Leila Pinheiro completa 40 anos de carreira entre a coragem e a resignação
01/11/2020 10h10Fonte G1
Imagem: Reprodução
Em 31 de outubro de 1980, Leila Pinheiro se apresentou pela primeira vez como cantora profissional. Ao subir ao palco do Theatro da Paz, na cidade natal de Belém (PA), para fazer o show poeticamente intitulado Sinal de partida, a artista paraense deu voz a repertório composto essencialmente por músicas lançadas ao longo da década de 1970 por compositores associados ao gênero rotulado como MPB.E assim se passaram (exatos) 40 anos. Para celebrar a data, a cantora faz retrospecto da carreira vitoriosa na live deste sábado, 31 de outubro de 2020, com direito à reprodução de trecho do show inicial Sinal de partida.
Sempre fiel aos compositores e à estética da MPB, Leila Pinheiro completa quatro décadas de trajetória profissional pavimentada entre a coragem de desafiar os protocolos da indústria do disco e a resignação, necessária nos momentos em que se viu obrigada à cumprir as leis cada vez mais tacanhas de mercado fonográfico regido por diretores de marketing e vendas.
A coragem está perpetuada em álbuns arrojados como Outras caras (1991) – disco que quebrou expectativas comerciais alimentadas pelo bem-sucedido projeto fonográfico anterior produzido por Roberto Menescal para o Japão em 1989 com sucessos da Bossa Nova – e Na ponta da língua (1998). Para não falar de Catavento e girassol (1996), antológico songbook com músicas de Guinga e Aldir Blanc (1946 – 2020) que ampliou a visibilidade da obra dos compositores.
A resignação está impressa nos sulcos de discos mais acomodados, sem a verdadeira cara de Leila, como Coisas do Brasil (1993) e sobretudo a burocrática sequência Mais coisas do Brasil (2001), ambos feitos para atender exigências industriais e sobreviver em mercado predador.
Contudo, o saldo é mais do que positivo. Leila Pinheiro sempre manteve o bom gosto na seleção do repertório. Se a cantora errou, e houve naturalmente alguns erros em 40 anos de carreira, foi na aliança com produtores musicais e arranjadores que nem sempre fizeram jus à sofisticação do canto de Leila.
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