Jamelão, enredo da Mangueira, é voz imortal do Carnaval e também dos amargurados sambas-canção

23/04/2022 13h29


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoJamelão, enredo da Mangueira, é voz imortal do Carnaval e também dos amargurados sambas-canção(Imagem:Reprodução)Jamelão, enredo da Mangueira, é voz imortal do Carnaval e também dos amargurados sambas-canção

Enredo da Estação Primeira de Mangueira no Carnaval de 2022, José Bispo Clementino dos Santos (12 de maio de 1913 – 14 de junho de 2008), o Jamelão, ganha homenagem da agremiação verde-e-rosa no desfile orquestrado pelo carnavalesco Leandro Vieira e programado para o fim da noite desta sexta-feira, 22 de abril.

Nascido e criado no subúrbio carioca, Jamelão é o José do título do samba-enredo Angenor, José e Laurindo (Moacyr Luz, Leandro Almeida, Pedro Terra e Bruno Souza). Além de exaltar Jamelão, o enredo celebra as vidas e obras de Cartola (1908 – 1980) e Hélio Laurindo da Silva (1921 – 2012), o ritmista, diretor de bateria e mestre-sala conhecido como Delegado.

São três justas homenagens que, no caso de Jamelão, é prestada até um pouco tarde, já que o cantor – celebrado como o maior “puxador” (qualificação ao qual tinha ojeriza) de samba da escola – é nome indissociável de Mangueira, escola na qual ingressou na bateria como ritmista hábil no toque do tamborim.

Tendo atuado como intérprete na agremiação de 1949 a 2006, Jamelão está imortalizado como uma das maiores vozes do Carnaval. E, no caso dele, tamanho era documento. A voz de tenor tinha alcance até então inimaginável em desfiles. Era capaz de se fazer ouvir sobre todos os sons naturalmente provocados por uma escola na avenida, inclusive sobre o toque da bateria.

Contudo, Jamelão também reinou fora do Carnaval, nos salões e nas boates. Tanto que o título do terceiro dos 25 álbuns lançados pelo artista entre 1957 e 2002 é O samba é bom assim – A boite e o morro na voz de Jamelão, disco de 1960.

Essa discografia se equilibrou entre o samba-enredo e o samba-canção, dois estilos do mesmo gênero, mas de ambiências distintas. Crooner da Orquestra Tabajara, Jamelão também se notabilizou pelo canto dos doídos sambas-canção, tendo sido um dos principais difusores do cancioneiro amargurado de Lupicínio Rodrigues (1914 – 1974). Nessa seara, vale ouvir o álbum Recantando mágoas – Lupi, a dor e eu, lançado em 1987.

Também compositor, Jamelão é o parceiro de Budu da Portela em Esta melodia (1959), belo samba de terreiro revivido por Marisa Monte em 1994.

Artista que se tornou lendário pelo risível mau-humor, Jamelão é voz imortal que merece a exaltação da Mangueira no Carnaval de 2022.

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