Fui obrigada a rezar para tirar o demônio: o duro relato de transexual submetida à cura gay
20/04/2022 11h10Fonte G1
Imagem: Reprodução
"Meus pais me levaram a uma igreja católica, onde passei por exorcismos que duraram horas e no final me perguntaram se eu ainda era gay".É assim que Danne Aro Belmont relembra sua experiência traumática na "terapia de conversão gay", o processo pelo qual passou para tentar mudar sua orientação sexual ou identidade de gênero.
"Jogaram cinzas em mim e me disseram que meu espírito estava marcado e precisava ser limpo", diz a colombiana, hoje com 29 anos.
Danne afirma que seus pais a "tiraram do armário" aos 11 anos quando ela sequer sabia o que significava ser gay e era conhecida pelo nome masculino que recebeu ao nascer.
"Eu só sabia que gostava de outros garotos e que queria coisas diferentes daquelas que meus irmãos queriam", diz em entrevista à BBC Mundo (serviço em espanhol da BBC).
"Eles ouviram uma conversa que eu tive com um amigo, nos interromperam e logo começaram a fazer muitas perguntas", completa.
Ao confirmar que o filho era homossexual, os pais de Danne começaram uma busca por informações sobre o tema e consultaram vários especialistas.
"Diziam para eles que a minha carga hormonal estava muito baixa e me fizeram tomar pílulas para aumentar meu nível de testosterona, ou diziam que era assim porque a minha mãe me mimava muito ou que talvez tivessem me estuprado, embora isso nunca tenha acontecido", diz.
Após descartar diversas hipóteses, os pais dela aplicaram uma série de "processos de correção sexual" por meio da religião e da espiritualidade.
Uma psicóloga cristã foi a responsável por fornecer as informações iniciais sobre o tema aos pais de Danne.
Eles não entendiam muito bem em que consistiam os tratamentos, mas aceitaram a "ajuda" e foi aí que começou o martírio de Danne, que tinha 16 anos na época.
Ela é uma das muitas pessoas da comunidade LGBTQIA+ que foram forçadas a participar da chamada terapia de conversão, que ainda é realizada em muitos países, inclusive naqueles onde foi proibida.
No Brasil, há proibições dessa prática quando é relacionada à psicologia. A "cura gay", como é conhecida por aqui, é proibida pelo Conselho Federal de Psicologia desde 1999. Em 2020, o Supremo Tribunal de Justiça (STF) suspendeu uma decisão judicial que abria brecha para permitir que psicólogos praticassem esse tipo de intervenção.
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