sexta-feira, 11 de dezembro, em edição do selo Blacktape ? dest(Imagem:Reprodução)
Todas as referências da mídia ao recém-lançado disco que une Fran e Chico Chico – Onde?, nos players digitais desde sexta-feira, 11 de dezembro, em edição do selo Blacktape – destacam a genealogia dos artistas cariocas.

Ainda pouco conhecido, mas já com bom álbum solo no currículo (Raiz, lançado em janeiro deste ano de 2020) e um sucesso na web, Várias queixas (Germano Meneghel, Afro Jhow e Narcizinho, 2012), como integrante do trio Gilsons, Fran é o nome artístico de Francisco Gil, neto de Gilberto Gil e filho de Preta Gil.

Chico Chico é Francisco Ribeiro Eller, cantor, compositor e músico que, a despeito de já estar em cena há cerca de dez anos, ainda costuma ser apresentado como o filho de Cássia Eller (1962 – 2001), talvez por ainda não ter assinatura artística bem delineada no universo pop brasileiro.

Disco situado na tênue fronteira entre EP e álbum, Onde? totaliza sete faixas em repertório que apresenta sensível composição inédita – Ninguém, primeira parceria dos artistas, canção criada na véspera da entrada dos cantores em estúdio – entre seis regravações de músicas dos compositores Edson Gomes, Gilberto Gil, Itamar Assumpção (1949 – 2003), Luiz Melodia (1951 – 2017) e Sérgio Sampaio (1947 – 1994).


Não fosse pela arriscada opção por dar vozes a duas músicas de Itamar Assumpção, compositor cuja obra de sintaxe vanguardista exige maturidade dos intérpretes que se aventuram a abordar o cancioneiro do Nego Dito, o disco Onde? soaria mais coeso.

As regravações de Isso não vai ficar assim (1986) – tendendo para o balanço do reggae – e Nega música (1980) resultam pálidas no confronto com as luminosas investidas nos cancioneiros de Edson Gomes e Sérgio Sampaio, não por acaso alocadas no início do disco.

De Gomes, referencial compositor do reggae produzido na Bahia fora do universo da axé music, Fran e Chico Chico regam Árvore (1991) com levadas afro-baianas que incluem o toque do ijexá, ritmo que brota da mesma raiz negra geradora do reggae.

Árvore soa simbólica nas vozes de Fran e Chico Chico – que contabilizam 25 e 27 anos, respectivamente – porque a letra de Gomes fala em raízes e, nas vozes dos cantores, alude aos respectivos DNAs dos artistas.

Árvore é dos reggaes mais conhecidos e regravados do cancioneiro de Edson Gomes. Já Dona Maria de Lourdes é a grande sacada do repertório do disco Onde? por ser canção esquecida na obra de Sérgio Sampaio.

Foi lançada em 1973 no primeiro álbum do artista, Eu quero é botar meu bloco na rua, e até então nunca regravada. Dona Maria de Lourdes versa sobre angústias e medos na letra ainda atual, cantada por Fran e Chico Chico com arranjo expressivo.

Veleiro azul (Luiz Melodia e Rúbia Mattos, 1976) navega com menos cor no disco porque, como a obra de Itamar, o cancioneiro de Luiz Melodia tem quebradas próprias.

No fim do disco, Fran e Chico Chico seguem Procissão (Gilberto Gil e Edy Star, 1965) em gravação conduzida por violões sem centelha de originalidade.

E assim, entre gravações mais ou menos sedutoras, os dois Franciscos tentam pavimentar os próprios caminhos, ainda associados às famosas ascendências.


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