Guimarães Rosa: 4 livros essenciais para conhecer a obra do autor

16/01/2020 10h17


Fonte Revista Galileu

João Guimarães Rosa foi um homem de muitos talentos, embora seja consagrado por seu trabalho na literatura. Nascido em 1908 em Cordisburgo, cidade no interior de Minas Gerais que tem hoje cerca de 9 mil habitantes, desde pequeno ele se interessou pelo estudo das línguas. Falava e lia pouco mais de uma dezena (entre elas, esperanto e russo) e estudou a gramática de outras quantas, inclusive o tupi.

Formou-se médico e chegou a exercer a profissão, mas pouco depois virou diplomata e se tornou cônsul em Hamburgo, na Alemanha. Em meio a isso tudo, publicava contos e poesias, quase todos ambientados no sertão brasileiro e cheios de neologismos — Guimarães Rosa ficou conhecido por criar e recriar palavras. Em agosto de 1963, ele foi eleito para ocupar uma cadeira na Academia Brasileira de Letras.

Confira a seguir 4 obras essenciais para conhecer o escritor:

"Sagarana"

A carreira de escritor de Guimarães Rosa começou com a publicação de contos em revistas, e em 1936 ele chegou a escrever um livro de poesias, “Magma”, que venceu um concurso da Academia Brasileira de Letras. Entretanto, o próprio autor o considerava “algo menor”. A primeira publicação que não foi renegada posteriormente por ele foi “Sagarana”, de 1946.

A coletânea de contos chamou atenção na época pela linguagem inovadora e ajudou a colocar o regionalismo novamente em pauta, mas abordando questões existenciais universais. O nome Sagarana é um neologismo criado por Guimarães Rosa, com a junção das palavras “saga” e “rana”, que vem do tupi e quer dizer “semelhante a”. O significado da nova palavra seria “próximo a uma saga”.

"Grande Sertão: Veredas"

Único romance escrito por Guimarães Rosa, é um dos mais importantes da literatura brasileira e foi traduzido para muitas línguas. Foi fruto de uma viagem de 240 quilômetros pelo sertão mineiro feita pelo autor, que conduziu uma boiada por 10 dias. No período, ele anotou expressões, casos e histórias, já com o objetivo de recriar o sertão de uma maneira literária.

Publicado em 1956, o livro é repleto de experimentos linguísticos e referências regionalistas. Na história, o personagem principal, Riobaldo, um ex-jagunço, relembra suas lutas, seus medos e o amor reprimido por Diadorim.

"Corpo de Baile"

No mesmo ano da publicação de "Grande Sertão: Veredas", Guimarães Rosa também lançou "Corpo de Baile", um conjunto de sete novelas dividido em dois volumes. Anos mais tarde, foi dividido em três livros menores. Mas os personagens transitam entre as histórias dos três volumes, que retratam as condições transitórias de vaqueiros e trabalhadores no sertão, em busca de um novo lugar geográfico e social onde encontrem sentido para suas vidas.

"Primeiras Estórias"

Outro livro de contos, esse foi publicado em 1962, poucos anos antes da morte do autor (ele teve um infarto no Rio de Janeiro em novembro de 1967). As 21 histórias narram casos do sertão, em episódios aparentemente banais, mas que no fundo tratam dos mistérios da vida humana.

Tópicos: contos, autor, brasileira