"Mosca" de Raul Seixas pousa no caldeirão fervente do primeiro single inédito da BaianaSystem com Tr
22/09/2022 14h28Fonte G1
Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarSeko Bass (à esquerda), Laudz, Roberto Barreto, Zegon e Russo Passapusso no estúdio na gravação do single "A mosca"
Nome referencial na história do rock da Bahia, Raul Seixas (1945 – 1989) conectou Elvis Presley (1935 – 1977) a Luiz Gonzaga (1912 – 1989) em antológico primeiro álbum solo, Krig-ha, Bandolo! (1973), que incorporou a batida do Candomblé na música Mosca na sopa (Raul Seixas, 1973).
Na letra de Raul, a sopa era a metáfora para o regime militar e a mosca personificava o próprio Raul, inoportuno aos ouvidos dos algozes da ditadura.
Decorridos 49 anos, o Brasil é um caldeirão fervente e a voz de Raul volta a pousar nesse sopão através do sample da gravação de 1973, utilizada pela banda BaianaSystem e pelo duo Tropkillaz em A mosca, single que anuncia hoje, 22 de setembro, o EP do projeto fonográfico intitulado Killasystem.
A potente usina sonora baiana já tinha se unido ao duo paulistano de música eletrônica formado pelos DJs e produtores Laudz e Zegon nos remixes das músicas Saci (Russo Passapusso, Roberto Barreto e Seko Bass, 2019) e Cabeça de papel (Russo Passapusso e Seko Bass, 2019).
Contudo, o single A mosca é a primeira música inédita resultante dessa “fusão sonora amplificada”, como o projeto Killazsystem é apresentado com propriedade, a julgar por esse virulento single inicial gravado na pressão por Seko Bass (programações, samples, beat, efeitos e baixo), Roberto Barreto (guitarra baiana), Tropkillaz (programações, efeitos e edição), Junix 11 (guitarra), João Meirelles (synth modular) e Ícaro Sá (percussão) com as vozes quentes de Russo Passapusso, do cantor angolano Dog Murras e do rapper baiano Vandal.
A fusão da banda com o duo se mostrou sem o peso esperado nos remixes. Desta vez, a mistura deu liga. Há no single A mosca um vigor incendiário, uma quentura que condiz com letra que cita nominalmente Glauber Rocha (1939 – 1981) e um dos filmes mais cultuados do cineasta baiano, Deus e o diabo na terra do sol (1964), e que inclui versos como “A mão que assina a sentença da desgraça / É pior que a bala que assassina a esperança / Nesse apartheid tudo vira arruaça / Pobre desgraça / Rico insegurança / Mosca insurgente / Gente demente / Viver urgente porque / A fome não mente / A dor intensifica quando a gente se exprime / Nossa revolta não tem bala que reprime”.
E o fato é que A mosca chega com força para incomodar o putrefato status quo com a união do batidão da BaianaSystem, as programações do Tropkillaz, o canto de Dog Murras e o rap indignado de Vandal. A mosca pousa com consciência, a tempo de evitar que esse sopão chamado Brasil apodreça de vez na terra do sol.
Confira as últimas notícias sobre Cultura: florianonews.com/cultura
Siga @florianonews e curta o FlorianoNews