Manuela Rodrigues dá "Grito" em EP que a repõe em movimento na música após paralisia facial

09/04/2022 11h27


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarManuela Rodrigues(Imagem:Divulgação)Manuela Rodrigues

Certo dia, Manuela Rodrigues se percebeu sem movimento em parte do rosto e sem poder fechar os olhos – paralisia que a impediu momentaneamente de cantar. Vítima da Paralisia de Bell, a cantora e compositora baiana superou o problema, mas pôs e eternizou no papel a sensação de se ver sem parte do movimento facial.

É disso que fala a música-título do EP Grito, quarto título da discografia dessa artista que debutou no mercado fonográfico há 19 anos com o álbum Rotas (2003), ao qual se seguiram dois expressivos discos, Uma outra qualquer por aí (2011) e Se a canção mudasse tudo (2016).

"Se a parada paralisa / E pausa... / Pensa... / Passa, paciência, impotência tensa / Pede trégua a vida", canta a artista, jogando com as palavras e rimas na música que intitula e abre Grito, EP gravado com produção musical orquestrada pela própria Manuela Rodrigues e posto no mundo nesta sexta-feira, 8 de abril, com distribuição da Tratore e com capa e encarte criados por Don Guto a partir de fotos de Sara Regis.

Com cinco músicas autorais, o disco Grito repõe a artista em movimento na música. A começar pelo fato de que, na gravação das cinco composições do EP, a cantora e compositora se apresenta como instrumentista, tocando o piano de todas as faixas em interação com os músicos Alexandre Vieira (baixo) e Marcos Santos (bateria).

O trio assina os arranjos do disco, mas fora da pauta habitualmente seguida por formações de piano, baixo e bateria. Os arranjos preparam a cama para a cantora dar voz às letras fortes de músicas compostas em 2018.

Nessa safra autoral, Manuela Rodrigues exorciza fantasmas em Pra afugentar o medo, encara o semelhante em Olhe para a cara das pessoas e despista amantes voláteis em Siga na pista. Completa o disco um registro de voz e piano da Marcha do renascimento (2016), música do álbum anterior Se a canção mudasse tudo.

“Máscara e medo no fundo é normal / Cresce e que o mundo não te faça mal / Chora esse choro profundo / E desperta no peito o seu carnaval / ... / Tem vida corrente querendo passar”, canta Manuela Rodrigues, dando voz a versos que adquiriram sentido adicional após a pandemia e após a paralisia facial que, afinal, impulsionou esse quarto movimento da artista no mundo do disco.

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