Morto aos 73 anos, Leno fica associado ao cancioneiro da dupla formada com Lilian na Jovem Guarda

09/12/2022 16h12


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarLeno fica associado ao cancioneiro da dupla formada com Lilian na Jovem Guarda(Imagem:Divulgação)Leno fica associado ao cancioneiro da dupla formada com Lilian na Jovem Guarda

Embora geralmente pautado por romantismo pueril, o cancioneiro da Jovem Guarda vem atravessando gerações e permanecendo na memória afetiva do Brasil. Não raro, a força desse cancioneiro ofuscou a produção musical pós-Jovem Guarda de artistas associados ao movimento pop comandado por Roberto Carlos com Erasmo Carlos (1941 – 2022) e Wanderléa entre 1965 e 1968.

Foi o que aconteceu com Gileno Osório Wanderley de Azevedo (25 de abril de 1949 – 8 de dezembro de 2022), o Leno, cantor, compositor e guitarrista potiguar que morreu ontem em Natal (RN), cidade em que nasceu há 73 anos, vítima de câncer.

Leno sai de cena ainda e para sempre associado à dupla que formou com Lilian Knapp, entre 1965 e 1967, no auge do reino encantado da Jovem Guarda.

Remontada na década de 1970, a dupla Leno & Lilian até tentou voltar às paradas entre 1972 e 1974, a reboque de gravações inéditas produzidas por Raul Seixas (1945 – 1989), mas o que ficou mesmo na memória foram os sucessos da fase inicial da Jovem Guarda.

Como integrante da dupla com Lilian, Leno lançou quatro álbuns, editados em 1966 e 1973. O primeiro, Leno & Lilian, saiu em 1966 com duas músicas que fizeram a fama da dupla, Devolva-me e Pobre menina.

Devolva-me é a canção tristonha composta por Lilian com Renato Barros (1943 – 2020) e revitalizada por Adriana Calcanhotto em gravação de 2000. Pobre menina é versão em português escrita por Leno a partir de Hang on sloopy (Bert Russell e Wes Farrell, 1965), sucesso do grupo norte-americano de rock The McCoys.

O segundo álbum da fase áurea da dupla Leno & Lilian, Não acredito, foi lançado em 1967 com várias versões em português de sucessos estrangeiros. Uma delas, Coisinha estúpida, é a versão de Leno para Something stupid (Clarence Carson Parks, 1966), hit mundial naquele ano de 1967 no dueto de Frank Sinatra (1915 – 1998) com a filha Nancy Sinatra.

Ao iniciar carreira solo em 1968, com o álbum intitulado Leno e gravado no mesmo estilo dos discos com Lilian, Leno jamais bisou o sucesso da dupla. Até porque o álbum mais ambicioso do artista, Vida e obra de Johnny McCartney, disco conceitual de rock, gravado entre novembro de 1970 e janeiro de 1971, foi censurado e, diante da situação, os executivos da gravadora CBS decidiram lançar somente um EP em 1971 com quatro faixas do álbum.

Disco que já sinalizou no título que Leno foi garoto que amou os Beatles mais do que os Rolling Stones, Vida e obra de Johnny McCartney chegou ao mundo na íntegra somente em 1995. Mas aí já era tarde para reposicionar Leno no universo pop brasileiro.

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